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Análise: Rayman Legends Definitive Edition (Switch) é uma vibrante aventura 2D

A lendária aventura de Rayman continua divertida no Switch, mas não há muitas novidades para justificar a versão definitiva.


Após alguns anos sendo ofuscado pelos Rabbids, os coelhos malucos da Ubisoft, Rayman se reencontrou ao voltar às suas raízes em Origins (Multi). O mascote da companhia francesa retornou ao universo 2D e não saiu mais dele. Rayman Legends, que nasceu como exclusivo do Wii U e acabou se tornando multiplataforma, e as aventuras para smartphones, Jungle Run, Fiesta Run e Adventures, são a prova de que o personagem sem membros não quer sair mais de sua zona de conforto.

Falando especificamente de Rayman Legends, não é nenhuma surpresa a presença da Definitive Edition no Nintendo Switch. O game é, sem dúvida, um dos melhores jogos de plataforma dos últimos anos e Rayman compartilha de um carisma e um colorido que se assemelha às séries da Big N. Mas a principal questão que precisamos responder é: a versão para o Switch é a definitiva mesmo?


Raymaravilhoso

Após passarem um século dormindo, Rayman, Globox e os Teensies são despertados por Murphy. O sapo-fada voador conta que os pesadelos do Bubble Dreamer ficaram maiores e que o Mago maligno de Origins sobreviveu, dividindo-se em cinco Dark Teensies. Com isso, dez princesas e inúmeros Teensies foram aprisionados e os heróis devem acabar com a ameaça que está invadindo Glade of Dreams.

Não é preciso muito esforço para ver como Legends é um jogo que não envelhece. Seu visual cartunesco, repleto de brilho e cores, continua vibrante, tornando a aventura uma animação interativa. Rayman Legends Definitive Edition possui seis mundos principais, acessados ao pular em quadros. Talvez esse seja o indício de que as fases são uma verdadeira pintura. Cada mundo possui um tema diferente, que vai desde florestas e castelos, passando por uma área inteira de comidas até chegar a um reino com temática grega, todos brilhantes e coloridos.


Cada estágio traz uma mecânica focada em alguma habilidade de Rayman. Há três botões de ação, um para bater, outro para pular (e flutuar) e correr com os botões de ombro. Ora é preciso planar em ventos, ora correr pelas paredes. Há labirintos, áreas que simulam stealth e trechos em que o protagonista fica minúsculo. A variedade das fases é surpreendente. Além disso, há alguns objetivos para serem cumpridos, como coletar determinada quantidade de Lums (pequenos serem brilhantes) e encontrar dez Teensies escondidos, sendo dois deles em caminhos secretos.

Rayman Legends é bastante acessível. Como não há contagem de vidas, o jogador tem a liberdade de se arriscar pelas fases e, caso acabe morrendo, volta no checkpoint mais próximo. Também não tem a obrigatoriedade de jogar os estágios em ordem. Como os quadros são desbloqueados de acordo com a quantidade de Teensies resgatados, é possível ignorar alguma fase mais complicada e seguir em frente. Tudo fica ainda mais divertido e caótico quando jogado em multiplayer. Basta compartilhar um Joy-Con e jogar com um amigo, que pode entrar ou sair da partida a qualquer momento.


Raymusical

Outro destaque do game é a trilha sonora. É impossível não se animar com as músicas das fases que passam por orquestras, folk e uma pegada country. Elas são cômicas, misturando toques de instrumentos, como ukulelê, piano ou guitarra, com cantos e assobios. Mas um dos charmes de Rayman Legends são as fases musicais, sempre lhe esperando ao final de cada um dos cinco mundos principais.

O mais bacana é que quatro delas são versões de canções reais. O Castle Rock, inspirada em Black Betty de Ram Jam; Mariarchi Madness, uma versão de Eye of the Tiger, single da banda Survivor e do filme Rocky III; Gloo Gloo, baseada na Woo Hoo da banda japonesa The 5.6.7.8's (e que também é uma das músicas do filme Kill Bill); e Dragon Slayer, som de Antisocial da banda de rock Trust.
Socar inimigos ao som de Eye of the Tiger é a combinação perfeita
Nessas fases, a movimentação do protagonista sempre acompanha o ritmo da música. Ao deslizar por correntes, ouve-se solo de guitarra, enquanto acertar inimigos ou pula-pulas simula batidas de bateria. Elas são viciantes e o sexto mundo reúne todas as fases musicais em uma versão mais difícil, ao som 8-bit e efeitos psicodélicos. É impossível jogá-las apenas uma vez!

