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Análise: Mutant Mudds (3DS)

“Pixel”. Para alguns, o nome da menor representação gráfica de uma imagem. Para outros, algo que os visuais poligonais já esmagaram com o... (por Rafael Neves em 31/01/2012, via Nintendo Blast)

0435886001327589124“Pixel”. Para alguns, o nome da menor representação gráfica de uma imagem. Para outros, algo que os visuais poligonais já esmagaram com orgulho. Mas para os mais saudosistas, é uma verdadeira paixão! Mutant Mudds é mais um dos jogos obrigatórios do eShop, ainda mais se você compartilha da adoração pelo estilo retrô dos games. Com um nível de dificuldade que nos remete aos títulos para NES e uma música monofônica tocante, Mutant Mudds é uma obra-prima. E o melhor: mostra que games 2D também podem tirar proveito do efeito tridimensional do 3DS.

Fácil de jogar, difícil de detonar

Assim como Super Mario Sunshine (GC) e Fluidity (WiiWare), Mutant Mudds é mais um dos games que usa a água como conceito fundamental de gameplay. O composto é a munição da arma e do jetpack de Max, um valente herói que embarcará numa intricada jornada para dissolver todos os maléficos Mudds. A aventura o levará a cenários variados e repletos de inimigos, espinhos e outros obstáculos. Em uma tradicional mecânica de side-scrolling, você estará no comando do tal Max. Para fazê-lo saltar, atirar e ativar a propulsão do jetpack, apenas dois botões são necessários: B e Y, respectivamente (ou A e X). Movimentar o personagem é feito facilmente pelo Circle Pad, embora também seja perfeitamente possível usar o direcional digital. Controles simples e de resposta excelente são apenas os ingredientes para um jogo bem desafiador.

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Há um número razoável de fases em Mutant Mudds (40 no total), o que pode desagradar os que querem uma experiência longa, mas funciona bem para quem procura apenas diversão descompromissada. O mesmo se pode dizer das temáticas de cada estágio, elas repetem bastante, no entanto, cada uma delas é bela ao seu jeito. Em um momento você está em campos gramados, depois explora paisagens gélidas e até mesmo dimensões paralelas. Estas últimas são opcionais e acessíveis através de portas escondidas na fase: há a G-Zone (inspiradas na monocromática tela do Game Boy) e a V-Zone (referência ao visual preto e vermelho do Virtual Boy), cujas iniciais revelam as inspirações pelas duas antigas plataformas. Nestes momentos, o game se torna especialmente difícil. Não que o resto da fase já não seja desafiador: não há checkpoints e você tem pouquíssimos corações de vida.0717740001327874186

O estilo lembra bastante os primeiros games da série Megaman, tanto pelo nível de dificuldade alto quanto por mesclar desafios de plataforma (como espinhos e buracos) à ameaça de inimigos. Para evitar frustrações, as vidas são infinitas, o que não faz do jogo mais fácil.

As diferentes camadas

mutant-mudds-20110818114236658_640wPor não trazer nenhum power-up (apenas upgrades) ou algum elemento de gameplay novo, Mutant Mudds aposta numa arquitetura dos estágios que é sempre desafiante e repleta de exploração. Você pode achar que passar de fase consiste apenas em galgar a Water Sprint, mas há muito mais a se fazer. Infelizmente, o limite de tempo de cada fase atrapalha bastante a exploração minuciosa dos cenários, pois quando os segundos chegam ao fim, é game over! Talvez o diferencial do game seja o uso de três camadas para estruturar a jogatina. Em determinados momentos, você encontrará painéis no chão que poderão colocar Max em uma camada mais próxima da tela ou no plano de fundo das fases. É um conceito bem legal, embora não seja exatamente original.

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Neste aspecto, o efeito tridimensional do 3DS funciona muito bem. Ok, podemos distinguir as camadas pelas cores (quanto mais afastada, mais azulado é o cenário) e pelo tamanho de Max e dos inimigos na tela. Mas não deixa de ser uma ótima indicação ligar o efeito 3D. O cenário fica mais vivo e as diferentes camadas mais convincentes. Apesar de Mutant Mudds ser um jogo bidimensional e jogado em progressão lateral, o efeito estereoscópico funciona muito melhor do que em grande parte dos jogos poligonais do 3DS.

img_normalMutação original

Apesar de esbanjar seu visual 2D, Mutant Mudds foi um game originalmente planejado para ser uma aventura tridimensional que misturava shooter e aventura no DS. O original Maximillian and the Rise of the Mutant Mudds trazia a mesma premissa dessa versão lançada pela eShop: usar a arma de água para dissolver os perigosos Mudds enquanto salta entre as plataformas. Obviamente que o acréscimo da terceira dimensão mudava muito as coisas. Acabou sendo cancelado e transformado neste tradicional side-scrolling repleto de nostalgia para o 3DS.

Charme nostálgico

A parte artística de Mutant Mudds é um capítulo à parte. Mesmo com o hardware poderoso do 3DS, a Renegane Kid apostou num visual bidimensional que é um tributo à cultura 8 e 16-bits. Os cenários trazem a mesma beleza dos jogos de SNES, mas com um estilo “quadrado”, com contornos em formas geométricas e extremidades sempre em ângulos de 90 graus. Já outros elementos do game, como o próprio Max, são retratados com os “pixels à mostra”, tal qual games do NES e GB, como Pokémon Red & Blue. Você pode torcer o nariz por não estar diante da beleza gráfica de Resident Evil: Revelations (3DS), mas o estilo saudosista do visual agradará aqueles que souberem curtí-lo. Afinal, é indiscutível a qualidade artística dos cenários e inimigos. As músicas trazem o monofônico efeito chiptune em suas composições. Mesmo com games abusando de canções orquestradas, é incrível reviver este viciante estilo de música que ficará em sua cabeça de um jeito ou de outro.

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Todo esse tom saudosista, no entanto, revela a falta de criatividade do título. A impressão que se tem é que a Renegade Kid apostou em todos os aspectos que fariam o jogo bom, mas não arriscou em nenhum diferencial. Não há relevância alguma na história, os power-ups se resumem a meros upgrades da arma ou jetpack de Max e os cenários também não trazem nada que já não tenhamos visto. Mas não se enganem, Mutant Mudds traz à tona o estilo retrô em fases repletas de desafio e caminhos secretos. Não há como não dizer que é um game bem divertido e prático. O preço de R$14,99 pode ser um pouco maior que o valor de outros sucesso, como Pushmo, mas não deixa de ser um bom investimento.

Prós

  • Estilo visual retrô bem agradável
  • Músicas viciantes e variadas
  • Nível de dificuldade instiga a auto-superação
  • Uso interessante do efeito 3D
  • Cenários trazem caminhos secretos

Contras

  • Limite de tempo atrapalha a exploração dos cenários
  • Não há power-ups nem algum conceito novo de gameplay
  • Cenários clichê não trazem ambientações novas

Mutant Mudds – Nintendo 3DS (eShop) – Nota Final: 8,5
Gráficos: 8,5 | Som: 8,5 | Jogabilidade: 9,0 | Diversão: 9,0

Revisão: Alex Sandro


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Esse jogo é sensacional! Foi o primeiro post que li avaliando o título. Espero que a produtora continue a franquia.

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  2. Rafael, dizer que o cenário é clichê é um pouco exagerado. Acredito, conforme citado pelos produtores, que é uma homenagem, pois todo o jogo foi desenvolvido nesse estilo. Afirmar que é chavão é o mesmo que afirmar que todos os jogos de design retrô são banais e não é esse o objetivo dos desenvolvedores. Mesmo assim, parabéns pelo artigo.

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