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Análise: Navegue pelo Great Sea e redescubra uma lenda com The Legend of Zelda: The Wind Waker HD (Wii U)!

Há pouco mais de dez anos a Nintendo surpreendeu a todos com o lançamento do controverso The Legend of Zelda: The Wind Waker . Seguindo... (por Unknown em 13/10/2013, via Nintendo Blast)


Há pouco mais de dez anos a Nintendo surpreendeu a todos com o lançamento do controverso The Legend of Zelda: The Wind Waker. Seguindo um estilo gráfico completamente diferente do que toda a comunidade esperava, o jogo utilizava-se do cel-shading, que dava à aventura a aparência de um desenho animado. Apesar do excelente uso da técnica, em um nível acima de tudo visto na época, muitos torceram o nariz para o que pode ser um dos mais magníficos títulos da lendária franquia da Nintendo. Uma década se passou, e o jogo passou a ser cada vez mais cultuado e reconhecido pelos jogadores, de maneira que a Nintendo viu a oportunidade perfeita para desenvolver um remake do título para o Wii U para que uma nova geração de jogadores possa conhecer um dos melhores jogos de aventura já criados.


Todo jogo tem uma história. Apenas um é uma lenda...

Anunciado em 2001, The Legend of Zelda: The Wind Waker parecia não possuir ligação alguma com os jogos anteriores da série. Naquele tempo, tudo que se sabia é que Link teria que salvar a sua irmã das garras de um pássaro bizarro que sequestrara a garota. Como sempre, a Nintendo conseguiu esconder o jogo até o seu lançamento, e fomos surpreendidos com o mais profundo e nostálgico enredo de toda a franquia.
Há muito tempo atrás, um jovem salvou o mundo do mal e ficou conhecido como o Herói do Tempo
The Wind Waker se passa séculos após os eventos de Ocarina of Time (N64), período em que o reino de Hyrule já não mais existe e é apenas uma lenda do passado. Segundo o livro Hyrule Historia, os eventos do jogo ocorrem na linha do tempo em que o Hylian derrota Ganondorf (que é selado pelos sábios na Sacred Realm) e fica conhecido como o Herói do Tempo. Contudo, como Zelda envia o rapaz para o passado para que ele possa viver sua infância perdida, e aquela Hyrule do futuro, mesmo que em paz, acaba perdendo seu herói caso alguma tragédia viesse a ocorrer.

Zelda envia Link ao passado para que ele possa viver sua infância
Como Hyrule não consegue ter momentos de paz muito duradouros, Ganondorf consegue, de alguma maneira, escapar da Sacred Realm e volta a aterrorizar Hyrule. O povo tinha a esperança que o Herói do Tempo retornasse e conseguisse restabelecer a paz em Hyrule mais uma vez, mas ele nunca retornou. Com isso, a única solução encontrada pelas Deusas foi de alagar o reino e transformá-lo em uma lenda.

Hyrule foi alagada e se tornou um reino do passado
Com a escassez de terras para se habitar, o povo de Hyrule passou a viver em pequenas ilhas que, antes do alagamento, eram o topo das mais altas montanhas do reino. Uma das ilhas, chamada Outset Island, criou uma tradição em que, ao chegarem à idade adequada, os jovens garotos do vilarejo são vestidos com os mesmos trajes utilizados pelo Herói do Tempo, na esperança que algum possuísse a coragem para enfrentar a entidade maligna que assolava o local, que um dia fora um reino próspero e que agora não passava de um grande oceano.

O Herói dos Ventos

Entre tantos garotos que recebiam a roupa do grande herói de outra era, temos Link. Habitante de Outset desde que nasceu, o menino vive com sua avó e sua irmã, e se vê como o responsável pelo bem-estar e segurança de ambas. No mesmo dia em que recebe, de muita má vontade, as roupas de sua avó, Link e sua irmã testemunham um grande pássaro carregando uma garota de orelhas pontudas enquanto um grande navio pirata tenta resgatá-la. Após várias tentativas, os piratas conseguem atingir a grande ave e a garota cai em uma floresta no topo de Outset.

Aryll, a irmã de Link
Com seus instintos heroicos à flor da pele, Link decide partir ao resgate da garota e consegue rapidamente encontrá-la. Entretanto, a garota, chamada Tetra, é bastante arrogante e sequer agradece Link, que a segue para fora da floresta. Lá fora, o garoto avista sua irmã correndo ao seu encontro quando de repente o grande pássaro dá um rasante e a leva embora. Desesperado, Link pede para Tetra levá-lo em seu navio para que ele possa resgatar sua irmã, sem fazer a menor ideia do tamanho da encrenca em que está se metendo.

