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Um treinador com ideais nobres que quer libertar os Pokémon das mãos humanas. Conheça mais sobre a história do misterioso N, de Pokémon Black & White

Pode-se dizer que a história de vida desse rapaz alto, com um longo cabelo verde e sempre com um boné tapando seu olhar firme e decidido, ... (por Unknown em 11/01/2014, via Nintendo Blast)

Pode-se dizer que a história de vida desse rapaz alto, com um longo cabelo verde e sempre com um boné tapando seu olhar firme e decidido, é o conto do Tarzan do mundo Pokémon. Deixado no meio da floresta quando pequeno, o garoto sem nome foi criado por diferentes criaturas. Os monstrinhos lhe deram tudo que precisava para sobreviver, além de conforto, carinho e, acima de tudo, companhia. Com um coração puro e uma mente aberta, ele podia compreender cada sentimento de seus amigos. Poder falar com os Pokémon é um dom único e raro. Uma pena que pessoas inescrupulosas iriam querer se aproveitar das habilidades do jovem e em breve ele se tornaria um rei de uma organização que iria lutar ao seu lado em nome da liberdade dos Pokémon. Ou pelo menos, era isso que ele pensava. Está na hora de conhecer mais sobre a fascinante história de Lorde N, rei do Team Plasma e um dos personagens mais complexos e profundos da franquia dos monstrinhos de bolso.
CUIDADO: O texto a seguir contém spoilers para quem não jogou Pokémon Black & White e Black & White 2. Leia por sua conta e risco!

Um jovem sereno e idealista, mas um rei poderoso

Bem, antes de nos aprofundarmos na história e descobrirmos a personalidade do jovem N, uma pergunta que não quer calar é: qual o seu nome verdadeiro? Pois, claramente, “N” não deve passar de um apelido. Consultando sua biografia, descobre-se que seu nome é Natural Harmonia Gropius... Hein? Então, esse título pode não fazer muito sentido agora, mas quando começarmos a analisar a vida desse personagem tão complexo, entenderemos seu verdadeiro significado. Sendo assim, vamos começar pelo começo, obviamente. Apesar de alguns aspectos de sua infância permanecerem confusos, sabe-se que quando pequeno, N se tornou órfão e passou a viver ao lado de Pokémon na floresta. Criado pelos monstrinhos, o jovem cresceu com o coração puro e inocente, além de desenvolver um laço especial com as criaturas. Por esse motivo, diziam que N era capaz de entender e se comunicar com os Pokémon. Uma habilidade realmente única para qualquer ser humano.
O pequeno N cresceu cercado por Pokémon e desenvolveu um laço especial com os monstrinhos.
A vida do jovem mudou quando o inescrupuloso Ghetsis encontrou N, dizendo-lhe que era seu pai e o levou consigo pra criá-lo como futuro líder do Team Plasma, uma organização de aspecto medieval com objetivos obscuros. Os membros do mais alto escalão da organização, os Seven Sages, educaram N em diversas matérias, desde história até filosofia. Enquanto isso, Ghetsis utilizava o amor de N pelos Pokémon para lhe incutir a ideia de que as criaturinhas precisavam ser libertadas das mãos humanas, pois sofriam nas mãos dos treinadores. Para tanto, o velho apenas mostrava a N Pokémon que haviam sido machucados e maltratados por treinadores sem compaixão e, em pouco tempo o jovem começou a acreditar que todos os humanos eram ruins e os Pokémon precisavam ser libertados. Isso servia muito aos interesses de Ghetsis e do Team Plasma, já que assim N tornaria-se o porta-voz da organização ao pregar ao mundo seu ideal de construir uma sociedade na qual os Pokémon fossem livre das pokébolas e vivessem separados dos humanos.
