Blast from the Past

Desvende os mistérios das Mil e Uma Noites em alta velocidade em Sonic and the Secret Rings (Wii)

Sonic não foi muito feliz na transição do 2D para 3D. O ouriço foi protagonista de vários títulos 3D considerados ruins, sendo Sonic the ... (por Farley Santos em 23/10/2013, via Nintendo Blast)

Sonic não foi muito feliz na transição do 2D para 3D. O ouriço foi protagonista de vários títulos 3D considerados ruins, sendo Sonic the Hedgehog (PS3/X360) um dos mais odiados por conta da jogabilidade fraca e inúmeros bugs. A Sega planejava portar o jogo para o Wii, mas mudou de ideia e decidiu desenvolver uma aventura completamente nova para o console da Nintendo. Assim nasceu Sonic and the Secret Rings, que tentou resolver os problemas dos jogos anteriores, ao mesmo tempo que usava o Wii Remote de forma diferenciada. Ambientado nos contos da coletânea As Mil e Uma Noites, o título apresentou mecânicas próprias e únicas que se tornaram padrão nos jogos 3D atuais do Sonic.

Um mundo e uma vida em perigo

Uma noite Sonic estava lendo As Mil e Uma Noites e acaba adormecendo. Subitamente, ele é acordado por uma voz feminina e encontra em sua mesa um grande anel que não estava ali anteriormente. Ao tocar o objeto, uma garota vestida em roupas estranhas aparece. A garota, cujo o nome é Shahra, diz que ela é uma gênio e que está atrás de ajuda. Seu mundo original, a mágica terra das Mil e Uma Noites, está sendo destruído por um espírito maligno chamado Erazor Djinn. Caso o vilão não seja impedido, ele escapará para o mundo de Sonic e causará caos e destruição. O herói decide ajudar Shahra e a dupla parte para o mundo das Mil e Uma Noites.


Chegando lá, os dois são recebidos por Erazor Djinn. O espírito maligno tenta acabar com a vida de Shahra, atirando uma flecha de fogo em direção dela. Sonic empurra a garota-gênio e acaba sendo atingido pelo projétil. Erazor Djinn informa que agora a vida do ouriço está com os dias contados, já que quando a chama do feitiço se apagar, Sonic morrerá. O vilão faz uma proposta para a dupla: se eles recuperarem os sete anéis especiais que mantêm a ordem do mundo, Erazor Djinn irá remover a maldição fatal. Sonic e Shahra partem então em busca dos preciosos artefatos.

Dirigindo Sonic

Diante às inúmeras criticas dos fãs em relação aos títulos anteriores do personagem, a Sonic Team decidiu explorar um novo estilo de jogo em Secret Rings, explorando principalmente as peculiaridades do Wii Remote. Para começar, o único personagem jogável na aventura principal é Sonic, sendo que os outros personagens da série aparecem como Ali Babá, Sinbad e outros nomes conhecidos da coleção de contos. A mudança mais radical foi na maneira como Sonic é controlado: ele se move automaticamente para frente, sendo possível somente mover o ouriço para os lados ou pular. Sim, Sonic and the Secret Rings é jogado sobre trilhos, com eventuais sessões em duas dimensões. O Wii Remote é segurado de lado e sua inclinação controla a movimentação lateral do personagem. O botão 2 é utilizado para saltar e 1 “freia” o ouriço. A sensação é parecida com a de dirigir um carro.


Controlar Sonic é, inicialmente, difícil. O personagem é lento e tem aceleração baixa, o que pouco lembra a sensação de velocidade característica do ouriço. Isso é proposital, pois o título conta com sistema de experiência e níveis, algo nunca visto antes na série e que incentiva a rejogabilidade. Ao completar as missões, Sonic recebe pontos de experiência e fica mais forte. Subir de nível libera melhorias — como maior velocidade máxima e maior agilidade — e novos movimentos, como o tradicional homing attack. É possível equipar as habilidades como quiser, de acordo com os desafios enfrentados. De posse dessas melhorias, Sonic se torna bem mais fácil de controlar. Durante a história, o ouriço aprende também duas habilidades essenciais: uma deixa tudo em câmera lenta, perfeito para executar saltos precisos; outro deixa Sonic hiper rápido e invencível, útil para conseguir bater tempos.

