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Análise: Awesome Pea (Switch) agrada aos olhos, mas é difícil de engolir

Controle uma ervilha em fases de plataforma, curtindo uma descontraída jornada retrô pelas Awesome Islands.


O mundo dos games é repleto de reinos fascinantes, seres incríveis e protagonistas icônicos. Quem acompanha esse universo por bastante tempo provavelmente já viu de tudo um pouco, mas é claro que ainda há espaço para se impressionar com algo inusitado. Se você nunca pensou que pudesse viver uma aventura como uma ervilha, saiba que isso é possível em Awesome Pea: uma aventura curta, simples e com altos e baixos. Mas que, ainda assim, consegue ser charmosa e divertida.

Inspirado em experiências retrô, o game tenta lembrar clássicos de plataforma do saudoso Game Boy. Aliás, as únicas cores presentes em tudo são variados tons de verde, referenciando o ecrã original do portátil. No entanto, sabendo que o jogo rodaria em TV’s, foram colocadas bordas que simulam a tela de um antigo aparelho de tubo e também scanlines para complementar o visual. Essas duas características podem ser desativadas no menu a qualquer momento. Os gráficos em pixel art são bonitos e os cenários possuem um ótimo nível de detalhes.
Espinhos, ataques inimigos e armadilhas móveis forçam o jogador a executar saltos cada vez mais precisos

A emulação de uma jornada simples e descontraída, como a dos “jogos de antigamente”, também está presente em diversos outros elementos. A trilha sonora é baseada em batidas eletrônicas estilo chiptune, exibindo uma qualidade inquestionável. Que som gostoso de se ouvir! Não há história, e a viagem pelas “ilhas maravilhosas” é realizada apenas indo de uma fase a outra com o simplório objetivo de sair do ponto inicial e alcançar o final. No caminho existem moedas e diamantes que podem aumentar a pontuação exibida na conclusão, mas coletá-los não é obrigatório e nem mesmo recompensador, bastando a cada perfil de jogador decidir se vale a pena ir atrás deles, seja como objetivo extra ou fator replay.

Para completar seus objetivos, nossa ervilha aventureira possui apenas habilidades de movimentação e salto, com o salto duplo sendo o diferencial e principal fator explorado pelo level design do game. Saltos precisos utilizando o segundo pulo no momento ideal farão toda a diferença entre uma morte dolorosa e uma nova plataforma alcançada. Também é possível continuar saltando e subindo ao encostar na lateral de algum bloco, mas isso não ser exibido no tutorial me fez questionar se trata-se de uma possibilidade acidental do game. Os controles são confortáveis o suficiente para que jogador consiga perceber seus erros e, então, realizar um nova tentativa sem culpar o jogo quando morrer em alguma fase.
Os trinta estágios disponíveis podem ser concluídos em poucas horas

Falando em mortes, espere por muitas delas. Awesome Pea poderia muito bem integrar aquelas listas de jogos de plataforma hardcore tão queridas, caso não tivesse sérios problemas em sua curva de dificuldade e uma aparente falta de criatividade após os estágios iniciais do game. Eu explico melhor: cada vez que você encosta em alguma armadilha do game, morre e volta ao início da fase. Não existem power-ups ou chances extras. É preciso terminá-la em uma única tentativa.

No início, a aventura aparenta ser super difícil, com cenários variados e um level design equilibrado, interessante e desafiador. Porém, após passar algumas fases, os temas se repetem. Mesmo alterando todo o posicionamento de inimigos e armadilhas, ao invés de aumentar gradativamente o desafio, o que acontece é que ele se torna cada vez mais fácil e simplório, com algumas poucas exceções. A curva de desafio do jogo vira uma montanha russa estranha.
O level design começa bem elaborado e desafiador, mas vai perdendo em criatividade no decorrer da jornada

No fim da jornada há algumas fases com fundos diferentes, mas a novidade parece apenas um bônus que pode ser passado rapidamente, sem nenhum grande problema a enfrentar. Veja bem, o jogo não te faz ficar bom o suficiente para que ele se torne mais fácil gradativamente, pelo fato do jogador melhorar. Ele apenas te faz sofrer muito no começo, para depois apresentar estágios menos desafiadores que os iniciais.

Sendo assim, Awesome Pea não entrega uma experiência interessante nem mesmo para amantes de jogos de plataforma. Ele representa uma evolução pessoal de seu desenvolvedor PigeonDev, por se tratar de um produto mais completo que seus dois jogos anteriores: Money Down The Toilet (Android), em que basta jogar dinheiro em uma privada, se por algum motivo você tiver algum interesse nisso, e Voxel Tanks (PC), um shooter de visão superior, com tanques minimalistas.

O jogo é divertido, lindo, conta com uma trilha sonora deliciosa e uma jogabilidade que me agradou muito, mas infelizmente, seus problemas de level design e na curva de desafio não me permitem indicá-lo. Ainda assim, existe ali um grande potencial, e, acertados os problemas, poderemos ainda ver algum novo material interessante vindo dessa fonte no futuro.

Prós:

  • Visual retrô muito bonito;
  • Trilha sonora agitada e interessante, estilo chiptune;
  • Controles precisos.

Contras:

  • Curva de dificuldade super desbalanceada;
  • Level design simplório e repetitivo após as primeiras fases.
Awesome Pea — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sometimes You

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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