Blast from the Trash

Em Wayne's World (SNES), quanto mais Trash melhor!

Desde que assumi o Blast from the Trash , felizmente nunca me faltou material para as pautas semanais. Toda quarta tenho sempre um lix... (por Thomas Schulze em 22/05/2013, via Nintendo Blast)

Desde que assumi o Blast from the Trash, felizmente nunca me faltou material para as pautas semanais. Toda quarta tenho sempre um lixinho saindo do forno para vocês, leitores ansiosos por descobrir um pouco mais sobre o lado mais obscuro e fedorento dos videogames. Mas entre os Back to the Futures, House MDs e Eternal Champions da vida, houve um jogo que me assombrou por anos a fio. Um jogo que me traumatizou mais que qualquer outro. Um jogo que me fez prometer nunca mais jogá-lo a fim de manter minha sanidade em paz. Lançado em 1993 para o SNES, desenvolvido pela Grey Matter (quem?) e publicado pela THQ, senhoras e senhores, esse jogo é...

Wayne’s World, Wayne’s World, excelente...NOT!

Uma das maiores duplas de
comédia dos anos 1990...
Para aqueles que não assistiam televisão nos anos 1990, ou sequer eram nascidos (putz, como me sinto velho escrevendo isso) Wayne’s World era um esquete do programa de comédia americano Saturday Night Live, estrelado por Mike “Austin Powers” Myers e Dana Carvey. Desde que foi ao ar pela primeira vez, em 1988, o esquete foi ganhando fama e fãs num ritmo alucinante. O sucesso do quadro foi tão grande que Wayne’s World acabou virando um filme (esse sim, excelente) em 1992, lançado no Brasil com o título “Quanto mais idiota melhor”. Naturalmente o grande potencial de vendas da marca fez um jogo de videogame surgir, e parece que a equipe de desenvolvimento estava mesmo empenhada em levar o título nacional ao pé da letra.

...em um dos piores jogos de todos
os tempos. Olha o mascotinho
da coluna aí geeeenteee!!
Por sinal, o primeiro grande problema do jogo já nasce da sua premissa. Veja bem, todos sabemos que jogos licenciados são inevitáveis. Filmes e seriados que fazem sucesso acabam indo parar nos videogames, não tem jeito. Mas tudo na vida tem limite. Já falei de jogos péssimos adaptados de filmes como Jaws e Terminator 2, mas se eu posso defendê-los, seria argumentando que esses games pelo menos poderiam ter rendido boas adaptações. Quer dizer, há sequências de ação no seu material de origem, então eu entendo o apelo de querer caçar tubarões ou explodir andróides. Era possível tirar boas fases disso, só faltou competência e talento às desenvolvedoras. Wayne’s World, por outro lado, é um filme de comédia sobre dois idiotas gravando um programa de televisão num porão. O que deu na cabeça dos desenvolvedores para pensar que isso poderia render um bom jogo de videogame?

Olhe bem para essa tela e responsa com sinceridade:
Quais as chances desse jogo prestar?

Top 10 coisas para se odiar em Wayne’s World

Para não enrolar muito os meus queridos leitores do Blast, vamos resumir toda a lixosidade do jogo em uma lista com seus dez elementos mais odiáveis:

10. Wayne é absolutamente assustador
9. O layout das fases parece inspirado no jogo Timecop
8. Não é possível jogar com Garth
7. É tão triste o jogo não ter sido relançado no Virtual Console...
6. ...NOT!
5. Para um jogo baseado em uma comédia, ele é bem sem graça
4. A trilha sonora é mais deprimente que a biblioteca de jogos do PlayStation Vita
3. Os inimigos são mais aleatórios que um filme do Monty Python
2. Saber que é bem capaz de alguma pobre alma defender esse jogo nos comentários lá embaixo
1. O Wii U ainda não ter sido lançado no Brasil (Ok, sei que não tem nada a ver com o jogo, mas é melhor esquecer desse lixinho e fechar a lista com algo que realmente nos importa, né?)

