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Análise: PICROSS e (eShop/3DS) é o puzzle perfeito para lembrar das revistas de passatempos

Revisitando a fórmula que nasceu no Game Boy, o jogo traz uma mecânica que faz desenhos em diagramas serem criados através da lógica.

Tetris talvez tenha sido a melhor prova que poderiam conseguir nos anos 90 para dizer que o Game Boy (e, consequentemente, os videogames portáteis) poderia trazer ótimos jogos de quebra-cabeça. Dentre todos os outros títulos que se aproveitaram desta possibilidade, um dos menos comentados é Mario’s Picross. Lançado em 1995, ele trazia os Nonograms, um passatempo japonês (que chegou ao Brasil pelas revistas Logic Pix, da Coquetel), para o meio eletrônico. A ideia era bem simples: você devia revelar uma imagem oculta, preenchendo uma malha quadriculada ao pintar seus quadrados de acordo com as dicas que ficavam na borda desta. Por exemplo: se na borda de uma linha estava o número 5, você devia pintar cinco quadrados da malha, um ao lado do outro. Era como um “jogo de palavras cruzadas com desenhos e dicas numéricas”, entenda como preferir.


Mesmo não fazendo tanto sucesso no Ocidente, Mario’s Picross foi muito bem recebido no Japão. Em decorrência disto, novos jogos com a mesma essência deste foram lançados para o SNES e o DS. E agora chegou a vez do 3DS também receber um jogo com base no popular passatempo japonês, em uma versão exclusiva para o Nintendo eShop. Confira a nossa análise de PICROSS e, e descubra por que a chegada deste jogo de quebra-cabeça tão peculiar ao portátil 3D da Big N é algo tão interessante.

Um jogo nada difícil de entender

PICROSS e trouxe intactas as regras e, principalmente, a lógica necessária para se desvendar os problemas que Mario’s Picross já propunha no Game Boy e, como algo digno de nota, ele consegue suavizar bastante a curva de aprendizado do jogo, em comparação aos jogos anteriores. O título traz um tutorial que ensina as lógicas necessárias para concluir um Picross mas faz isso tudo através de instruções e não por intermédio de fases incessantes para preencher os quadros que o jogo manda.

O que será isto?
Além disso, o jogo tem uma curva de dificuldade muito bem equilibrada, trazendo malhas de jogo de 5x5, 10x10 e 15x15, totalizando 150 Picross, fazendo com que possa se entender a lógica em tabuleiros mais fáceis para aplicá-lo, mais tarde, em outros mais desafiadores. E, por mais incrível que possa parecer, as punições por preencher um quadrado errado disponíveis em boa parte dos níveis (elas aparecem quando se joga usando as chamadas Normal Rules) te indicam de que maneira você errou no seu pensamento lógico.

Não só a punição ajuda a entender os Picross, como também os prêmios. O jogo conta o tempo que você demora para desvendar um desenho, e cada punição aumenta o seu tempo em vários minutos. O bônus vem ao se completar um desenho antes de o contador de tempo marcar 1 hora (erre muito e você passa disso rapidinho!): o desenho passa a ser colorido, em vez de se apresentar no tradicional estilo preto-e-branco. No geral, PICROSS e faz você melhorar sua capacidade lógica pelo bem ou pelo mal, com certeza.

Uma máquina de costura!

Para aumentar mais ainda o desafio, os últimos Picross começam a usar as Free Rules, onde você pode errar o quanto quiser e se manter isento de punições. Se você acha que vai conseguir colorir seus desenhos mais facilmente por não ganhar minutos extras no seu contador, você se engana. Nos modos onde se usam as Free Rules, a tendência é perdermos mais tempo ainda tentando encontrar a lógica perfeita, já que não há ninguém para nos avisar que algum quadrado não devia ser preenchido.

Dicas, pra que te quero?

PICROSS e é quase um yin-yang: assim como as Free Rules lhe complicam a vida, o sistema de dicas lhe permite começar bem uma partida ,ou lhe auxilia no decorrer de uma em quase todos os Picross disponíveis, exceto nos casos de alguns que precisam ser resolvidos apenas com as suas habilidades.

O botão ? no canto ativa o Hint Navigation, o recurso inútil do jogo.
Você pode começar o jogo com uma linha e uma coluna prontas (algo que facilita e faz perder um pouco da graça de resolver o Picross) ou pode usar o Hint Navigation, que deixa algumas das dicas azul-claras para… Na verdade, não existe muita utilização prática para isto, sendo algo muito mal explicado, até mesmo quando se consulta o manual digital do jogo. Enfim, se quer um desafio de verdade, não use o preenchimento automático; o Navigation será realmente inútil.

Como se fosse uma revistinha de banca

A interface do título é bem simples e cativante, além de ser muito bonita, cheia de personalizações; dentre elas, a mais memorável é a de escolha da jogabilidade: você pode usar os direcionais e os botões (para uma experiência semelhante a do Game Boy) ou a caneta stylus (que lhe fará realmente se sentir em uma versão colorida de uma revista Coquetel). Os desenhos que os Picross formam são bem aleatórios, não seguindo um tema definido, massão todos muito bem feitos; tendo destaque, claro, os das malhas 15x15, com mais detalhes. A trilha sonora é composta por poucas músicas, que sempre se repetem, mas não atrapalham a jogatina, por serem relaxantes para a resolução dos enigmas. Entretanto, você não vai se importar se precisar jogar no mudo.

O único problema de PICROSS e talvez seja seu preço um pouco salgado, principalmente para quem não gosta tanto deste tipo de puzzle. O jogo está custando R$ 16,99 na eShop brasileira. Entretanto, para fãs de quebra-cabeças, ou pessoas que gastaram tantos trocados em revistinhas de passatempo, o título é uma ótima pedida. Se você se enquadra neste caso, o que está esperando para desvendar o universo dos Picross?

Prós

  • Mecânica de quebra-cabeça vinda do Game Boy que ainda funciona muito bem;
  • 150 puzzles variados;
  • Curva de dificuldade bem elaborada;
  • Punições e prêmios ajudam a melhora do conhecimento lógico;
  • Interface bonita e agradável.

Contras

  • Preço pode parecer salgado para alguns;
  • Hint Navigation inútil;
  • Trilha sonora quase irrelevante para a experiência do jogo em si.
PICROSS e - eShop/3DS - Nota: 8,0
Revisão: Samuel Coelho
Capa: Stefano Genachi

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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