Um Oriente Médio mágico

A trama de Secret Rings se passa em um mundo fantástico baseado no Oriente Médio retratado na coleção de contos As Mil e uma Noites, mas a Sonic Team tomou algumas liberdades em relação aos cenários. Sonic explora desertos, belos palácios e forjas sombrias, o que combina perfeitamente com o tema de aventura árabe. Já outros estágios, como uma selva repleta de dinossauros e uma ruína suspensa nos céus, mostram o lado fantástico desse universo. Cada estágio é composto de inúmeras pequenas missões, que vão de tarefas simples como “chegue ao final do percurso antes do tempo acabar” a coisas como “desvie de todos os potes” ou “derrote somente um tipo específico de inimigo”. São por volta de cem missões repletas de segredos e desafios especiais. Itens espalhados pelos cenários liberam extras como imagens conceituais e músicas.


Além do modo principal, Sonic and the Secret Rings conta também com o “Party Mode”. Nele, os vários personagens da série competem entre si em inúmeros minigames para até quatro pessoas. Estes jogos utilizam o Wii Remote de várias maneiras diferentes, por mais que a execução não seja das melhores. Existem vários sub modos, como um que permite jogar qualquer minigame já desbloqueado e outro que se passa em um tabuleiro, de maneira similar à série Mario Party. Conforme o jogador avança na aventura principal, mais conteúdo é desbloqueado no “Party Mode”. A intenção foi boa, mas a falta de polimento e a execução ruim dos controles faz com que esse modo seja esquecido rapidamente.

Uma produção cuidadosa e muitas críticas

O visual de Secret Rings impressionou na época em que o título foi lançado. Os gráficos eram bons, apresentando ótimos efeitos visuais, sendo um dos destaques a distorção por conta do calor. Outro ponto é a boa sensação de velocidade — isso uma vez que você já tenha habilidades que deixem o ouriço de fato muito rápido. Para completar o clima árabe, o time de compositores da Sonic Team criou uma trilha sonora animada e diversificada, repleta de instrumentos do Oriente Médio. Com inúmeras faixas cantadas, a música do game é uma mistura perfeita entre o mundo do personagem e a cultura daquela região. Até hoje, muitos fãs consideram esta uma das melhores trilhas sonoras das aventuras do ouriço.



Mesmo com tantos avanços, o título recebeu duras críticas. A principal delas é sobre o uso do sensor de movimento: controlar Sonic inclinando o controle era difícil e nada preciso. Algumas mecânicas, como a necessidade de segurar o botão para saltar, não foram bem vistas. Outro problema é a câmera, que fica próxima do personagem na maior parte do tempo. A proximidade ajuda a criar uma sensação de velocidade e dá um tom dramático à ação, contudo ela dificulta a visualização de obstáculos distantes — o que resulta em mortes irritantes. E por fim temos a péssima mecânica de movimentar Sonic para trás: é necessário virar o controle de cabeça para baixo para fazer o personagem executar uma espécie de “ré”. A câmera não se altera, sendo impossível ver para onde se está indo, o resultado é um movimento cego.

Uma aventura das Arábias

Mesmo com alguns problemas e críticas, Sonic and the Secret Rings vendeu bem. O sucesso foi tanto que a Sega lançou Sonic and the Black Knight, continuação de conceito parecido, exclusiva para Wii. A mecânica básica, focada em sempre correr para frente e desviar dos obstáculos, virou padrão nos jogos 3D do ouriço e foi refinada nos títulos seguintes. Os fãs têm opinião dividida: uns gostam muito do título, já outros o odeiam com todas as forças. E vocês, tiveram a oportunidade de testar este jogo? Em que grupo vocês se encaixam?

Revisão: Alberto Canen
Capa: Diego Migueis

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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