Wayne’s World seguiu o exemplo de 99,99% dos jogos preguiçosos do Super Nintendo e foi construído como um jogo de plataforma 2D. Basicamente, quando você resolve trilhar esse caminho tem duas opções: 1 - usar de base grandes jogos do gênero como Super Mario World, Mega Man X, Super Castlevania IV; ou 2 - fazer um cocozinho sem sentido seguindo o modelo de Batman Forever.

Wayne's World faz Bubsy parecer
a segunda vinda do Messias...
Eu queria muito entender qual a dificuldade que os desenvolvedores podem ter em criar uma fase com começo, meio e fim bem estabelecidos. Não é tão complicado fazer um jogo de plataforma genérico, e na maioria das vezes eles acabam ficando bem divertidos até (lembram do Bubsy? Amava aquele jogo, mesmo sem ele ter nada de notável) Imagino que deve ser muito mais complicado programar fases enormes, desconexas e sem sentido como as de Wayne’s World do que fazer o básico.

Sei o que você está pensando, mas
não, surpreendentemente essa
screenshot é diferente da anterior.
Ao invés de ser um daqueles jogos em que você precisa simplesmente andar em linha reta para chegar ao fim da fase, aqui resolveram fazer um mapa que se expande pra frente, pra trás, pra cima, pra baixo, e que nunca fica claro qual caminho tomar. É tudo terrivelmente confuso, motivo este que quase quebrei meu Super Nintendo na infância de tanta frustração tentando descobrir o caminho correto. E se um mapa confuso já seria ruim por si só, some a isso um cenário de fundo tão cheio de informações caóticas e elementos coloridos que deve ter causado mais ataques epiléticos que aquele episódio proibido de Pokémon e pronto, você tem uma receita completa para o nosso selo lixoso de qualidade.

Aliás, eu queria muito saber por que diabos os principais inimigos do jogo são instrumentos musicais aleatórios como gaitas de fole aladas? Para completar a desgraça, em um jogo tão cheio de referências musicas, a trilha sonora é sofrível. Ela não é digna de estar num jogo de Super Nintendo, então ouça por sua conta e risco:

Terror com Mike Myers

Random Blast: sabia que o Myers do
Halloween usa uma máscara de
William Shatner? Pois é, um fato
mais interessante que esse jogo.
Tudo bem que o nome do jogo é “o mundo de Wayne”, mas o personagem não precisava ser tão egocêntrico. No mundo do Super Mario, ao menos o bigodudo tinha a decência de deixar o Luigi aparecer um pouquinho. Iria custar muito tornar o Garth um personagem jogável, ou talvez contar com um modo cooperativo? Pensando bem, acho que essa decisão fez sentido, já que nem o jogador mais idiota iria ter vontade de jogar isso também.

E já que estamos falando em Wayne, uma das coisas mais perturbadoras que eu vi na minha vida inteira é o modo como o personagem olha fixamente para a tela o tempo inteiro. É como se ele estivesse encarando a minha alma e rindo da minha desgraça: “Aaaah, então você foi um dos cinco idiotas que compraram meu jogo, né? Olhe para mim e sofra, jogador miserável!”. Mas você não precisa acreditar na minha palavra. Não, olhe essa foto e sinta o mais puro terror:

Mas esqueça Halloween, esse sim é um Mike Myers que me dá medo!




Hora de defender o jogo
nos comentários...
Preciso ser sincero com vocês, normalmente quando eu escrevo a coluna, tento exercer plenamente meu masoquismo e zerar os jogos que apresento, para poder ser justo não apenas com os games mas também com vocês, leitores. Mas dessa vez não teve jeito, esse jogo é podre demais até pra mim. Prefiro tomar um soco da Power Glove nos países baixos a ter que jogar isso por mais um segundo sequer. Se alguém quiser se aventurar por essa atrocidade, vá em frente, eu vou honrar a promessa que fiz quando criança e me distanciar desse jogo para sempre! Prefiro me aventurar com meus bons e velhos jogos de plataforma do NES mesmo, como Contra e Mega Man 2. Isso sim é excelente. Party on!

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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