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Análise: River City: Tokyo Rumble (3DS) mistura beat'em up e RPG

Ajude Kunio a livrar-se dos bandidos que atormentam a paz nas ruas da capital japonesa.



Os  beat'em up, também conhecidos no Brasil como briga de rua, viveram sua época dourada nas gerações de 8 e 16-bits. Clássicos como Streets of Rage e Final Fight fizeram a alegria de muitos entre as décadas de 1980 e 1990. Entretanto, o gênero não envelheceu tão bem e atualmente são raros os representantes desse estilo de jogo que fazem sucesso. Para tentar resgatar a nostalgia de sair pela cidade socando membros de gangues, River City: Tokyo Rumble chega com exclusividade para o 3DS, desenvolvido pelo estúdio Arc System Works e publicado pela Natsume.


O game é um remake de River City Ransom, lançado para NES em 1990. Assumindo o controle de Kunio, um colegial esquentadinho que vive encarando integrantes de outras escolas, devemos enfrentar uma nova facção que está espalhando o terror pelas ruas de Tóquio. O enredo simples não é o ponto forte do jogo, como costumava acontecer com os beat'em up. O grande destaque de Tokyo Rumble está na sua mecânica que consegue fazer uma boa mistura de gêneros diferentes.

Beat'em up ou RPG?

Enquanto eu estava experimentando o título, fiquei na dúvida de como iria classificá-lo. Todas as características dos briga de rua estão presentes, como os combates corpo-a-corpo com numerosas hordas de bandidos, chefões muito mais fortes no final de cada etapa e a movimentação em duas dimensões para cima, baixo, esquerda ou direita. Porém, há também muitas particularidades dos RPGs, como subidas de níveis, roupas e armas que melhoram determinados atributos, além dos pontos de vida que substituem as barras de life dos inimigos.
Mascarados, podem vir!


A escolha por defini-lo como beat'em up veio pela essência do game, que valoriza muito mais a pancadaria do que a estratégia, e também por seu estilo arcade que o encaixaria perfeitamente em qualquer fliperama. Se realmente tivéssemos uma máquina com Tokyo Rumble seria possível fechar o jogo somente com uma ficha, pois o nível de dificuldade não é elevado e a aventura demora cerca de quatro horas para ser completada. A duração reduzida não é um fator negativo, visto que quando a jornada se aproxima de seu final, a mesma já começa a ficar enjoativa e repetitiva.

O game não é dividido por fases, mas sim em dias. A cada amanhecer, Kunio tem acesso a um novo bairro de Tóquio para explorar. A movimentação pela capital japonesa é totalmente livre e o jogador pode voltar a qualquer distrito que já tenha visitado no momento em que bem entender. É uma espécie de beat'em up de mundo aberto em que explorar bem cada pedaço do centro urbano traz como recompensa encontrar lojas que vendem equipamentos para, por exemplo, aumentar a força de seu personagem ou restaurar a vida dele.
Um Tech Burger, por favor

Em  River City: Tokyo Rumble não encontramos um frango assado dentro das latas de lixo para restaurar a saúde de Kunio. A barra de life do protagonista e de seus aliados é recuperada através de alimentos comprados em lanchonetes. Os mantimentos adquiridos ficam guardados no inventário e podem ser usados sempre que necessário. A tática que usei foi sempre abastecer minha mochila com, pelo menos, cinco sanduíches antes de ir vasculhar o submundo de Tóquio. Com isso, consegui derrotar até os chefões mais casca grossa sem morrer nenhuma vez.

O dinheiro usado para a compra de itens pode ser ganho derrubando os inimigos, ou então, através de empregos que são oferecidos no centro da cidade. Apesar de existir uma boa quantidade de opções de tarefas, a maioria delas se resume a derrotar elevadas quantidades de bandidos em determinada área de Tóquio. Achei bastante cansativo ficar em uma única região tendo que vencer 40 ou mais vilões, por isso, acabei coletando a grana durante o desenrolar da campanha mesmo e em nenhum momento me faltou verba para adquirir os materiais necessários.
Escolhendo um trabalho

Cadê o multiplayer?