Raymais do mesmo

Se você, assim como o redator que vos escreve, jogou Rayman Legends no Wii U, deve estar se perguntando: como ficaram as fases com uso do Murphy na Definitive Edition? Para quem não jogou no antecessor do Switch, Legends é um dos jogos que fazia uso criativo da tela do GamePad. A jogabilidade assimétrica, um jogador controlando o sapo-fada pela tela para criar caminhos e interagir com outro jogando na TV, era um dos charmes da versão e a fazia ser a melhor até então.

Como o Switch não atua como uma segunda tela, a jogabilidade assimétrica não existe, aproximando a Definitive Edition das versões para PlayStation 4 e Xbox One. Ou seja, Murphy é controlado ao pressionar o botão A para fazê-lo cortar cordas, criar caminhos ou movimentar plataformas, enquanto L e R o fazem inclinar objetos. É possível deixar um segundo jogador controlar Murphy, mas o pressionar de botão passa longe da interação que era no GamePad do Wii U.
Murphy realiza ações como proteger o protagonista, cortar cordas
 e criar caminhos ao pressionar o botão A
Por outro lado, Rayman Legends Definitive Edition aproveita o Switch de forma interessante. Há um novo modo exclusivo para o uso portátil, focado no controle do Murphy. Aqui a jogabilidade se aproxima da versão do Wii U, colocando o jogador para assumir o papel do sapo-fada para interagir com o cenário, enquanto a inteligência artificial assume o controle de Rayman. Porém, jogar com a CPU vai exigir paciência, pois ela espera o posicionamento correto de plataformas para prosseguir. Sem contar que as fases desse modo são exatamente as mesmas dos cinco mundos da campanha principal, não há inéditas.

A Definitive Edition também apresenta alguns problemas. Estranhamente, os loadings demoram muito mais no Switch em comparação ao Wii U, algo que não deveria acontecer, e há algumas quedas de framerate, principalmente no terceiro mundo. As fases Invaded, em que é preciso ser rápido para salvar os Teensies antes do término do tempo, deveriam possuir rankings online, mas eles só são exibidos aleatoriamente em algumas, assim como os Ghosts, fantasmas de outros jogadores nos desafios online.

As única verdadeiras adições da Definitive Edition são o Kung Foot Tournament e skins para os personagens. O divertido modo Kung Foot de Rayman Legends, no qual os jogadores poderiam dar porrada e marcar gols, ganhou um upgrade no Switch, permitindo trocar de personagens sem precisar sair da partida. Além disso, é possível criar um campeonato com até oito pessoas, disputando partidas únicas, melhor de três ou de cinco para ver quem é o vencedor. É um modo que rende boas risadas com amigos localmente. Estamos esperando um DLC com Felipe Melo e Pepe no Kung Foot.
O incrementado modo Kung Foot continua divertido e caótico
Rayman Legends Definitive Edition é um ótimo jogo que comprova que a aventura 2D do mascote da Ubisoft continua divertida, mesmo com problemas. Entretanto, o modo Kung Foot Tournament e skins são pouco para serem as justificativas de uma nova versão. A verdadeira edição definitiva de Rayman Legends é a versão para o Wii U e, se você a jogou, não há novos motivos para se aventurar aqui, mas os desafios online diários e semanais podem ser um atrativo. De qualquer maneira, Rayman é definitivamente uma das lendas dos games. Agora, temos só um pedido: Ubisoft, dê-nos Rayman 4, por favor!

Prós

  • Visual colorido e vibrante;
  • Trilha sonora contagiante;
  • Fases musicais são sensacionais;
  • Leaderboard e desafios diários e semanais online;
  • Modo Kung Foot é muito divertido.

Contras

  • Loadings demorados;
  • Rankings online e Ghosts de jogadores são exibidos aleatoriamente;
  • Estágios focados no modo portátil são repetidos;
  • Há poucas novidades para ser a versão definitiva.
Rayman Legends Definitive Edition — Switch — Nota: 8.5
Revisão: Vitor Tibério


Desde que aprendeu a jogar videogames com Yoshi's Island e Donkey Kong Country 2, sempre é visto com um controle ou portátil da Nintendo na mão. Descobriu o amor por The Legend of Zelda com Ocarina of Time e sempre está querendo mais Zeldas. Gosta de escrever notícias, análises e bobagens aqui enquanto não está sonhando com um novo Silent Hill.
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