Pokémon Bank: respostas para as dúvidas mais frequentes sobre o aplicativo

Amanhã deveria ser possível realizar o download do tão esperado Pokémon Bank, mas como você pode ler aqui, o lançamento ocidental foi adiado e ele foi removido do eShop japonês (lá foi lançado dia 25). Para você que está desatualizado, o Pokémon Bank é um aplicativo que permitirá transferir os Pokémon das versões Black, White, Black 2 ou White 2 para as mais recentes versões do 3DS, Pokémon X/Y. O aplicativo terá 30 dias gratuitos, mas depois desse período só será possível utilizá-lo por meio de uma taxa anual. Muitas dúvidas ainda estão na cabeça dos treinadores sobre esse novo aplicativo e sua funcionalidade. Então aqui estão as respostas para as dúvidas mais frequentes.

Uma nova Kalos

Pokémon X/Y é o jogo que temos mais Pokémon disponíveis logo no início. Nos games anteriores tínhamos apenas os Pokémon daquela região e alguns dos antigos, como Zubat e Tentacool. Em Ruby/Sapphire, antes do lançamento dos jogos para Game Cube ou os remakes de Red/Blue, tínhamos acesso a 200 Pokémon (desconsiderando Jirachi e Deoxys, acessíveis apenas por eventos), sendo que 125 desses eram totalmente novos, e 75 que estávamos familiarizados, se lembro bem. E esse cenário não foi muito diferente até Black 2 e White 2, o título teve mais opções de Pokémon sem precisar transferir de outras versões, mas X/Y se superou, e muito, nessa variedade (que pode ser notada antes mesmo de terminar a história principal do jogo). Com o Pokémon Bank teremos acesso a todos os Pokémon de jogos anteriores.

Devido à grande variedade de monstrinhos em Kalos, muitas pessoas gostariam de que essas versões não tivessem retrocompatibilidade, pois elas conseguem funcionar bem sem precisar se apoiar nas versões anteriores. Então, bastaria trazer os Pokémon restantes em uma versão futura (Z, R, S, ou para o console de mesa, como no caso do Game Cube). Mas o maior medo dos jogadores é que, apesar da Nintendo informar que está trabalhando para eliminar o uso de programas que interferem no jogo (editores que criam Pokémon e inserem no jogo, por exemplo), é a quase certeza de que a Nintendo falhará, pois já falhou em gerações passadas. E como o jogo está hoje, ainda não é possível usar esses programas no 3DS. Com isso, X/Y é um jogo "limpo", sem cheats, mas é quase inevitável que os Pokémon criados em editores nas versões Black, White, Black 2 ou White 2 cheguem em Kalos por meio do Pokémon Bank (como aconteceu por meio do Pokémon Bank japonês). Nessa situação, não poderão existir Pokémon de Kalos (capturados ou breedados) feitos em editores. Mas ainda assim, vários Pokémon shiny feitos nas versões anteriores já chegaram em Kalos por meio do Pokémon Bank japonês.

Antes das perguntas, um papo sobre hack e cheat

E já que entramos nesse assunto, vocês devem lembrar do Instacheck: um programa que permitia reconhecer um ovo com Pokémon shiny antes de chocá-lo e assim você poderia procurar a "barriga de aluguel" ideal para chocar seu ovo de monstrinho brilhante. Apesar da boa intenção de facilitar a caça por shinies, ele foi origem do Battle Analyzer, um outro programa que usando a mesma mecânica do Instacheck, permitia receber dados sobre um oponente durante uma batalha, informações sobre seus Pokémon (itens, ability, golpes), e isso levou a Nintendo a desativar as Rating Battles para resolver o problema (que foi solucionado com êxito, hoje nenhum dos dois programas funcionam). De quebra, um glitch que permitia clonar Pokémon também foi solucionado (pela primeira vez nos jogos das franquia!)

