Especial: Uma visita ao comércio de games nos Estados Unidos

Welcome, my friends! Não é segredo para ninguém que nesse mundo dos games, o maior mercado consumidor são os Estados Unidos da América, ... (por Bruno Grisci em 25/02/2012, via Nintendo Blast)

Estados Unidos da AméricaWelcome, my friends! Não é segredo para ninguém que nesse mundo dos games, o maior mercado consumidor são os Estados Unidos da América, ou EUA para encurtar. Com um título desses, você já deve ter se perguntado (ou até mesmo já sabe, ou saberá) como esse mercado funciona de perto. É justamente isto que traremos para você agora: nada de análises de vendas por plataforma, nada de avaliações econômicas, nada de propagandas baratas, mas sim a pura e simples visão de um consumidor comum. Aproveitem a viagem.

Este relato é baseado na viagem do redator que vos escreve, entre os dias 2 e 14 de fevereiro de 2012, pelas cidades norte-americanas de Orlando e Miami.

Brasil e Estados Unidos, onde está a diferença?

A primeira coisa que todos devem pensar é na diferença de preços, mas calma, vamos chegar lá. Antes, há outros aspectos interessantes a serem discutidos. O primeiro é, basicamente, onde se encontra games nos Estados Unidos?

No Brasil, quem pretende comprar um jogo em mídia física, deve recorrer a alguma das várias lojas especializadas e livrarias, em ruas ou shoppings, ou então aos famosos “camelôs”, se estiverem procurando uma diversão mais barata e menos legalizada. A oferta em lojas de outros ramos costuma ser bem mais limitada.

Super Target: se encontra muitos games lá dentro.

Mais ao norte da América, as coisas são um pouco diferentes. É bem mais difícil encontrar vendedores irregulares pelas ruas, e as opções para compra resumem-se basicamente a mega mercados, lojas de departamento e redes de lojas de games, e por redes de lojas de games entenda-se GameStop.

Onde estão os games de computador?

Um fato curioso é que os jogos para computador, tão comuns nas lojas daqui, ocupando prateleiras inteiras, talvez pelos preços bem mais em conta desde que os CDs e DVDs começaram a ser prensados no Brasil, parecem estar em segundo plano nos EUA. Não se encontra eles nas lojas especializadas, e mesmo nas de departamento eles costumam ficar afastados de seus “irmãos”, sendo colocados na seção de software.

A variedade de títulos para PC também não é lá essas coisas, a oferta no Brasil parece ser bem maior. Grande parte dos jogos, na verdade, são adventures obscuros, dos quais eu pelo menos nunca havia ouvido falar. E nos jogos mais populares, o preço acaba sendo até maior que os praticados no nosso país. O que realmente sai bem mais em conta são edições especiais, que não custam muito mais caro que as normais, enquanto aqui acabam ficando com preços exorbitantes.

Bioshock 2 Special Edition de 60 dólares por 35 dólares.

Um exemplo é a Edição Especial de Bioshock 2 ao lado, único game para PC que trouxe, até porque depois da criação de Steam, Origin e similares, a aquisição de mídia física para computadores está se tornando um hábito cada vez mais raro. Mas voltando a Bioshock, mostra que nos EUA a passagem do tempo influencia bastante no preço do produto, que foi US$ 35, enquanto a etiqueta acusa 60 dólares. A capa de cartolina está bastante danificada, mas a caixa interna estava lacrada e em bom estado.

Quanto custa um jogo nos Estados Unidos?

Essa é uma pergunta interessante. Lá, os preços variam muito. A plataforma, a idade, a popularidade e a loja influenciam muito nos preços. Em média, um lançamento de PlayStation 3 e Xbox 360 custa US$ 60, um de Wii US$ 50, e de 3DS US$ 40, mas não é difícil encontrar exceções. Metroid Other M é vendido por módicos dez dólares, e Rayman Origins para Wii podia ser encontrado tanto por 30 dólares quanto por 50, dependendo de onde se procurasse‘

Cave Story 3D conta com uma bela capa "holográfica".Os jogos para portáteis da Nintendo pareciam menos flexíveis. Embora a Nintendo e a GameStop estivessem fazendo uma redução momentânea no preço do 3DS, vendendo o aparelho vinte dólares mais barato que os habituais US$ 169,99, praticamente todos os jogos custavam os mesmos quarenta dólares. Inclusive Cave Story 3D, que pelas notícias não está muito popular, possuía o mesmíssimo preço de Mario Kart 7 e Ocarina of Time 3D. O DS estava na mesma situação, com jogos em torno de US$ 30.

Uma impressão que eu tinha era que, chegando lá, se acharia qualquer jogo que se quisesse. Ledo engano. Cada loja tem seu próprio catálogo de títulos e eles variam bastante. The Legend of Zeda: Spirit Tracks (DS), relativamente fácil de se encontrar por aqui, não estava disponível em muitas lojas. O Cave Story 3D e Bioshock 2 Special Edition, mencionados anteriormente, só foram encontrados uma única vez durante toda a viagem.

Um detalhe importante é que o preço das etiquetas nos EUA não é o valor final. Existe uma taxa do governo cobrada sobre tudo, não importa se é um jogo, um eletrônico, uma revista ou comida, que só aparece no momento do pagamento. Ela varia de estado para estado, na Flórida é 6% do valor do produto. Assim, uma compra de US$ 100 na verdade é US$ 106.

