As memórias da equipe Nintendo Blast sobre as aventuras Pokémon na região de Kanto — Parte 03

Enquanto esperamos a chegada de Let’s Go, Pikachu!/Eevee!, vamos relembrar histórias marcantes sobre a região que foi palco de nossa primeira jornada Pokémon.

Os monstrinhos de bolso estão prestes a estrear sua primeira grande aventura no Switch. Pokémon Let’s Go, Pikachu!/Eevee! chega em 16 de novembro e nos levará de volta a querida Kanto. Para aumentar as expectativas pela jornada, resolvemos perguntar aos membros da equipe Nintendo Blast quais são as memórias mais marcantes que eles têm relacionadas à região que proporcionou nosso primeiro contato com as criaturinhas.


Na primeira semana deste especial, tivemos histórias envolvendo o anime, os jogos de Game Boy e até uma fantasia de Carnaval que não deu muito certo. Já na segunda, os relatos abordaram revistas, tazos, brindes de refrigerantes e um Squirtle natalino que tornou o Papai Noel mais real do que nunca.

Agora, continuando a sessão nostalgia, chegou o momento de conhecermos os quatro últimos relatos de nossa equipe.

Arthur Maia — Revisor

Ao contrário da maioria dos fãs, eu demorei muito para ter vontade de jogar os RPGs da franquia Pokémon. Foi há menos de 2 anos, no início de 2017, que comecei a me interessar pelos monstrinhos de bolso. Esse interesse tardio aconteceu pois eu nunca tive um portátil da família Game Boy — e também porque me tornei fã dos produtos da Nintendo recentemente. Foi o aguardado lançamento de Pokémon Sun/Moon (3DS) que me fez começar a jogar a série, mas decidi voltar um pouco no tempo e começar pelo clássico Pokémon Yellow Version: Special Pikachu Edition (GBC).

Eu já conhecia um pouco do anime, em especial a primeira geração de monstrinhos, mas foi o RPG que me fez abrir os olhos para a diversidade e criatividade da série. As 100 horas gastas com o primeiro título da série foram muito especiais, e atribuo muito disso à região de Kanto e ao fiel companheiro Pikachu. Cada um dos ginásios propõe um desafio tático e, de certa forma, lógico para que possa ser vencido. Apenas um time de criaturas favoritas nunca era suficiente para derrotar os temíveis líderes de ginásios e da liga, e isso foi uma das coisas que mais me chamou atenção no jogo — já que eu ficava constantemente dividido entre o visual mais agradável e os golpes mais potentes.

Acima de todas as mecânicas de combate, da exploração de dungeons e do colecionismo atribuído a Pokédex, porém, Pokémon me cativou por sua narrativa. É um jogo que, em 1998, já se preocupava com questões políticas, sociais e éticas — mesmo que de forma simples e indireta. Falar sobre o respeito entre treinador e criatura, sobre a conduta perante o adversário e sobre saber competir é algo que me fez encarar Pokémon como uma lição de vida para os jogadores que carregavam seus portáteis mundo afora.


Renan Rossi — Redator

Joguei Pokémon Red GB) pela primeira vez ainda nos tempos do Game Boy “tijolão”, o primeiro modelo do portátil que era um grande sugador de pilhas. Nas férias escolares de 1999, meus primos, donos do portátil, ganharam o game de presente e a febre foi instantânea. Passávamos o dia todo  desbravando cada canto de Kanto. Não conhecíamos muita coisa e avançamos um bom pedaço apenas com o inicial escolhido: Squirtle. Na verdade eu gostava mais do Charmander, mas como não era eu quem decidia, o negócio era acompanhar.

Nesse mesmo ano a revista Nintendo World publicou o detonado de Pokémon Red/Blue. Li tantas vezes que as páginas não saem mais da memória: eram as rotas 12 e 13 em página inteira com todos os detalhes do percurso entre Lavender e Fuchsia, os boxes que detalhavam quais Pokémon podiam ser encontrados no “matinho”, sem contar a revista mais nostálgica de todos os tempos: a lendária NW nº 13, que trazia a parte final do detonado e um guia de todos os 151 monstrinhos da primeira geração, revelando seus ataques, níveis de evolução e quais TM/HMs podiam usar. Relíquia que está guardada até hoje em casa.