Link partindo em sua jornada
O garoto fica sabendo por um carteiro que há rumores que o pássaro vive em Forsaken Fortress, local onde um ser maligno supostamente fez sua base e que ele vem sequestrando garotas de orelhas pontudas e loiras que encontra pelo Great Sea. Link então parte para o resgate e chega até a fortaleza. Após explorar o local sem ser notado pela grande quantidade de guardas espalhados por lá, o herói encontra sua irmã, mas logo é capturado pelo pássaro que o leva ao topo do local e o entrega para seu líder, um homem grande de cabelos avermelhados que ordena que a ave se livre do garoto.

O gigantesco pássaro impede Link de salvar sua irmã
Link então é arremessado para longe e é resgatado por um barco falante chamado King of Red Lions, que explica ao garoto que o homem de cabelos vermelhos se chama Ganondorf e é o mesmo citado pela lenda do antigo reino de Hyrule. O barco ainda revela a Link que se ele realmente deseja resgatar sua irmã ele deverá ficar muito mais forte e que ele estava disposto a ajuda-lo em sua jornada pelo grande oceano. E assim começa uma das mais incríveis aventuras de Link.

Nostalgia repaginada

Apesar do preconceito de boa parte dos jogadores, The Wind Waker sempre foi um legítimo título da série, seja pelo seu enredo ou, principalmente, pela sua jogabilidade, que evoluiu tudo que foi apresentado por Ocarina of Time e Majora’s Mask para um nível sem precedentes. Contudo, nem tudo era perfeito no jogo de dez anos atrás. Em primeiro lugar, navegar pelo Great Sea, apesar de divertido, era um pouco maçante em certos momentos da aventura, já que o deslocamento era algo muito demorado, mesmo com a Ballad of Gales e seus ciclones. A aventura também era conhecida por ser uma das mais fáceis de toda a franquia e, além disso, uma determinada tarefa a ser cumprida na segunda metade do título incomodava a muitos por quebrar completamente o ritmo da jornada além de parecer apenas uma desculpa para alongar o jogo.

Link impressionado com o novo visual de Windfall
Com esses problemas em mente, a Nintendo decidiu reformular certos aspectos do jogo para torna-lo ainda melhor. A primeira medida tomada pela Big N foi criar uma nova vela para o King of Red Lions que torna o deslocamento pelo Great Sea algo muito mais rápido e prático. A vela, que pode ser obtida por meio de um leilão em Windfall Island triplica a velocidade do barco de Link e deixa as viagens mais dinâmicas e prazerosas.

Navegar se tornou algo muito mais rápido com a Swift Sail
O Hero Mode, apresentado pela primeira vez em Skyward Sword, faz seu retorno em The Wind Waker HD e, ao contrário do que ocorria do título de Wii, em que era necessário finalizar a aventura para disponibilizar a nova dificuldade, o modo já vem destravado logo de cara. Para quem não sabe, no Hero Mode os inimigos tiram o dobro de dano com seus ataques e não é possível encontrar corações para recuperar energia, sendo isso possível apenas com poções. Com isso, a dificuldade do título aumenta substancialmente e, certamente, agradará todos aqueles que se queixaram da facilidade do jogo quando lançado para GameCube.

O Hero Mode adiciona desafio ao jogo, que é fácil na maior parte do tempo
Por fim, a exaustiva quest final foi reformulada. Agora não é mais necessário desembolsar milhares de Rupees e empreender uma jornada sem fim pelo Great Sea, já que a quantidade de mapas a serem traduzidos foram reduzidos em mais que a metade. Mesmo não sendo um com novo templo, como muitos esperavam, o encurtamento da tarefa é satisfatório e torna tudo mais rápido e fluido nos momentos finais da aventura que, no conjunto, é uma das mais consistentes e envolventes da série.

A caça ao tesouro foi bastante encurtada
Além destes ajustes nos supostos defeitos do jogo de 2002, a Nintendo ainda adicionou outras melhorias, algumas menores e outras mais significativas ao jogo. A mais representativa foi a inclusão das Tingle Bottles, itens que permitem que os jogadores escrevam pequenas mensagens e deixem-nas em garrafas para que outros jogadores, quando passarem pelo local, recolham-nas e as leiam. A adição é interligada com o Miiverse para tornar a experiência integrada às propostas de comunidade tanto alardeadas pela Nintendo durante o período de lançamento do Wii U e vem para substituir a conectividade entre o GameCube e o Game Boy Advance utilizada pelo jogo em 2002.

