O Wii U ainda tem chances contra seus concorrentes?

em 08/12/2013

E o momento que todos os nintendistas ao redor do mundo temiam chegou. O Wii U, até então único console de nova geração disponível no m... (por Unknown em 08/12/2013, via Nintendo Blast)


E o momento que todos os nintendistas ao redor do mundo temiam chegou. O Wii U, até então único console de nova geração disponível no mercado, não está mais sozinho e os sucessores do PlayStation 3 e do Xbox 360 finalmente estão nas prateleiras. Em uma análise rápida e sem muita reflexão, podemos pensar que o console da Nintendo, que já não ia muito bem das pernas, está indo cada vez mais rápido para o limbo, mas talvez estejamos redondamente enganados. Saiba agora alguns motivos que me levam a pensar assim.


A febre do lançamento

Como todos sabemos, qualquer novo hardware no mercado causa um estrondo imenso. As vendas chegam às alturas e é natural que boa parte dos jogadores se empolgue muito com as novidades disponíveis. Gráficos melhorados, novas formas de se jogar e o principal: campanhas de marketing arrebatadoras que fazem com que os jogadores se sintam pessoalmente convidados a gastar seu suado dinheirinho em um novo console (qualquer semelhança com comerciais recentes não é mera coincidência).


O resultado não poderia ser diferente: milhões de consoles são vendidos na primeira semana e isso se estende por um ou dois meses. Mas como Ian Curtis, vocalista da excelente banda Joy Division, já dizia muito bem há mais de vinte anos, “o que você vai fazer quando a novidade terminar?”. Na indústria dos jogos essa resposta é bem fácil de ser respondida: praticamente nada.

As filas imensas se repetem...
O PlayStation 4 e o Xbox One são consoles com diversas qualidades que certamente garantirão seu sucesso durante este novo ciclo de hardwares, mas a verdade é que no momento não há bons motivos que nos levem a adquiri-los. Com sistemas operacionais que parecem estar em fase beta, diversos relatos de problemas em peças como a entrada HDMI do PS4 e os drives de blu-ray do Xbox One e uma line-up nada impressionante, os consoles só valem ser comprados para os mais aficionados por novas tecnologias e não aguentam esperar o momento em que os aparelhos estiverem realmente funcionando bem e com jogos que valem a pena ser jogados.

...e os festival de luzes da morte também.
E não venham me dizer que o lançamento do Wii U foi muito superior do que os descritos acima. O console da Nintendo foi lançado com uma série de ports, um Mario em que a Nintendo fingiu que inovou e nós fingimos que acreditamos e uma tonelada de ports de jogos que já havíamos jogado um ano antes. Além disso, para quem não se lembra, o sistema operacional do console era extremamente lento e algumas unidades do console sequer ligavam, defeito que ficou conhecido com Blue Light of Dead, já que o led do console ficava piscando sem que a imagem fosse transmitida para o televisor.

Admita: nem você se importou com a line-up de lançamento do Wii U
A verdade é que todo lançamento de novas tecnologias são passíveis de problemas, e com videogames a situação se torna ainda mais grave porque simplesmente não há muitos jogos para se jogar. Aconteceu com o Wii U e com o 3DS e vai acontecer/está acontecendo com os novos consoles da Sony e da Microsoft, e isso não é demérito de nenhuma destas empresas.

O fim do Wii U?

Com a fraquíssima line-up de lançamento dos novos consoles e um grande hiato de lançamentos (ou ninguém percebeu que os novos consoles não têm praticamente nada previsto para os próximos meses?), o Wii U, até então ovelha negra não apenas da Nintendo, mas da história dos videogames, começa a mostrar suas qualidades. A Nintendo teve um ano de vantagem, tempo o bastante para lançar jogos de qualidade para seu console e se vocês pararem para pensar, fez até mais do que muitos esperavam. Apesar do início de ano morno, em que apenas Game & Wario foi lançado pela Big N, o segundo semestre foi marcado por títulos de imensa qualidade como Pikmin 3, The Wonderful 101, Sonic Lost World, The Legend of Zelda: The Wind Waker HD e Super Mario 3D World.

