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Análise: Riddled Corpses EX (Multi) é genérico até a alma, mas correto em tudo o que se propõe

Bebendo dos arcades, o título desenvolvido pela Diabolical Mind e produzido pela COWCAT faz o básico e consegue entreter de forma segura.


Não se engane pelas duas garotas de anime na capa do jogo. Ela tranquilamente pode ser encarada como uma espécie de homenagem aos jogos antigos em que a capa tinha um estilo de arte que não condizia em nada com a estética real dentro do game — tipo a capa americana de Mega Man.



Em resumo, Riddled Corpses EX (Multi) é um divertido shooter meio bullet hell com uma veia de inspiração considerável dos títulos de Arcade antigos. Seguindo ainda nessa pegada, a história não podia ser mais genérica: cientistas despertam um mal de outra dimensão, provocando uma invasão de zumbis e demônios no nosso plano. Obviamente, cabe ao jogador enfrentar tais ameaças deste mundo pós-apocalíptico.



Isso se dá numa perspectiva de visão superior e um visual pixelado. Cada estágio (com uma ou outra exceção), no nível estrutural, é composto por áreas fixas com waves de inimigos e corredores — também cheias de zumbis e demônios — as ligando. A grande característica do jogo é que elas são praticamente impossíveis de serem completadas na primeira tacada.

Explico: a ideia principal por trás de Riddled Corpses EX é a repetição. Faça a fase, pegue o ouro deixado pelos inimigos mortos e vá tentando avançar. Morreu? Utilize o ouro acumulado para evoluir seu personagem ou comprar novos com habilidades específicas. Comece de novo e realize o mesmo processo até morrer. Evolua seu personagem. Eventualmente, será suficiente para superar uma fase. Comece-a e logo vai morrer. Melhore o personagem. Comece novamente a partir desse segundo estágio. Repita. Dessa forma, ele carrega muito levemente algumas características roguelike em sua essência.



Apesar de parecer tedioso, esse processo é bem dinâmico e intenso. A quantidade média de ouro dropada pelos inimigos poderia ser maior ou o preço dos upgrades ser menor? Acredito que sim, mas ficar atirando nos inimigos ao mesmo tempo em que esquivamos deles é tão divertido que isso nem pesa tão negativamente assim.

Para facilitar esse processo, novos personagens com habilidades especiais podem ser desbloqueados, além terem a capacidade de evoluir e, com isso, aumentarem a força e a cadência dos tiros. Quando ouro suficiente foi acumulado com o personagem genérico padrão Jon, é possível liberar Chloe e Leary. A primeira atrai o gold como um ímã, enquanto a segunda dobra os valores coletados, por exemplo. Outros personagens também podem ser liberados realizando tarefas específicas, como terminar o modo história ou elevar todos os outros personagens até o nível máximo.



Tirando isso, não há muita complexidade. Além do movimento com o analógico esquerdo, os tiros são dados com o movimento do analógico esquerdo, também responsável pela direção deles. Os botões A e Y ativam a dinamite, que causa dano em todos os inimigos do cenário e congelam momentaneamente o tempo, respectivamente. Esses poderes são limitados e novas utilizações podem ser adquiridas aleatoriamente dos inimigos.

No intuito de dar variação ao título, além do modo história, há também o modo arcade, mais brutal, em que o personagem escolhido começa a história do início no nível 1 e vai evoluindo ao longo da própria campanha, e o survival, em que ondas e mais ondas de inimigos cada vez mais fortes vão surgindo em uma espécie de arena fechada. Na dúvida, caso o caldo engrosse mesmo, é possível jogar todos eles em multiplayer cooperativo.



Esteticamente, apesar de não produzir nada que nunca tenha sido feito antes e contando com um visual que pode até ser considerado genérico por alguns, é notável como ele ainda assim é competente. Os inimigos não são um exemplo de character design, mas contam com sprites bonitos e bem-feitos. Vale mencionar também a parte da música, que conta tanto com a trilha da versão original para PC quanto uma retrabalhada dessa versão EX.

No fim das contas, não dá para dizer que Riddled Corpses EX é um ode aos jogos do passado. Ele não chega a esse ponto. Entretanto, é interessante como ele resgata esse valor antigo de trabalhar a repetição que valoriza o aprimoramento e o aprendizado, principalmente por conta dos controles simplistas. Por mais genérico que ele possa parecer, é notável como consegue fazer o feijão com arroz, realizando o mínimo e se mostrando um título bem divertido — afinal, perdeu-se a conta de quantos jogos se perdem na própria pretensão e não conseguem entregar absolutamente nada no resultado final.

Prós: 

  • Jogabilidade viciante;
  • Aspectos técnicos competentes;
  • Ideia de repetição interessante.

Contras:

  • Produto genérico como um todo;
  • Quantidade de gold dropado poderia ser um pouco maior.
Riddled Corpses EX — PS4/XBO/PSVita/Switch — Nota: 8.0
Plataforma usada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes
Análise produzida com cópia digital cedida pela COWCAT

É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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