Obtida no inicio do jogo, a Tingle Bottle permite a troca de mensagens via Miiverse!
The Wind Waker HD ainda faz uso de algumas funcionalidades do GamePad, como a tela de toque – que é usada para navegar facilmente pelos mapas e equipar itens com mais agilidade – e os sensores de movimento, que assim como em Ocarina of Time 3D, são utilizados para mirar com o arco e flecha e outros itens. Apesar de parecerem simples, as adições tornam a jogabilidade muito mais fluida e prazerosa do que já era e fazem com que os controles do jogo sejam absolutamente perfeitos. Para os que ainda não curtem o GamePad, a Nintendo ainda adicionou a possibilidade de se jogar o título com o Pro Controller, garantindo assim uma jogabilidade mais tradicional à aventura, que também pode ser jogada pela tela do GamePad, sem necessidade da televisão.

Na tela do GamePad são exibidos os itens e mapas de Link

O verdadeiro remake em HD

Nesta geração de jogos em alta definição, as desenvolvedoras lançaram a moda de relançar jogos antigos remasterizados para tentar abocanhar um pouco mais do dinheiro dos fãs. Com alguns filtros aqui e novas texturas ali, boa parte dos trabalhos acabam não sendo de alta qualidade e se caracterizam como simples caça-níqueis. The Wind Waker HD é a primeira conversão em alta definição lançada pela Nintendo e as expectativas quanto ao trabalho da empresa neste tipo de conversão estavam muito altas. Felizmente elas foram alcançadas e facilmente superadas! Apesar de, em essência, o jogo ser exatamente o mesmo, a Nintendo parece ter refeito o jogo de zero, tamanho o capricho e cuidado com cada detalhe.

The Wind Waker HD possui cenários belíssimos!
Os gráficos do jogo, que já eram de encher os olhos, ficaram simplesmente fenomenais. A Nintendo aplicou texturas em alta definição e efeitos de luz dignos de uma nova geração. Todos os cenários estão mais detalhados, mais coloridos e belos. Navegar pelo Great Sea em meio a gaivotas planando ao seu redor e o pôr do sol ao fundo já era uma experiência inigualável no GameCube e se tornou algo inesquecível no Wii U, que mostra todo seu poder no que é facilmente seu jogo mais bonito lançado até o momento.

Para os que acham que não mudou nada, pensem novamente...
Infelizmente, as belíssimas composições do jogo não foram orquestradas para este remake, o que é uma pena se considerarmos que o título possui algumas das melhores trilhas sonoras de toda a série. Contudo, nem isso tira o brilho de um remake feito com tanto esmero, que é facilmente notado desde os primeiros minutos de jogo. Em contraposição à falta de músicas orquestradas, nota-se facilmente a melhora dos efeitos sonoros do título, que estão muito limpos e belos, ainda mais quando jogados com tecnologia Surround.

Além de divertido, The Wind Waker possui cenas épicas

Clássico inesquecível... duas vezes

Se The Wind Waker foi um marco para a franquia The Legend of Zelda em 2002, sua versão HD faz o mesmo trabalho hoje, mas para a Nintendo como um todo. O jogo não só mostra do que o Wii U é capaz como também prova que a Big N é capaz de recriar seus clássicos a ponto de mantê-los atuais mesmo muito tempo após seu lançamento. The Wind Waker tem tudo para fazer com que as vendas do Wii U cresçam e a visão do console de boa parte da indústria mude da água para o vinho.


Com grandes melhorias em praticamente todos os aspectos técnicos e de jogabilidade do título, The Wind Waker HD é, facilmente, o melhor jogo lançado até agora para o Wii U, sendo obrigatório para qualquer proprietário do console. A situação se torna ainda melhor se pensarmos que o game é apenas uma pequena amostra do que podemos aguardar do novíssimo título da série, que deve ser anunciado em breve. Geralmente parto do princípio de que nada é perfeito, mas certas obras são tão gratificantes que, mesmo com alguns defeitos mínimos, não podem ter todas as suas maiores qualidades ofuscadas por eles, e The Wind Waker HD é uma das – senão a maior – prova desta filosofia.

Prós

  • Um dos melhores enredos de toda a série;
  • Grandes melhorias nos pontos criticados dez anos atrás;
  • Adições incríveis à jogabilidade;
  • Gráficos espetaculares que demonstram todo o poder do Wii U;
  • Excelente uso do Miiverse;
  • Efeitos sonoros cristalinos.

Contras

  • As composições poderiam ter sido orquestradas.


The Legend of Zelda: The Wind Waker HD – Wii U – Nota: 10.0
Revisão: José Carlos Alves
Capa: Leonardo Correia 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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