Tempos depois, um amigo da rua que tinha um Game Boy Color voltou de viagem com nada menos que Pokémon Yellow. Ficamos boquiabertos com a aventura colorida e os sprites redesenhados dos monstrinhos, sem falar no Pikachu que seguia o jogador. Meu primo já havia enjoado do Game Boy “tijolão” e pedi emprestado. Foi uma das melhores épocas da infância passar tardes inteiras jogando  e vendo de perto as diferenças entre Red e Yellow. “Olha, a cidade de Vermillion fica vermelha, que legal!” ou “Caramba! Podemos pegar os três iniciais no mesmo jogo!” eram algumas das surpresas.

Tudo isso serviu de bagagem quando o anime deu as caras na TV Record. Dali em diante, mergulhei de vez na cultura Pokémon: as revistas Pokémon Club, as Super-Cartas da Elma Chips e a rotina de ir todo fim de semana na locadora alugar Pokémon O Filme: Mewtwo Contra-Ataca. Assisti-lo me arrepia até hoje. E o que dizer do pôster de Pokémon 2000 para completar com figurinhas? Os vendedores de chiclete nunca faturaram tanto. Por essas aventuras e amizades eu só tenho a agradecer a Pokémon Red, o game que transformou minha infância num período inesquecível.

Vinícius Fernandes — Revisor

Quando falam de Pokémon ao meu lado, eu logo presto atenção na conversa e, ao ser convidado a opinar sobre o assunto, prontamente respondo: eu amo Pokémon e sou extremamente viciado! Minha vida toda girou em torno desse mundo, então, se tem algo que entendo é sobre a franquia e toda a sua história durante esses mais de vinte anos de existência. Já tive bonecos, pelúcias, CD’s de música (o “Para ser um Mestre”, com o famoso “PokéRap”), fitas cassetes dos primeiros filmes, DVD’s, posters, tazos, coleção de cards (do Trading Card Game), chaveiros, revistas, roupas, os amados cartuchos dos jogos, desde Red/Blue/Yellow até a Moon (minha condição financeira infelizmente ainda não me permitiu continuar com Ultra Moon e a dupla de Let’s Go — ainda sonho em ter um Nintendo Switch e poder treinar minhas equipes no console) e muito mais.

No entanto, ao contrário da maioria dos fãs, a primeira geração de Pokémon era muito mais do que diversão e lazer pra mim. Durante muitos anos, os monstrinhos foram a minha válvula de escape dos problemas do mundo real. Ser uma criança tímida e nerd não foi fácil, mas o anime, por exemplo, me mostrou o que era uma amizade verdadeira –—através da relação de Ash com seus amigos — e me incentivou a continuar tendo esperança nas pessoas, apesar das adversidades, e acreditar na minha capacidade. Mas foi além disso, pois, naquela época, os jogos eram a minha maior fonte de conhecimento — grande parte do conteúdo de inglês que sei hoje devo aos jogos, nos quais aprendi vocabulários simples e complexos ao acompanhar todos os diálogos que surgiam ao longo das histórias dos personagens. Como podem ver, por incrível que pareça, foi Pokémon que trouxe uma nova luz à minha vida, servindo como uma espécie de terapia de distração e aceitação. Por isso, serei eternamente grato ao mundo Pokémon.


E, é claro, tudo isso começou com Kanto: o continente queridinho da Game Freak e da Nintendo. A região estreante do mundo de Pokémon foi tão perfeita e simbólica, que ela retornou (como uma homenagem nostálgica) em Fire Red/Leaf Green, Kalos (com referências presentes na entrega dos iniciais da primeira geração, além dos que já estampam o sexto continente – uma dinâmica totalmente nova até então, bem como as mega-evoluções de vários monstrinhos) e, agora, Let’s Go Eevee e Let’s Go Pikachu.

