A História dos Vídeo Games

A História dos Vídeo Games #14: A gigante dos fliperamas se arrisca com o Master System (1984)

(por Jones Oliveira em 19/09/2010, via Nintendo Blast)

Na última coluna A História dos Vídeo Games acompanhamos o desespero da Atari para reaver o reinado que um dia fora seu. O Atari 7800 pareceu promissor e empolgou muitos jogadores, porém a venda da Atari para Jack Tramiel fez com que o projeto caísse no esquecimento e, consequentemente, o sonho se tornasse um verdadeiro fiasco. Ninguém acreditava que a Nintendo pudesse ter o seu reinado ameaçado, exceto uma empresa que já conhecia o gostinho do sucesso nos fliperamas.

sega_logoSegunda metade da década de 1980. A Nintendo dominava mais de 90% do mercado de consoles com o seu novíssimo console, o Nintendo Entertainment System. A indústria desejava assiduamente devorar uma fatia do enorme reinado da japonesa de Kioto. A Atari já tentara e fracassara. Será que uma vez já não seria suficiente para mostrar que o NES era poderoso o suficiente para derrubar qualquer concorrente? Não para a SEGA.

377038-458px_flyer_sega_periscope_superFundada em 1940 em Honolulu, no Havaí, a SEGA começou suas atividades fornecendo entretenimento pago aos militares norte-americanos com base na região. O negócio deu tão certo que, em 1951, a empresa teve sua sede transferida para Tóquio. Na terra do sol nascente, o sucesso continuou. Em 1966 a SEGA lançava seu primeiro jogo mundialmente famoso – Periscópio, um simulador de submarinos. Prosperando cada vez mais, depois do lançamento de Frogger e Zaxxon, a empresa viu a necessidade de dividir suas atividades em SEGA América e SEGA Japão. Entre idas e vindas, vendas e fusões, a SEGA se consolidara nos fliperamas.

Em 1981 a SEGA experimentou, sem sucesso, o mercado de consoles domésticos com o SG-1000. Apesar disso, logo foi lançado o primeiro console da SEGA da 3ª geração – o Mark III. Contrariando as expectativas, o Mark III não obteve o sucesso desejado no Japão. Pouco abalada com isso, a SEGA viu no sucesso da Nintendo no mercado norte-americano a possibilidade de conquista do público que o seu console mereceria – afinal de contas, quem não gostaria de morder uma fatia de bolo da Nintendo? Redesenhado, o console foi lançado nos Estados Unidos com o nome de Sega Master System em 1986.

Sega SG-1000Sega Mark III

masterSystem_L

Talvez por ingenuidade, ou por falta de planejamento, o Master System sofreu uma paulada na cabeça tão logo colocou os pés na terra do Tio Sam. A política contratual da Nintendo impunha exclusividade junto as produtoras de jogos na época – ou seja, se você produzia jogos para Nintendo, não poderia produzir para nenhuma outra plataforma. Logo o Master System não poderia contar com o apoio de quase nenhuma desenvolvedora se não a própria SEGA.

Não encontrando uma solução satisfatória, a SEGA se viu obrigada a vender os direitos de comercialização do console à Tonka Toys, uma famosa companhia de brinquedos. A expectativa era que a Tonka conseguisse popularizar o vídeo game no mercado, já que, supostamente, conhecia melhor o mercado de entretenimento norte-americano – uma ideia pífia que só contribuiu para a queda das vendas do aparelho por falta de know-how da Tonka com vídeo games. A última grande cartada restante à SEGA era aumentar a quantidade de ports dos fliperamas para o console, pois faltavam jogos de qualidade para o console e ele não conseguia vender quase nada. Foi aí que surgiram os grandes clássicos que todo fã do Master System conhece.

AfterburAlexkidCalifornChopliftDoubledrGangsterLemmingsOutrunPhantasySensibleShinobiVolley

 

A falta de estratégia, a igenuidade e a forte concorrência da gigante Nintendo fez com que o Master System fosse um fracasso nos Estados Unidos, situação que não se repetiu na Europa, Austrália e Brasil. É engraçado, mas nesses lugares a Nintendo não conseguiu atingir o público de maneira satisfatório, e aí sim o Master System teve terreno para avançar e se tornar o vídeo game mais popular. Para se ter uma ideia da ‘crise’ da Nintendo nesses lugares, na Europa a Nintendo chegou a pedir licenciamento de jogos como Shinobi, After Burner e Out Run para o NES, numa tentativa desesperada de conseguir alguma fatia do mercado. A ideia fracassou, pois os jogos perdiam muita qualidade no NES – o hardware do Master System era relativamente superior – e não teve jeito, a SEGA dominou por lá e por isso abriu sua filial europeia.