As lojas costumam oferecer promoções maiores perto de datas comemorativas e feriados, e encontra-se descontos de até setenta por cento sobre o menor valor da etiqueta. Focando-se nos games, é comum a prática de “balaios” com vários jogos ofertados por preços bem atraentes. A maioria dos títulos não é tão interessante, mas às vezes se acha uma preciosidade perdida ali no meio.

GameStop e jogos usados

GameStop estão em todo lugar.A maior rede de varejo de jogos dos EUA merece um destaque nesta matéria. Uma vez ouvi alguém dizer que existe uma GameStop a cada cinco minutos, e pela quantidade de vezes que se avista o logo vermelho e branco eu acredito que essa afirmação não esteja longe da verdade. Às vezes um único shopping possui mais de um estabelecimento.

As lojas não chegam a ser muito grandes e, como dito, os catálogos variam bastante. Os preços, por outro lado, são sempre os mesmos. O maior destaque da empresa, contudo, é o praticamente monopólio sobre a venda de games, consoles e acessórios usados.

Aqui cabe uma explicação. Nos Estados Unidos, o comércio de produtos de segunda mão é bem mais comum e aberto que no Brasil. Você entra na loja oficial da Sony e encontra bluray players usados a venda. Também vale mencionar que esta prática, depois da pirataria e do compartilhamento via internet, é o alvo da vez da indústria de games, que está trabalhando para “sabotar” este segmento do comércio. Mas, por enquanto, ele segue firme e forte.

Foto dos jogos usados, todos na caixa e com manuais.

Voltando a GameStop, há sempre uma fila de gente comprando, normal. Mas também há uma de clientes revendendo suas aquisições, provavelmente para a mesma loja da qual compraram. A rede faz de tudo para incentivar esse comportamento, você pode inclusive usar seus jogos usados para pagar boa parte do preço dos lançamentos. E há determinados títulos mais procurados que outros: os jogos com maior procura valem mais nessas transações.

Visão interna do jogo usado.

E a partir do momento que começamos a considerar os produtos usados, temos todo tipo de resultado. Um Nunchuck novo custa US$ 20, um usado sai por US$ 19. Não parece um grande negócio. Mas também encontrei Zack & Wiki, Muramasa The Demon Blade e Kirby's Epic Yarn, todos para Wii, por sete, quinze e vinte dólares, respectivamente, todos usados. Esses produtos passam por um teste para ver se estão funcionando corretamente, mas nem sempre você levará um jogo completo.

O envelope onde os discos usados ficam guardados.Há games com a caixa e os manuais, tudo completo, caso dos três títulos citados acima. Outros apenas com as caixas. O extremo é a venda apenas dos discos, num envelope de papel (ao lado), por preços normalmente abaixo dos cinco dólares. O exemplo mais incrível foi um Link's Crossbow Training nesse formato por 99 centavos.

Jogos mais antigos praticamente só serão encontrados usados. E os preços variam de acordo com a fama. Enquanto há games com os preços citados acima, o bom e velho Super Smash Bros. Brawl de segunda mão custa 48 dólares, quase o mesmo preço de um lançamento lacrado.

Ainda sobre a GameStop, eles possuem um cartão de fidelidade com uma anuidade de 15 dólares. Com ele se consegue maior desconto sobre as compras, e promoções como comprar dois jogos usados e receber o terceiro de graça. Eles também possuem um canal próprio que passa programação sobre games.

Observações sobre a Nintendo

Talvez você esteja curioso para saber como o 3DS anda por lá. Enquanto o pequeno aparelho tridimensional está fazendo sucesso no Japão, as coisas nos EUA parecem bem mais mornas. O aparelho portátil tem uma boa exibição, disponível para testes na maioria das lojas, mas ainda resta aquela impressão de que ele está misturado com o seu antecessor. Nas lojas não especializadas, o catálogo se resumia ao básico, como jogos como Mario Kart 7 e Super Mario 3D Land. Nesse período os portáteis estavam aparecendo mais graças ao desconto já citado no 3DS e o lançamento do PS Vita.

Quem está se destacando mesmo são os tablets, a mostra em diversas lojas especializadas em games. O mais comum encontrar os portáteis com sistema Android sendo demonstrados nesses ambientes.

Já sobre o Wii U, tenho apenas uma história, que classifico mais como uma enorme confusão isolada do que qualquer outra coisa.

Wii U por 600 dólares? Acho que não...Em uma das lojas da GameStop que visitei, percebi que um dos vendedores estava falando sobre o Wii U para alguns clientes, mostrando uma foto do console. Perguntei do que se tratava, pensei que talvez a rede já estivesse fazendo reservas do novo videogame, quem sabe. Mas o rapaz disse que não, apenas estava mostrando o novo console pois os clientes estavam interessados no Wii e ele achou que talvez preferissem esperar pelo seu sucessor. O curioso foi o que ele falou em seguida, que o novo console da Nintendo custaria 600 dólares e que seria lançado no meio do ano. Acredito que ele apenas tenha lido algum dos antigos rumores e tomou como fato, mas ele contava essa história para os clientes com muita certeza.

Por favor, nada de pânico, depois da lição que a Nintendo aprendeu com o preço inicial do 3DS, demorará até que ela lance um console com o mesmo tipo de “problema”.

Você já conhecia esses fatos? Ou um amigo de um amigo de um amigo seu conhece? Possui mais dúvidas? Deixe-nos saber nos comentários! See you later!

O Mickey dá tchau.

Revisão: Alex Sandro


Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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