O Poksav, o editor mais popular entre os treinadores, permite criar um Pokémon com qualquer atributo (stat) que desejar, nature, ability, se será shiny ou não, ou até se virá com um item que não pode ser obtido no jogo, como Soul Dew (já que não é possível transferir itens para Unova). Entretanto, jogos para consoles de mesa como Pokémon Battle Revolution (Wii), conseguem identificar quando um Pokémon está fora dos padrões permitidos, especialmente em atributos (ou seja, nada de stat 999). O mesmo acontece com o modo online desde o começo em Diamond/Pearl (resultando no jogador bloqueado de partidas online). Logo, vocês não encontrarão Pokémon com stats 999 tão fácil por aí. Quem costuma usar o editor, faz uso dele "dentro das regras", cria um Pokémon que é possível obter dentro das regras do jogo em questão de atributos e abilities. Há quem julgue esses jogadores como desonestos por estarem pegando um atalho e conseguindo Pokémon sem esforço. Há quem julgue esses jogadores como normais, baseando-se em justificativas como "não ter tempo pra jogar por causa do trabalho". Fato é que jogadores assim têm menos experiência dentro do jogo.

Por exemplo, Electivire com Ice Punch. Esse é um egg move bem comum e conhecido por muitas pessoas que não jogam em torneios. Mas quem está acostumado a usar editores, pode não saber como isso funciona. Pode pensar que Electabuzz aprende por nível (o que faria sentido), mas se souber que ele aprende por breeding, pode não saber por qual Pokémon. Eu já comentei em outra matéria aqui sobre o rapaz que vence vários torneios de Pokémon em São Paulo, mas não sabia capturar um Pokémon quando pedi pra ele. Além de tantos jogadores em torneios que nem se quer completaram a história principal do jogo (vencer todos os ginásios) e já têm boxes e mais boxes de Pokémon Lv100 - alguns ironicamente têm como "onde foi obtido" o Day-Care, sem que tenham sequer chegado nessa parte do jogo.

Em minha opinião, eu não me importo com atitudes que não afetam meu jogo. Cada um pode se divertir como bem quiser. Mas um fato é que essas pessoas têm menos experiência no jogo de forma geral, e é em X/Y que isso ficou mais evidente. Muitos campeões de torneios não têm vencido (nem participado, em muitos casos) competições nesses dois meses de jogo. E não é por questão de não ter Pokémon, pois há muitos treinadores com boxes e mais boxes de Pokémon em Lv100 já nas primeiras semanas de novembro. Muitos desses "vencedores" não sabem breedar, pois nunca o fizeram, provavelmente devido a facilidade do Poksav. Muitos desses vencedores não sabem capturar Pokémon, como já citei. Muitos desses vencedores não sabem como alguns Pokémon evoluem, pois nunca precisaram fazer. E é aí que editor, na minha visão, se torna um problema, pois se é para jogar apenas batalhar e não conhecer nada das atividades básicas in-game, me parece tolice investir R$150 comprando um cartucho ao mesmo tempo que é possível fazer isso de graça em simuladores de combate como o Pokémon Showdown. Mas claro, assim como cada um pode se divertir como quiser, cada um pode investir seu dinheiro onde ou como quiser.

Se me permitem usar um bom exemplo, Ricardo Toddy. Como eu participo de muitos fóruns e grupos relacionados a Pokémon (apesar de não postar com frequência), eu acabo por observar, mesmo que de longe, alguns treinadores. Toddy tem um canal no YouTube que divulga suas batalhas, e no jogo ele tem cerca de 200 vitórias. Esse não é um número alto, mas é um número que mostra que ele tem Pokémon prontos e está participando de batalhas com eles. Ele usou Poksav nas versões antigas, mas há alguma dúvida de que ele sabe breedar e fazer seus próprios Pokémon? Claro que sabe! E sabe jogar, pois está fazendo isso sem poksav. Em contrapartida, há dezenas de treinadores que venceram muitos torneios nos jogos do Nintendo DS, mas têm menos de 50 horas de jogo (mesmo tendo pego o jogo no lançamento), não terminaram a história principal, e estão apenas esperando o Pokémon Bank. Esses não terão qualquer Pokémon de Kalos treinado por algum tempo, isso até que seja desenvolvido um editor para o 3DS. Em outro exemplo eu tenho um amigo, que não preciso citar o nome, que jogou em Diamond/Pearl usando Poksav e atualmente está sofrendo para conseguir breedar seus Pokémon, apesar de já ter pego o jeito e conseguido alguns resultados. Breedar não é difícil, basta tentar um pouco. Ao mesmo tempo que "vencer uma batalha" não significa ser bom em todos aspectos.

Finalmente, perguntas!

Sem enrolação, vamos para as perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas vocês podem encontrar no site oficial. O que temos aqui é uma interpretação livre e reduzida com adição de algumas perguntas que vejo por grupos e fóruns nacionais.

Pergunta: Eu não preciso do Pokémon Bank. Posso comprar o PokéTransporter separadamente?

