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Análise: Resident Evil (Switch) ainda é uma experiência atraente de survival horror

O remake do primeiro desastre em Raccoon City retorna sem grandes novidades no Switch, mas ainda é um clássico capaz de cativar os jogadores.



Em 1996, o mundo conheceu o primeiro capítulo de Resident Evil (Multi) — o jogo que não foi o criador do estilo survival horror, mas teve um papel importante para sua popularização. Depois do grande sucesso alcançado, a Capcom naturalmente prosseguiu desenvolvendo novas sequências. Mas não demorou muito tempo para que a empresa criasse uma versão completamente revista da aventura original dos S.T.A.R.S. na Mansão Spencer, dando origem a um dos títulos mais aclamados da franquia até hoje.


Recebendo o mesmo nome da obra original, o remake Resident Evil foi lançado pela primeira vez no GameCube em 2002, como parte de um contrato firmado entre a Capcom e a Nintendo (que também previa a chegada de Resident Evil 0 e Resident Evil 4). Contando ainda com um relançamento para o Wii em 2009, a exclusividade com a Nintendo só seria encerrada em 2014, quando as demais plataformas do mercado receberam versões em alta definição do jogo.



Agora, Resident Evil está de volta aos consoles da Big N: dessa vez, é o Switch que tem esse grande clássico adicionado em sua biblioteca. Mas, com quase dezesseis anos separando seu lançamento original desta nova versão, ainda existem méritos em revisitar o clássico incidente da mansão em Raccoon City?

Um remake digno, e agora em um híbrido

O remake de Resident Evil é conhecido por ser a versão definitiva da história que deu início à saga, um resultado atingido já em seu lançamento para o GameCube. O enredo, basicamente, é o mesmo: com o aumento de casos de assassinatos bizarros nos arredores de Raccoon City, os membros do Bravo Team dos S.T.A.R.S. são enviados em uma missão de reconhecimento. A equipe perde contato depois de algum tempo, quando outro time — o Alpha Team — entra em ação para tentar descobrir o que aconteceu. Após chegar a uma floresta e ser atacada por cachorros mutantes, a equipe acaba presa em uma imensa e misteriosa mansão infestada de zumbis e outras criaturas perigosas.


Essa obra demonstra perfeitamente a razão pela qual tantos fãs desaprovam a tendência para a ação de alguns lançamentos mais recentes da franquia,  distanciando-se das suas origens. Neste título clássico, somos desafiados a sobreviver e gerenciar recursos escassos, enquanto somos perseguidos por zumbis e outros tipos de monstros em cada canto escuro da mansão — o horror em sua forma mais pura.

A diferença em níveis gráficos em relação ao original (lançado primeiramente no PlayStation) é muito impactante: toda a Mansão Spencer foi recriada do zero, com ambientes muito mais bonitos e cheios de detalhes. Ela também foi expandida, apresentando novas áreas e puzzles que não existiam no jogo original — alguns já existentes foram remodelados. Portanto, os jogadores que só conheceram a mansão no primeiro jogo não podem acreditar que saberão tudo o que estará por vir com tantas novidades.



Com a adaptação de seus visuais aos padrões mais atuais de qualidade, a experiência desde clássico se torna ainda melhor. Toda essa beleza e ambientação são ainda mais bonitas na versão do Switch, que apresenta tudo em alta definição. Na verdade, este é um dos títulos da franquia que possui os ambientes mais imersivos e, apesar de ser uma característica de todos os locais explorados, como a Guardhouse, os esgotos e o laboratório, ela é muito mais evidente na mansão.

Tudo isso é melhorado nesta versão em HD, que em nada deixa a desejar em relação às versões para PlayStation 4 e Xbox One. Os efeitos de iluminação são excelentes e contribuem para que os elementos pré-renderizados do cenário se apresentem ainda mais belos, com cuidados empregados em cada detalhe. Isso sem falar nas criaturas que vagam pelo jogo, como os zumbis, que são assustadores e detalhados.