N se torna um jovem calmo, confiante e cheio de ideais nobres.
Para N, não havia nenhum problema com sua ideia. Em sua cabeça, o jovem nada mais estava fazendo do que dar a liberdade aos seus amigos e não permitir que os Pokémon fossem mais utilizados para promover batalhas dolorosas. Era um ideal belo que buscava a harmonia no mundo. O problema é que, em sua inocência e  vontade de proteger os Pokémon, o jovem não percebia que passava apenas de uma marionete nas mãos de Ghetsis. N seria usado como o instrumento que permitiria ao Team Plasma apoderar-se de todos os Pokémon em nome de uma “causa justa”. E esses planos maléficos logo seriam postos em prática após N ser coroado Rei do Team Plasma em uma cerimônia pomposa. Ghetsis e os Sages sempre trataram a grande organização como uma monarquia que muito em breve iria espalhar seu poder por todo o mundo.
N se torna Rei do Team Plasma. Mesmo assim, Ghetsis sempre tinha a última palavra na gigantesca organização.
Para cumprir os objetivos do Team Plasma, Ghetsis buscava os dragões lendários da região de Unova, Zekrom e Reshiram. Conforma dizia a lenda, os Pokémon lendários voltariam ao mundo para lutar pela harmonia entre humanos e Pokémon e, cada um escolheria um herói lendário para seguir. O velho pretendia utilizar os poderes dos dragões para dominar o mundo, então convenceu N de que ele era o herói da lenda, e somente ele poderia encontrar os pokemon lendários e criar um mundo separado para humanos e Pokémon. E é assim que N e a Team Plasma iniciam sua missão em Unova, provocando grandes problemas. Durante a jornada do treinador protagonista em Black & White, encontramos N várias vezes durante a viagem pela nova região. Além de sempre apresentar ao jogador questões filosóficas profundas e uma grande reflexão sobre o sentido das batalhas Pokémon, N sempre luta com convicção contra o treinador protagonista. E apesar de parecer irônico que ele utilize Pokémon para fins de combate - o que vai contra seus ideais - ele não acredita que está fazendo os monstrinhos sofrerem. Para N, seus poké-amigos estão apenas lhe ajudando a alcançar seus objetivos.
Os diálogos de N sempre mostram como as ideias do personagem são profundas e filosóficas.
Ao longo dessas conversas e batalhas, fica dfícil dizer se N é um vilão ou não. Como definir que uma pessoa é malvada quando ela possui tanta certeza de que a causa pela qual está batalhando é justa, correta e possui argumentos de sobra para reforçar seus ideais? Além disso, N sempre passa uma calma de espírito quando conversa com o treinador, sem demonstrar nenhum tipo de raiva ou mesmo fanatismo pela sua causa. Na verdade, ele nem tem porque se exaltar ao defender suas ideias. Para N, seu plano de trazer a liberdade para os Pokémon é correto e não há dúvidas de que ele planeja fazer a coisa certa. Seus sentimentos são sinceros e ele transmite sua calma e convicção diretamente aos seus pokémon em cada batalha. Mesmo assim, em certos momentos as ideias de N são postas a prova, já que ao poder se comunicar com os Pokémon, ele acaba sempre ouvindo que os Pokémon do treinador estão muito felizes ao seu lado, algo que é impossível para seus ideais. Infelizmente, N iria descobrir que, por mais sólido que os alicerces de suas convicções fossem, em breve, eles começariam a ruir.