Resposta: Não, o PokéTransporter é um software que funciona junto do Pokémon Bank.

Pergunta: Quais são os detalhes sobre o período gratuito do Pokémon Bank?

Resposta: O software deveria estar disponível para download no dia 27 de dezembro. Caso você baixe e abra ele até o dia 31 de janeiro (ou uma nova data a ser informada), você poderá usá-lo gratuitamente por 30 dias. Se você baixar o Pokémon Bank nesse período, mas não abrir (executar o aplicativo), não terá direito aos 30 dias. Quem já baixou (no caso dos japoneses) terão os 30 dias resetados.

Pergunta: Por qual razão Pokémon Bank tem uma taxa anual de US$4,99?

Resposta: A ideia é usar o Pokémon Bank em jogos futuros. Pensando a longo prazo, será necessário manutenção para que usuários possam usar o software sem problemas.

Pergunta: Se eu deposito um Pokémon no Pokémon Bank, mas minha anuidade ou período gratuito expira, eu perco o Pokémon?

Resposta: Sim e não. Quando a anuidade ou período gratuito expirar, vocês terão um tempo (ainda não informado se são alguns dias ou semanas) para remover seus Pokémon de lá. Os Pokémon que não forem removidos até o tempo extra para remover, serão deletados.

Pergunta: Por qual razão o Pokémon Bank foi criado? Diferente do Pokémon Box e Pokémon Ranch, eu preciso pagar uma taxa anual e estar conectado na internet.

Resposta: Muitos jogadores haviam pedido um sistema de gerenciamento como Pokémon Box (Game Cube) nos últimos anos, Pokémon Bank é a realização desse pedido. A taxa já foi explicada, manutenção. Para quem quiser apenas passar os Pokémon uma vez e não fazer uso do aplicativo novamente, basta transferir durante o período gratuito.

Pergunta: Meu 3DS tem Parental Control para meus filhos. Eu preciso remover essa limitação para usar o Pokémon Bank?

Resposta: Sim, e quaisquer outras limitações sobre compras ou utilização do browser.

Pergunta: Há algum Pokémon que eu não possa depositar no Pokémon Bank?

Resposta: Sim, qualquer Pokémon que foi barrado pelo Pal Park e outras mecânicas de transferir Pokémon entre gerações ou trocas. Em X/Y há uma "segurança" que não permite trocar Pokémon hackeados em trocas comuns (atributos errados, etc). Um sistema similar está presente em Pokémon Bank. No entanto, Pokémon editados "corretamente" ainda passam.

Pergunta: E esse Celebi? Mesmo usando apenas o período gratuito, eu poderei ter um?

Resposta: Sim, qualquer usuário que utilizar o serviço (pagando anuidade ou não) até o dia 30 de setembro de 2014, terá direito ao Celebi. Ao contrário do que muitos acreditam, ele não se tornou fairy-type, continua sendo Grass/Psychic. Ele vem em nível 10 com Natural Cure e sem item. Seus golpes são Recover, Heal Bell, Hold Back e Safeguard. Hold Back é um novo golpe que até o momento apenas esse Celebi pode usar. Ele funciona de forma semelhante ao False Swipe.

Pergunta: Se eu sou o rei do camarote e tenho vários 3DS, aí decido trocar Pokémon entre um Pokémon Bank e outro, eu posso?

Resposta: Não, a interação do Pokémon Bank é entre os jogos, não entre eles.

Pergunta: Caso eu tenha perdido ou danificado meu 3DS no qual eu usava o Pokémon Bank, eu posso continuar usando em outro 3DS com minhas boxes antigas?

Resposta: Cada caso será tratado individualmente pela Nintendo.

E que venha o Pokémon Bank! Estou certo de que ele mudará completamente o cenário competitivo dos monstrinhos de bolso. Novos Pokémon, novas possibilidades, novas combinações. Lembrando que quando estiverem em X/Y, Pokémon antigos (versões do DS) poderão aprender novos golpes. Por exemplo, Whimsicott agora aprende Moonblast no Level 50. E há Pokémon antigos que poderão aprender golpes que não aprendiam antes, como aconteceu com Flareon. Vocês ainda poderão breedar eles em busca de IVs melhores. Pessoalmente, minha maior aposta vai pra Whimsicott que agora é Grass/Fairy e será mais chata que o comum. 

Revisão: Leonardo Nazareth

Capa: Vitor Nascimento