Como possuo muitas lembranças da região, resolvi nomear quatro dos pontos que mais amo no continente: a dinâmica dos líderes de ginásio — por mais que Johto e os outros tenham mantido o esquema (com exceção de Alola), foi Kanto que trouxe a emoção explosiva de se enfrentar batalhas árduas com treinadores especiais nos jogos, em que até mesmo a trilha sonora era sensacional; a presença de poucos Pokémon lendários, que, com o passar das gerações, foram banalizados e aumentaram drasticamente em quantidade; o clima de amizade, união e comédia nas cenas do anime — menção honrosa à Jigglypuff com seu famoso microfone; e, obviamente, o primeiro grande filme da franquia, que apresentou o confronto simbólico entre os Pokémon clones e os originais e, principalmente, o momento desolador no qual Ash foi petrificado na batalha entre Mew e Mewtwo — afinal, quem não se emocionou com a cena?


Por mais afastado que eu esteja dos jogos principais e mais recentes, Pokémon continua exercendo uma grande influência em minha vida e, sobretudo, na rotina que tenho ao longo do dia. A primeira coisa que faço ao acordar? Bem, não é escovar os dentes ou comer, eu preciso pegar o celular e dar atenção ao meu companheiro mais fiel: o Pokémon GO. Por esse motivo, eu digo que, caso tenham a oportunidade, não deixem de revisitar Kanto nos novos jogos. A experiência pode parecer batida, mas de vez em quando é bom voltar ao passado e se reconectar com nossa infância, principalmente num continente tão acolhedor, extraordinário e único. Permitam que a magia de Kanto, o primeiro contato que tivemos com o mundo Pokémon, reacenda a chama da franquia, permitindo que ela mantenha-se viva em seus corações e memórias. Vão por mim, vai valer a pena reviver essa história!

Bruno Bonatto — Redator

Confesso que antes de sentar no sofá e assistir um episódio aleatório do anime, imaginava que Pokémon era um "desenho japonês" para crianças menores — provavelmente por conta dos bichinhos fofinhos que eram o foco das campanhas publicitárias. Não que eu fosse muito velho para esse tipo de desenho. Eu tinha 11 anos na época. Gostava de desenhos que trouxessem aventura — e não fazia nem ideia de que era exatamente disso que a série se tratava.

Quem já era fã desde o começo era meu irmão mais novo. Enquanto ele assistia, sentei do lado dele para comer um sucrilhos, assisti um episódio e "Boom!". Eu pirei. E logo percebi que não era só eu. Todas as crianças estavam viciadas em Pokémon. Saber de cor o nome dos, até então, 150 monstrinhos, seus tipos, forças e fraquezas se tornou mais relevante do que aprender a tabuada.

Conheci os games quando meu pai trouxe um disquete emprestado de um amigo do trabalho e disse que tinha uns jogos legais para mim. Não fazíamos a menor ideia do que eram emuladores ou Game Boy, mas era justamente isso que continha no disquete: um emulador com todos os Pokémon lançados até então — as versões americanas de Red, Blue e Yellow e as japonesas de Gold e Silver.


Joguei todos várias e várias vezes. Qualquer outra coisa parecia perda de tempo quando se poderia estar jogando Pokémon. Cheguei a vender meu SNES para comprar um Game Boy Color e jogar aqueles jogos na palma da mão. Na época foi um bom negócio.

Sou um pouco preconceituoso com remakes e, para “ajudar”, Let’s Go se trata de uma versão Pokémon GO de Yellow, mas mal vejo a hora de revisitar este mundo que tanto me encantou quando era feito em meros 8-bit, agora em três dimensões. Quem sabe não me surpreenda como o anime me surpreendeu anos atrás? Só jogando para saber!
Encerramos por aqui nossa série especial de matérias sobre a região que nos apresentou o mundo de Pokémon. No entanto, caro leitor, você pode compartilhar conosco aqui nos comentários as suas histórias. Conte-nos suas experiências com Kanto!
Revisão: Ana Krishna Peixoto

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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