A versão original de Resident Evil é conhecida por ter alguns aspectos caricatos, inclusive, sendo comparado a um filme B, principalmente devido às atuações duvidosas e caricatas dos atores reais na abertura. Esqueça de tudo isso: tudo foi retrabalhado para que o jogo, apesar de ser uma obra de ficção e horror, se tornasse mais aceitável. A dublagem, que antes tinha um tom um tanto canastrão, agora é muito mais competente e ajuda até mesmo a contextualizar melhor algumas situações vividas pelos personagens.



Para ajudar ainda mais a desafiar os jogadores que apenas conheceram o Resident Evil original, há diversas novidades no gameplay, incluindo itens de defesa pessoal (usados quando um zumbi agarra o jogador), uma mutação mais poderosa de zumbis conhecida como crimson head e novos elementos na história, como a presença de Lisa Trevor. Fora isso, há muitas características familiares, como a possibilidade de jogar com Chris Redfield e Jill Valentine — as roupas baseadas em Lost in Nightmares de Resident Evil 5 (Multi) estão disponíveis desde o início. O uso de ink ribbons para salvar o progresso, os baús para guardar itens… tudo está lá. A dificuldade mais fácil e os modos extras presentes em outros ports do remake, Invisible Enemy e Real Survivor Mode, também estão incluídos no Switch.



A versão para o híbrido da Nintendo traz exatamente todos os conteúdos das versões em HD lançadas anteriormente. Portanto, se você já jogou Resident Evil anteriormente, não encontrará nada de novo. A maior vantagem de ter o jogo no Switch, portanto, é a possibilidade de jogá-lo em modo portátil e continuar o horror vivido pelo Alpha Team em qualquer lugar.

Alguns efeitos do tempo estão presentes

O jogo se comporta de maneira extremamente satisfatória em modo portátil, e a possibilidade de  continuar a jogatina do incidente da Mansão Spencer em qualquer lugar é excelente. Porém, algumas cutscenes não tiveram um novo tratamento como o resto do jogo, e por isso se apresentam um pouco embaçadas. Isso já era observado nos ports em HD anteriores — como o jogo basicamente é o mesmo, isso se manteve no híbrido da Nintendo.



Como marca registrada dos jogos clássicos de Resident Evil, temos a transição de cenários com animação da abertura de portas, um artifício usado para disfarçar o loading. Na versão de Switch, alguns momentos possuem um tempo de carregamento maior que o normal, nos quais a animação das portas não é suficiente para escondê-los. Essa espera adicional pode levar cerca de três ou quatro segundos. Como o jogo possui muito backtracking, isso se torna um incômodo durante o vai-e-vem do jogador.



Entre as duas opções de controles, temos os clássicos da franquia conhecidos como “tanque”, que já se encontram bastante datados hoje em dia. Um jogador mais novo pode ter dificuldade para se acostumar, mas os fãs mais antigos ainda podem preferir adotá-los. A opção de controles alternativa oferece uma jogabilidade um pouquinho mais próxima de jogos mais recentes. Nesta configuração, os analógicos movem o personagem para a direção no qual são apontados, sem a necessidade de apertar um botão para correr. No geral, essa forma de controle funciona bem, mas as mudanças de perspectiva de câmera podem enrolar um pouco o jogador — principalmente nos momentos em que é preciso ter precisão para desviar do agarrão de um zumbi insistente.



Um outro ponto negativo se refere ao preço do jogo, que no Switch custa $ 29.99. É quase o dobro do valor cobrado nos outros consoles — no PlayStation 4, por exemplo, o título pode ser adquirido por $ 15.99.

Resident Evil chega ao Switch trazendo exatamente o mesmo conteúdo de suas versões HD anteriores. Não há o uso de nenhum recurso exclusivo do híbrido da Nintendo, como os sensores de movimento dos Joy-Con, ou modos inéditos. Apesar de tudo, a experiência continua interessante e válida, mesmo sendo um título com tantos anos de estrada. Se você nunca jogou este clássico, ele é obrigatório em sua biblioteca.


Prós

  • Experiência completa em alta definição;
  • Todos os conteúdos estão presentes;
  • Ótimo desempenho no Switch, inclusive em modo portátil

Contras

  • Loadings mais demorados que o normal;
  • Preço mais alto no Switch do que em outros consoles;
  • Nenhum uso de recursos exclusivos do Switch.
Resident Evil - Switch/ PS4/ XBO/ PS3/ X360/ PC - Nota 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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