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Análise: Mega Man Legacy Collection 2 (Switch) mostra na prática a evolução da série

Mesmo sendo composta por apenas quatro jogos, coletânea traz o bombardeiro azul em aventuras de 8, 16 e 32-bits.

Se Mega Man Legacy Collection conseguiu apresentar os passos iniciais da cadeia evolutiva da série estrelada pelo robozinho azul, a segunda parte da coletânea escancarou o enorme salto de inovação que a franquia teve em sua primeira década de vida. Menos de 10 anos separam o lançamento da aventura original em 8-bits da estreia do personagem no Super Nintendo. É justamente a jornada que funcionou como porta de entrada para o universo dos 16-bits que abre a lista de games presentes em Mega Man Legacy Collection 2.


Tendo chegado ao PlayStation 4, Xbox One e PC em agosto de 2017, a coleção que reúne os jogos de Mega Man do 7 ao 10 agora também está disponível no Switch. Além do significativo avanço visual e sonoro,  em comparação com os seis integrantes da coletânea anterior, é notável o progresso do gameplay — com desafios que permanecem difíceis, porém menos punitivos. Há ainda a influência da série X, que tinha dois capítulos já lançados no SNES quando Mega Man 7 começou a ser comercializado, em 1995.
E assim nasce um "novo" Mega Man...

Meu sentimento ao passar do Legacy Collection para sua sequência foi de admiração. Eu tive bastante contato com Mega Man 7 durante minha infância, mas ter a oportunidade de colocá-lo “lado a lado” com o seu antecessor é uma experiência surpreendente, afinal, as melhorias se tornam ainda mais notáveis. A sensação se repete ao comparar os episódios 7 e 8 — os sprites com animações fluídas, cenários super caprichados e controles precisos depõe contra a informação que somente um ano separou o lançamento dos dois (poderia jurar que era mais tempo).

Já o nono e o décimo jogos causaram certa polêmica quando chegaram ao mercado, em 2008 e 2010, respectivamente. Grande parte das reclamações foi motivada pela mudança no estilo gráfico, que vinha dando certo, mas acabou voltando para os 8-bits. Hoje, é possível entender ambos como uma homenagem às origens da franquia, e apesar de não serem os melhores representantes “retrô” da série, continuam sendo dois bons jogos que devem ser conhecidos pelos fãs do bombardeiro azul.
... sem nunca ter esquecido suas origens

Primeiro contato

Se alguém que nunca teve contato com a série Mega Man me perguntasse a melhor maneira de entrar na franquia, sem dúvidas, eu recomendaria Legacy Collection 2. Como o enredo não está entre os principais destaques dos games, fica totalmente tranquilo começar em um ponto já avançado. Essa coletânea, apesar de ser composta por menos jogos, consegue passar a essência das diferentes etapas da vida do pequeno robô. Se o novato se apaixonar pelo 7 ou 8, pode continuar sua jornada de descobrimento com a série X.

Por outro lado, caso o encanto maior fique com o 9 e 10, há mais seis desafios semelhantes esperando no primeiro Legacy Collection. Ou seja, como maneira de apresentar um novo produto com o objetivo de angariar fãs para o personagem, Legacy Collection 2 consegue resultados melhores do que seu antecessor.
Prazer, eu sou o bombardeiro azul!

Tecnologia moderna

Algumas das novidades encontradas no pacote anterior também estão de volta, como a opção de salvar a qualquer momento. Como o sistema de password ficou ultrapassado, a melhor “tecnologia moderna” integrada ao game foi, sem dúvidas, essa liberdade para guardar o seu progresso quando bem entender.

Além disso, tal possibilidade se encaixa perfeitamente com o Switch. As fases de Mega Man não são longas e permitem sessões curtas de jogo. Assim, é possível usar o modo portátil do console híbrido tranquilamente, sem precisar anotar no caderninho nenhuma senha para poder resgatar o progresso.
Não precisa mais correr para encontrar caneta e papel

Caberia mais energia

A coletânea ter apenas quatro jogos foi uma pequena decepção. É verdade que só entraram os títulos da série principal do herói mecanizado, porém caberiam sim algumas outras aventuras para complementar sua qualidade e variedade. Sem dúvidas, a ausência mais sentida é a de Mega Man & Bass, spin-off que se passa entre o oitavo e nono episódios. Principalmente, levando-se em consideração que o lançamento original ficou restrito ao Japão e que no Ocidente recebemos apenas o port para Game Boy Advance e a versão do Virtual Console do Wii U.

Outra possibilidade interessante seria manter somente os quatro integrantes, mas oferecer no Switch um pacote virtual que incluísse também o Legacy Collection anterior (assim como acontece na versão física do game). Algo semelhante ao que acontece com Bayonetta. Se o objetivo é popularizar o personagem e fazer com que ele seja mais comentado (tudo em prol do hype por Mega Man 11), essa iniciativa poderia render resultados ainda melhores.
Esse fez falta...

Pequeno museu

Além de apresentar a franquia para novos fãs, as coletâneas também ajudam a preservar sua memória. Para isso, geralmente, há sempre um pequeno museu com artes conceituais, trilha sonora e outros conteúdos extras que fazem os jogadores entender melhor todo o processo criativo que envolve o desenvolvimento de cada game. Em Legacy Collection 2, esse material marca presença, porém deixa a desejar quando comparamos com o antecessor.

No primeiro pacote, tínhamos esboços de versões iniciais de alguns personagens, além das capas e manuais dos games, tudo dividido por regiões. Na continuação o conteúdo basicamente se resume aos desenhos dos personagens. No entanto, para minimizar as ausências, o fator replay é potencializado pelos desafios adicionais — compostos por remix de fases e boss rush. Conquistar todas as medalhas de ouro nesse modo exigirá boas horas de dedicação, até dos jogadores mais experientes.
Apesar de menor, museu com conteúdos extras tem seu charme

Mega Buster carregado

Como forma de conquistar espaço entre os jogadores da nova geração, a coletânea consegue cumprir com maestria seu objetivo. Tanto que entre ela e a anterior, a recomendação é que os novatos optem pelo segundo pacote. Já para os veteranos, o lançamento serve de ferramenta nostálgica que ajuda a reviver os dias de aventuras na infância ao lado do bombardeiro azul. Talvez, a falta de grandes novidades — excluindo o modo de desafios — seja um obstáculo difícil de ser vencido na tarefa de garantir espaço no Switch dos fãs de longa data que já conhecem de cor a localização de cada plataforma.

Entretanto, a aquisição é totalmente indicada para quem ainda não conhece os episódios mais recentes da franquia, mas, mesmo assim, está contando os dias para o lançamento de Mega Man 11. Esse tipo de jogador encontrará facilmente na coletânea um imponente aliado na tarefa de fazer o tempo passar mais rápido. Afinal, Mega Man Legacy Collection 2 tem potencial de garantir horas de diversão.

Prós

  • Presença de games que marcaram diferentes etapas da evolução da franquia;
  • Lista de desafios extras aumenta bastante o fator replay;
  • Mecânica de salvar a qualquer momento se encaixa perfeitamente ao Switch.

Contras

  • Poderia contar com mais jogos, como Mega Man & Bass;
  • Versão para Switch seria mais interessante em um pacote virtual com a coletânea anterior;
  • Museu com conteúdo reduzido.
Mega Man Legacy Collection 2 — Switch / PS4 / PC / XBO — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
 Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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