ye5c5Já poraqui, o Master System fez muito sucesso graças a competência da recém-formada Tec Toy, que trouxe o vídeo game oficialmente para o Brasil e, ao contrário da Tonka Toys, fez o seu dever de casa. Investindo pesadamente em publicidade e propaganda e trazendo bons jogos já no lançamento do console (que aconteceu em 1989), a Tec Toy fez com que o Master System conquistasse o coração dos brasileiros. Seria bom se parasse por aí, mas ficou ainda melhor! A Tec Toy ainda se destacou por trazer várias “bugingangas” para nós brasileiros – era muito comum ver adesivos, camisetas, brinquedos e pelúcias nessa época –, além de prestar um excelente serviço pós-venda aos consumidores – prática que os comerciantes insistem em não dar importância até hoje.

A Tec Toy ainda relançou vários jogos traduzidos e outros adaptados com personagens conhecidos de nossa cultura – como Chapolin Colorado, Turma da Mônica e a galerinha do Sítio do Pica Pau Amarelo . Tudo isso contribuiu para que os gamers brasileiros se afeiçoassem ao Master System e o console se tornasse tão popular a ponto de ser comercializado até hoje por aí a fora.

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Mesmo com hardware superior ao da concorrência, o Master System fracassou por causa da estratégia pífia da SEGA para entrar no mercado norte-americano. Surpreendentemente, o console conquistou um mercado totalmente diferente do que a SEGA planejara – Europa, Austrália e Brasil. Mesmo conquistando-os, o Master System amargou a marca de apenas 13 milhões de consoles vendidos, ficando muito atrás do NES (~61 milhões). As trapalhadas da Tonka Toys fizeram com que a SEGA recomprasse os direitos de venda e distribuição em território norte-americano e, finalmente, lançasse jogos de qualidade para o console. Mas já era tarde demais. Um novo console, mais robusto e mais poderoso, estava a caminho. Mas isso é assunto para o nosso próximo encontro. Até lá!


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Caramba.. Lemmings. Adorava este jogo.

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  2. Lemings era muito foda, pqp.
    Tenho meu Master System III até hoje :'D
    Aliás, ótima coluna, Sérgio :D

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  3. Sempre me perguntei porque ninguém antes da Playtronic não tentou trazer os consoles da Nintendo pra cá...

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  4. "Fundada em 1940 em Honolulu, no Havaí, a SEGA começou suas atividades fornecendo entretenimento pago aos militares norte-americanos com base na região."
    Isso quer dizer que a SEGA começou como um puteiro?
    Se sim então quer dizer que hj em dia eles voltaram a origem......XD
    (antes que eu seja alvejado com paus e pedras,pelos Seguistas xiitas.Quero dizer que já tive consoles da SEGA tbm)

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  5. @Jarmin kkkkkkk
    Ah loco rapaz, na realidade os caras estavam engatinhando no ramo dos fliperamas na época rs. Agora, se dentro das máquinas tinham mulheres, não se sabe hahahaha!

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  6. \o/

    Eu ri!!! Mas se for verdade, axo q tah valendo... Afinal, a big N jah trabalhou com Motéis!!!

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  7. Sérgio Oliveira
    pois já existiam arcades na decada de 40?

    Suicune
    então dava uma parceria boa,ia la pegava uma da SEGA e depois ia pro da NINTENDO completar o serviço! XD

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  8. @Jarmin
    Na realidade eram máquinas eletro-mecânicas. Agora, como elas eram, como pareciam ou coisa do tipo, realmente eu não sei rs.

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  9. Cada empresa tem uma historia que nem o wiki tem....
    Nintendo=Motel??
    Sega=dança havaiana ????
    Como será da microsoft ???
    Muito bom!

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  10. Chegaremos lá José Thiago rs. E essa eu conheço de perto :D

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  11. Kara, muito bom o artigo. realmente, no Brasil, a gente já teve o fliper desde os anos 30. Eram aqueles jogos de bolinha.

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  12. o jogo da monica é o krusty fun house do snes!!!!!!!

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  13. o jogo da monica é o krusty fun house do snes!!!!!!!

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