Durante o desenrolar da história, Kunio vai colecionando diferentes aliados que o ajudam no combate aos bandidos. Quando começa um novo dia, é possível alternar entre os amigos do colegial e escolher quem o acompanhará no próximo bairro a ser vasculhado. Esse personagem é totalmente controlado pela CPU, mas o jogador tem liberdade para equipá-lo com itens que melhoram seus atributos. Quem está no comando do 3DS também fica responsável pelo gerenciamento da vida desse companheiro de batalhas, recuperando-a com os sanduíches do inventário se for necessário.

Ter um ajudante é algo que facilita bastante na pancadaria, no entanto, seria muito mais interessante se esse amigo pudesse ser controlado por outro jogador, tanto online quanto localmente. Os grandes representantes dos beat'em up sempre permitiram o multiplayer cooperativo local e essa possibilidade ajudou bastante na popularização do gênero. Afinal, sempre foi diversão garantida convidar um parente ou amigo para colocar alguns malfeitores para correr.
Uma partida de queimada

Se  a campanha principal não conta com o multiplayer, existem dois minigames que podem ser jogados na companhia de até quatro amigos que tenham o 3DS. O primeiro é uma espécie de clube da luta, em que todos entram em uma arena, mas somente um pode sair. Já o segundo é menos mortal, trata-se de uma divertida partida de queimada. Use as bolas que estão no chão para acertar os oponentes até que suas vidas sejam zeradas, o campeão é o último que ficar em pé. Além de divertidos, esses dois modos podem ser jogados até por quem possui o portátil da Nintendo, mas não tem o jogo, através da opção de download play.

O mundo é sua arma

Para aumentar o poder de seus chutes e socos, Kunio pode coletar armas espalhadas pelos cenários. Os equipamentos vão desde os tradicionais soco-inglês e correntes, até inusitadas bicicletas e os próprios inimigos. Achei bastante engraçado a primeira vez que o protagonista agarrou um dos vilões e o levantou acima da cabeça para depois atirá-lo na direção de outros bandidos. Qual será o tipo de treinamento que o colegial realiza para erguer um homem adulto de maneira tão fácil?

Mesmo sendo um briga de rua, é totalmente possível chegar ao final do jogo apenas batendo nos chefões. Não é preciso enfrentar as hordas de criminosos que infestam as ruas para chegar até os líderes da gangue, basta apenas ir desviando dos golpes e correr até o final da área que está sendo explorada. Apesar de ser uma atitude admissível, não é aconselhável. Enfrentar os inimigos garante pontos de experiência que aumentam a força de Kunio, permitindo derrotar os chefes mais facilmente. Por outro lado, ao chegar nos capangas mais poderosos estando em um nível baixo resultará em lutas muito complicadas e com altas chances de derrota.
Levantar um inimigo? Moleza

Jeito de remake, estilo de atual

Tokyo Rumble tem gráficos que conseguem fazer uma interessante mescla de passado e presente. Os cenários são todos criados em três dimensões e fazem bom uso do recurso 3D do portátil, enquanto que os personagens têm sprites em 8-bits que se parecem bastante com aqueles usados no original River City Ransom. Além de criar uma conexão entre o título antigo e o novo, essa mistura traz uma sensação visualmente agradável.

É legal ver como os produtores conseguiram harmonizar os traços arcaicos com mundos mais modernos. A direção de arte só não leva a nota máxima pela repetição de cenários. Como todo o jogo se desenvolve em Tóquio, as paisagens se resumem e prédios, estações de trem e terrenos baldios. Senti falta de uma maior variedade, por exemplo, um parque ou o interior de algum shopping.
O original na esquerda e o remake na direita

Eu tenho a força

Quem está carente de um bom beat'em up, encontrará em River City: Tokyo Rumble um bom representante do gênero. Mesmo com os pequenos defeitos, como a falta de multiplayer e cenários repetitivos, a briga de rua rola solta e garante bons momentos de diversão. Já para quem era fã de River City Ransom na época do NES, esse remake é indispensável.

Prós

  • Ótima mistura de beat'em up com RPG;
  • Duração da campanha principal está na medida certa;
  • Minigames interessantes.

Contras

  • Falta de multiplayer na campanha principal;
  • Cenários bonitos, porém repetitivos;
  • Maioria dos trabalhos para ganhar dinheiro é cansativa.
River City: Tokyo Rumble — 3DS — Nota: 7.0
Revisão: Ana Krishna Peixoto

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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