O renascimento do herói lendário

N entra em contato com a lenda dos dragões Pokémon de Unova ao visitar a antiga Dragon Spiral Tower, um lugar que antigamente tinha servido de abrigo aos lendários Zekrom e Reshiram. É lá que o jovem encontra o dragão lendário, que o aceita como o herói da lenda e decide lutar ao seu lado. Com Zekrom/Reshiram em sua companhia, N não possui mais dúvidas de que seu sonho em breve se tornará realidade, basta que ele encontre o outro dragão lendário para assim, com o poder das duas criaturas, criar um mundo para os humanos e um mundo para os Pokémon. Para N, a harmonia completa somente será atingida quando ambas as raças não dependerem uma da outra e nenhum Pokémon sofrer mais batalhando.
O dragão lendário escolhe N como o legítimo herói que levará Unova a uma nova era.
Nos momentos finais do jogo, N volta com toda a equipe do Team Plasma para pôr a parte final do seu plano em prática. Depois de derrotar a Elite Four, o jogador encontra o jovem discutindo com o campeão Alder sobre como é errado utilizar os Pokémon como ferramentas para batalhar. E depois que ele não consegue convencê-lo a tomar partido de suas ideias, Ghetsis aparece e invoca o misterioso castelo medieval de N do fundo do solo. Em um dos momentos mais incríveis da aventura, a grande estrutura do castelo se une à liga Pokémon e assim começa a jornada do treinador por esse imenso palácio, batalhando com os capangas do Team Plasma e tentando acabar com os planos de Ghetsis e N. E se o treinador investigar o castelo, encontrará o quarto de N em um dos andares, com objetos da infância do rapaz como uma bola de basquete com seu misterioso nome grafado.
O quarto de N no castelo do Team Plasma. Parece que o jovem se divertia muito, não é mesmo?
N encontra-se no topo do castelo e, ao perceber a presença do treinador, ele invoca o Pokémon lendário Zekrom/Reshiram, proclamando-se o herói da lenda. Cumprindo com as vontades de Ghetsis, ao fazer isso, N sabia que o outro dragão lendário deveria aparecer. E é exatamente isso que acontece. Só que para a surpresa dos vilões, o Pokémon recém-chegado acaba escolhendo o treinador protagonista como seu herói da lenda. Após uma batalha feroz entre as duas lendas, N acaba perdendo. Normalmente se esperaria que o jovem reagisse com raiva, mas sua serenidade permanece. Ao perder, N percebe que talvez seus ideais não estejam corretos, pois se os Pokémon lendários não destruíram tudo com seu poder, significa que eles desejam buscar a harmonia de uma forma mais pacífica do que N supunha. O jovem toma consciência de que no fim, Pokémon podem ser felizes ao lado de treinadores quando se comunica com o próprio Zekrom/Reshiram.
Para provar suas crenças, N trava uma batalha feroz com os dois dragões lendários.
As ideias de N transformam-se radicalmente e os olhos do jovem são finalmente abertos quando, renunciando aos seus objetivos e desejando viajar com o Pokémon lendário e descobrir mais sobre o relacionamento entre humanos e Pokémon, Ghetsis irrita-se e lhe manda cumprir o plano do Team Plasma. N deixa por conta do treinador se livrar do velho, já que, mesmo percebendo que era apenas uma marionete em sua mãos, ele não pode batalhar com aquele a quem chamava de “pai”. E depois de Ghetsis ser derrotado e desaparecer, nada mais sobra para N do que, com o semblante calmo como sempre, partir para os lugares mais distantes de Unova e aprender mais sobre o mundo e si mesmo ao lado do dragão lendário.
Com a mente e coração mudados, N parte para uma jornada em busca de harmonia (e de si mesmo também).
Ao contrário de Black & White, na continuação Black & White 2, o protagonista encontra N somente no final da aventura, para ajudar o jogador a destruir os planos da Team Plasma. Durante a jornada, conversando com alguns personagens, podemos ver alguns flashbacks sobre a história do jogo anterior, com detalhes nunca antes vistos, como partes da história de N. É impressionante perceber como o carisma do jovem era forte, pois mesmo sem saber o seu paradeiro, a Team Plasma ainda o trata com muito respeito e como um lorde, apesar de seguir cegamente as ordens e ideias de Ghetsis, que agora comanda a organização com mão-de-ferro.
Em alguns flashbacks, podemos vislumbrar detalhes sobre a história de N com o Team Plasma.
O objetivo de Ghetsis ainda era o mesmo: dominar o mundo roubando todos os Pokémon e utilizando o poder deles. Agora, ele não utilizava mais a desculpa de “estar libertando eles da escravidão dos humanos”. Para tanto, ele planejava utilizar o poder de outro dragão lendário, Kyurem, que antigamente armazenava os dois outros dragões, mas agora não passava de uma casca vazia. Com os DNA Splicers, Ghetsis queria poder fundir um dos dragões lendários a Kyurem, tornando-o a arma perfeita para satisfazer seus planos. Roubando esse componente genético das mãos do protagonista, em Giant Chasm, ele atrai N que, inadvertidamente utiliza Zekrom/Reshiram para acabar com a festa do velho, mas acaba tendo seu amigo fundido com Kyurem. Com seu cajado, Ghetsis controla a fúria do terrível Pokémon e tenta atacar o jogador que, saindo vitorioso da batalha, recupera as DNA Splicers e derrota o vilão.

N chega com seu dragão lendário para frustrar os planos de Ghetsis.
Depois dessa sequência de eventos incrível, N ainda encontra o treinador mais algumas vezes e, no final, cheio de reminiscências ao se lembrar do outro treinador que dois anos antes havia mudado tanto sua mente, decide libertar Zekrom/Reshiram, permitindo que o jogador capture-o. Compreendendo que o dragão se sentia triste em ter que abandonar seu mestre, N lhe conforta e diz que é preciso fazê-lo para que ele possa compreender o mundo melhor. Lá, sozinho nas ruínas de seu velho castelo, N permanece contemplando o céu, pensativo e sereno como sempre, sabendo que ainda existem muitas coisas que ele precisa entender e que a verdadeira harmonia que ele tanto buscava está nas relações e no afeto de cada treinador pelo seu Pokémon.
Onde quer que N esteja, certamente ele está feliz ao lado dos Pokémon.

Revisão: Luigi Santana
Capa: Vitor Nascimento

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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