Mario, mais uma vez, pisoteando seus adversários
Para agradar a jogadores casuais que adentraram o mundo da Nintendo com o Wii, a empresa tratou de trazer Wii Party U, Wii Sports Club e Wii Fit U. Para completar a enxurrada, as cruéis e boicotadoras third parties ainda nos trouxeram Rayman Legends, Splinter Cell: Blacklist, Batman: Arkham Origins, Call of Duty: Ghosts, Assassin’s Creed IV: Black Flag entre outros, fazendo com que o Wii U tenha recebido todos os grandes jogos de third parties deste final de ano. Agora pense bem nessa line-up e responda: em que geração a Nintendo lançou tantos jogos de peso em um período tão curto de tempo? Nenhuma.

O famigerado cachorro da Actvision também debutou no Wii U
Como se não bastasse, a Big N corrigiu diversos problemas do sistema operacional de seu console, tornando-o mais rápido, funcional e intuitivo. O Miiverse se integrou a outras redes sociais e se tornou ainda mais interessante e novos aplicativos chegaram e tornaram o console mais completo. E o problema da luz azul? Morreu. Com tudo isso, é impossível não admitir que o Wii U finalmente se tornou um console completo, com experiências que podem agradar não apenas a fãs da Nintendo, mas também a jogadores que curtem gêneros que se afastem do que a Big N está habituada a produzir.

O Miiverse está evoluindo cada vez mais!
Com uma line-up muito sólida e um console muito bem construído, a Nintendo tratou de baixar o preço de seu console e criar uma infinidade de bundles interessantíssimos para este final de ano. De Skylanders a Zelda, passando por Wii Party e Mario, a gigante nipônica criou produtos que se encaixam com diversos perfis de jogadores, o que já começa a dar resultado tanto nos Estados Unidos quanto no Japão, países em que as vendas do console cresceram significativamente nas últimas semanas, sendo destaque da Black Friday, em que o console vendeu mais até que o PlayStation 4.

Os efeitos negativos do hype

A Microsoft e a Sony venderam seus novos produtos como grandes revoluções, capazes de redefinir o conceito dos videogames para sempre. E não foi bem isso que aconteceu. Com todos os problemas que já apontei, a mídia não ficou calada e uma onda de artigos que tratavam os problemas dos novos consoles começou a tomar conta dos grandes portais de todo o mundo. Sorte da Nintendo, que antes disso era vitima das mais apocalípticas profecias de falência  que foram deixadas de lado para que problemas no botão eject do PS4 fossem reportados. Mas a Big N foi ainda mais sortuda: estranhamente, todos os portais não só decidiram falar de muitos problemas e das decepções dos novos consoles como também apontar como o Wii U é a melhor escolha para o natal de 2013.

LocoCycle ou Zelda? Escolha difícil...
Desde o Times até a Edge, boa parte da mídia passou a chamar o Wii U de joia escondida, verdadeiro next-gen e outros elogios que, há menos de um mês, só eram ditos para fazer oposição ao console da Nintendo. Querendo ou não, a mídia tem grande efeito sobre o público, e o console está começando a ser visto com outros olhos, já que não há bom argumento para defender Ryse (XBO) ou Knack (PS4) frente a Super Mario 3D Land ou Wind Waker HD. E assim o Wii U começa a ver uma luz no fim do túnel no momento mais improvável e temido de sua ainda muito curta vida.

E o efeito perdurará?

Não podemos dizer que tudo isso faz com que a Nintendo será a vitoriosa na guerra dos consoles, tampouco se o Wii U será ou não um fracasso. Mas a Nintendo mais uma vez está com a faca e o queijo na mão. Enquanto os concorrentes não possuem muitos jogos de peso anunciados para o ano que vem, a Big N conta com Donkey Kong Country: Tropical Freeze, Super Smash Bros. for Wii U, Mario Kart 8, X e com alguma sorte o antecipadíssimo novo Zelda.

Skull Kid pedindo à Lua que o Wii U se recupere...e que a Nintendo refaça seu jogo
Resta apenas a Nintendo não deixar a peteca cair. Com os problemas da nova geração, a empresa ganhou mais alguns meses para emplacar de vez seu novo console. Se a estratégia utilizada com o 3DS funcionar novamente, o Wii U promete ter um futuro brilhante e ressurgir das cinzas e protagonizar uma das mais incríveis viradas de mesa da história dos videogames. Resta-nos apenas torcer para que a Nintendo esteja percebendo esta enorme chance que seus concorrentes lhe deram.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Sybellyus Paiva

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