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Análise: Croixleur Sigma (Switch) traz muita ação frenética e dungeons repetitivas

Jogo doujin oferece várias batalhas rápidas e dinâmicas, mas é extremamente repetitivo.

Desenvolvido pelo grupo doujin souvenir circ. (Touhou: Azure Reflections), Croixleur Sigma é um hack’n’slash lançado no Switch no dia 28 de março. O jogo conta com quatro personagens jogáveis, ação frenética, visuais de anime bem executados e uma variedade de modos. No entanto, a diversidade é apenas superficial e o jogo se mostra um grande exercício de repetição.

Uma história nada cativante


Irance é um reino em que nobres e cavaleiros estão em constante disputa por poder. No meio desse conflito está a Academia Mágica de Vernal, onde jovens sucessoras dos dois grupos são treinadas para proteger o reino. Ao final dos estudos, representantes de cada uma das facções precisam lutar entre si em uma espécie de desafio.

As jovens Lucrezia e Francesca são amigas de infância e agora estão em lados opostos da disputa. As duas precisam agora subir até o topo das torres Nito, enfrentando uma série de inimigos pelo caminho. A garota que concluir o desafio mais rapidamente será vitoriosa. Além dessas duas personagens, também é possível jogar com a princesa Katerina e a estrangeira Sara-Annika.

Por um lado, existe um bom trabalho de apresentação das personagens. Suas motivações e histórias são apresentadas de forma clara nos poucos momentos de diálogo e suas personalidades são facilmente identificadas tanto pelos trejeitos de fala quanto pelo design. Por outro, o curto roteiro faz com que a história seja confusa e, em especial, é difícil compreender a real natureza da torre e como ela está relacionada com Irance


O mistério poderia ser interessante, mas existe uma sensação muito maior de que a narrativa falhou em explicar o contexto e, por isso, é difícil se importar com os eventos, as personagens e o mundo externo. Mas também não há muito o que se falar sobre as torres de Nito onde o jogo se passa: são ambientes mágicos com salas isoladas onde monstros aparecem e precisam ser derrotados para abrir o próximo portal.

Infelizmente todas as salas têm aparência similar. De fato, cada andar parece mais uma repetição exata do anterior, mesmo que haja algumas mudanças pontuais como os andares congelados, que afetam o movimento das personagens.

Repetição e mais repetição


Inicialmente o jogador tem acesso apenas a Lucrezia e é necessário vencer o modo história para desbloquear novas personagens. Em termos de gameplay, temos sempre uma pequena sala circular onde há o spawn de monstros. Para derrotá-los, o jogador conta com golpes básicos, magias dependentes das armas equipadas e ataques especiais (que são diferentes de acordo com o personagem escolhido).

Em alguns pontos do jogo, como, por exemplo, nos últimos andares da torre, os inimigos são bastante ágeis e o jogador precisa reagir rapidamente em combate. Para isso, é importante dominar o pulo e o uso do dash. Com eles, é possível alcançar os inimigos mais rapidamente ou esquivar de suas investidas.

Após derrotar um inimigo, várias moedas aparecem, cuja proporção de prata ou ouro varia de acordo com a força daquele adversário. Cabe ao jogador pegá-las para aumentar sua pontuação e sua barra de especial, além de poder usá-las posteriormente para comprar novos acessórios para as personagens (o que afeta sua performance de várias formas). A pontuação e o tempo gasto são gravados para que o jogador os utilize como referência para se desafiar e comparar também com o ranking online do jogo.

Esse funcionamento é a base de todos os modos. O primeiro deles é o modo História, que apresenta uma campanha básica para cada personagem. Conforme avança por ele, o jogador pode conseguir novas armas para elas. Uma escolha interessante desse modo é o fato de que duas personagens (Katerina e Sara-Annika) possuem armas quebráveis. Dessa forma, o jogador começa com um grupo de equipamentos, mas pode estar com outro drasticamente diferente ao final. Felizmente, não é necessário economizar os itens, já que eles apenas são quebrados durante aquela exploração e é possível utilizá-los novamente na próxima (sem nenhum efeito na sua durabilidade).

Além dele, temos também: o Score Attack, em que o jogador deve buscar a maior pontuação possível em 3 minutos; o Survival, que continua até que o HP da personagem seja reduzido a 0; o Challenge, em que é necessário derrotar um determinado grupo dentro de um tempo bastante reduzido; Extra, um epílogo da história com Lucrezia e Francesca; e o Dungeon, em que as armas são quebráveis (similar ao modo história com Katerina e Sara) e é necessário alcançar o desafiante 50º andar em tempo hábil. Há também o modo Training, com pequenos textos sobre as técnicas do jogo e a possibilidade de lutar contra inimigos sem perder vida para compreender como lutar.


Infelizmente, apesar dessa quantidade grande de modos, nenhum deles muda a experiência básica. E essa falta de diversidade, que também se reflete nos cenários (como mencionado antes), nos inimigos (existe menos de uma dúzia deles, desconsiderando mudanças de cor e agilidade) e até na música (que é boa, mas tem pouca variação), torna o jogo um tanto maçante.

Junto à história de pouco valor, esse gameplay repetitivo faz com que seja difícil recomendar Croixleur Sigma para quem quer algo além de ficar apertando botões freneticamente em batalhas ágeis contra o tempo.

Prós

  • Personagens têm belos designs em estilo anime e motivações bem apresentadas;
  • Armas quebráveis adicionam um pouco de variedade ao gameplay;
  • Rapidez das batalhas e movimentos em alguns pontos é impressionante.

Contras

  • Narrativa confusa e mal explicada;
  • Jogabilidade extremamente repetitiva, apesar de ter uma grande quantidade de modos;
  • Cenários e inimigos não possuem muita variação.
Croixleur Sigma - Switch/PC/PS4/PS Vita - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Rutes
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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