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Análise: Crashlands (Switch) traz aventura e exploração repleta de piadas insolentes

Explorar, lutar, mata, domar, construir e repetir.



Jogos procedurais, que criam mapas aleatoriamente, estão ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras digitais dos veículos voltados para games. Esse estilo ajuda  o jogador a ter uma experiência diferente e nova toda vez que ele reinicia o jogo. Após o sucesso de alguns jogos que utilizam esse elemento, muitos desenvolvedores começaram a tentar produzir essa técnica com sua própria receita. Com bom humor e bastante conteúdo, Crashlands tenta fazer isso colocando ênfase em exploração junto a um mundo criado aleatoriamente toda vez que se começa uma nova história.

Tem uma pitada de humor



O jogador toma o controle de Flux, um entregador espacial, acompanhado de Juicebox, um computador inteligente. Os personagens estão na nave transportando um produto, quando Hewgodooko, uma enorme cabeça quase onipotente, rouba uma peça de seu veículo e o quebra, fazendo os heróis fugirem em uma cápsula de emergência e caírem em um planeta sem comunicação universal. Com medo de perder o emprego por atrasar a encomenda, os personagens só querem os equipamentos necessários para produzirem um comunicador para pedirem ajuda. Infelizmente, a dupla acaba presa em uma disputa de conquista e vingança.
 
Todos os diálogos presentes no jogo possuem pelo menos uma tentativa de fazer graça. As piadas normalmente são trocadilhos, humor negro ou auto-depreciação. No último caso, é uma brincadeira com o estilo artístico do jogo, como falarem do Flux não conseguir dobrar os joelhos (que não dobra por causa da direção tomada para a animação). Essas piadas conseguem até passar despercebidas e não parecem nem um pouco forçadas. Elas conseguem deixar o jogo com um tom de diversão e tranquilidade, sem precisar levar o jogo a sério. Vale ressaltar que o estilo dessas piadas é bem variado, então, se a piada é engraçada ou não, depende do ouvinte.

Muita coisa para fazer, muita coisa para cansar



Em Crashlands, o jogador precisa de matéria prima para ficar mais forte e ter mais itens. Então, é sair pelo mundo derrubando árvores, cortando plantas, pescando e matando animais selvagens para ter melhores itens para caçar melhores animais, derrubar melhores árvores e pescar em melhores águas. Um ciclo sem fim. E se isso não é o suficiente, também pode montar paredes, chãos, portas, camas e objetos de adorno para a casa. Além disso tudo, o jogador ainda pode achar ovos dos animais que ele mata, e então criá-lo e levá-lo para ajudar a derrotar monstros mais fortes da mesma espécie para juntar a essência do animal, e então evoluir sua criatura.



Mesmo com tanta coisa para fazer e o jogo lhe dar a liberdade de fazê-lo como e quando bem entender, ele ainda impede a liberdade de evolução. Mesmo que ao criar uma arma ela tenha força e atributos aleatórios, cada tipo de equipamento possui um limite. Para ter itens melhores, o jogador precisa criar outra mesa de construção que utiliza outros recursos e assim melhores equipamentos. E essas estações de criação precisam ser descobertas para então, poderem ser feitas. Na maioria das vezes, isso acontece após missões que o jogo dá. Então, a sensação de liberdade e exploração acaba se perdendo na linearidade da evolução do personagem.



As missões servem para avançar a trama do jogo ou para que o personagem ganhe um novo item para ser fabricado. No entanto, tudo que o jogador faz é destruir ou caçar uma certa quantidade de um certo item. Isso pode causar exaustão e tédio ao jogador. Porém, a apresentação solta e cômica do jogo consegue fazer o player gastar algumas horas juntando mato sem perceber. 

Apresentação simples, mas satisfatória



O jogo da ButterScotch Shenanigans tem uma arte simples. Os personagens e criaturas possuem design feitos para terem poucos membros e não ter animações complexas.Cada ser vivo possui dois ou três frames para todas as ações dele. O personagem principal, Flux, possui apenas um, seus membros são cortados e a animação é apenas uma rotação deles. Mesmo assim, a sensação do jogo é muito boa. Os personagens passam a ideia de movimento mesmo sem membros dobráveis. Os golpes e as destruições possuem bons efeitos visuais e sonoros, que fazem o jogador querer destruir mais um objeto.  

Controles variados  


Crashlands vem com duas opções de controles, um que veio da sua versão mobile com toques na tela e outro moldado para os controles de console como o de Switch. Em um, um simples toque faz o personagem ir até o ponto e fazer uma ação caso haja um objeto. No outro, o analógico movimenta Flux e os botões do joy-con são os atalhos para as ações possíveis. Nesse caso, o jogo mira onde há objetos com possível interação e com um botão o jogador ativa a ação, como atacar ou derrubar uma árvore.

O controle com toque é legal, pois você tem mais precisão em qual objeto você quer que aconteça a ação, porém perde liberdade de movimento que a outra opção apresenta. O controle de console possui mais maleabilidade no movimento, sendo mais fácil desviar de ataques, no entanto a mira é imprecisa e durante uma batalha, enquanto o jogador movimenta o personagem, o jogo não sabe onde mirar e ao invés de atacar o inimigo você começa a derrubar árvores.

Mesmo com tudo isso, você pode mesclar os dois controles para a forma que for mais conveniente. Se quiser, pode controlar o personagem com o joy-con e clicar nos objetos desejados para praticar suas ações.

Explorar até dizer chega

Crashlands é um bom jogo de exploração, sua narrativa cômica e os elementos visuais simples deixam a aventura mais tranquila e descontraída. O bom trabalho no feedback de satisfação ajuda a prender o jogador por um tempo. O inicio do jogo também possui esse deleite ao conseguir equipamentos novos e mais fortes, porém com o decorrer da trama é perceptível a linearidade da evolução e essa parte fica mais monótona. Os controles possuem algumas inconsistências ao selecionar automaticamente os objetos, mas  possuem fluidez em seus movimentos, o que ajuda o jogador a perder algumas horas jogando. 

Passando por cima de alguns detalhes negativos, Crashlands pode divertir por horas antes de enjoar. E se não enjoar, existe uma gama de itens para serem montados, desde armas e armaduras a itens de cura, bombas e utensílios caseiros, várias áreas para serem exploradas, vários animais para serem domados e uma campanha extensa a ponto do jogador precisar de uma casa dentro do jogo. 

Prós

  • Extenso conteúdo para conquistar;
  • Boa opção e mistura de controle analógico e de toque;
  • Ótimos efeitos visuais e sonoros;
  • Boa solução para arte simples.

Contras

  • Inconsistência na escolha automática de objeto;
  • Missões e jogabilidade repetitivas.
Crashlands - Switch/PC/Android/iOS - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Paulo Benevides
Análise produzida com cópia digital cedida pela Butterscotch Shenanigans 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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