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Análise: Terraria (Switch) - uma aventura clássica e obrigatória

Explore, minere e se aventure pelo vasto mundo de Terraria na sua melhor versão para console.


Desde o seu lançamento em 2011, mais de 27 milhões de cópias de Terraria foram vendidas. Isso nem sempre é equivalente à qualidade do jogo, e talvez aqui também não seja, pois acredito que mais e mais milhões de jogadores precisem viver essa real aventura, cheia de descobertas, armas, minérios, inimigos e chefões incríveis! A versão para o Switch acaba trazendo algumas facilitações e dificultações de acesso, como será discutido ao longo da análise, porém, já adianto que ela é de longe a melhor versão para consoles.


A comparação com Minecraft é mais que inevitável, porém, não entremos em uma discussão de Pokémon e Digimon, porque todos que conhecem minimamente Terraria sabem que são intenções completamente diferentes. Acho que é bom esclarecer isso logo de início, então, resumidamente, Terraria é muito mais focado na progressão do seu personagem, com armas, armaduras e acessórios fortes que serão usados para matar mais de 20 chefões únicos do que os crafts de Minecraft.

O começo de uma aventura

Ao iniciar o jogo, deve-se criar um personagem e um mundo que, novamente, ao contrário de Minecraft, operam de formas diferentes: um único personagem pode ser jogado em quaisquer mundos e vice-versa. Chegando à vida, sem contexto nem nada, nosso personagem se depara com um inventário cheio de ferramentas de cobre, numa floresta, com um Guia ao lado.

Como de praxe, é possível explorar o mapa, começar a construir a sua base, ir minerar e todas as belezas clássicas do gênero sandbox. Os primeiros dias serão certamente árduos, ainda mais com as tentativas e erros se essa for a sua primeira jogatina, porém, cedo ou tarde você receberá uma mensagem que alertará a vinda do primeiro chefão.

O Olho de Cthulhu, tão canônico em RPGs, serve de primeiro direcionamento para o jogador que morre miseravelmente, assustado, sem poções, sem arma de longo alcance, sem uma área adequada para lutar, etc. Felizmente, a única penalidade ao morrer é dinheiro (que não é tão relevante no início), porque mortes são muito comuns no mundo de Terraria.

Aos trancos e barrancos, colocando itens no Guia para ver o que pode ser feito com ele, explorando, cavando cada vez mais pra baixo, talvez encontrando outros dois chefões não obrigatórios no meio do caminho, o jogador irá se acostumar com alguns sistemas do jogo. Curiosamente, ele vê que o Guia mora na sua casa, que é um quadradinho simples de madeira, com iluminação e alguns móveis, e também percebe que há uma casinha na interface de inventário. Ao construir mais casas ou mais quartos, lentamente outros NPCs entrarão no mundo.

Infelizmente acaba aí a maioria das obviedades dos sistemas importantes do jogo. Por definição, Terraria é um jogo relativamente linear (em questão de progressão de chefões para desbloquear conteúdo), porém, não deixa totalmente evidente qual o próximo passo a ser dado e, portanto, wikis e guias externos podem ser cruciais. Eu particularmente não me incomodo, inclusive acho meio essencial ao gênero, porém, pode diluir um pouco da experiência de um tipo bem específico de jogador.

Minerar, explorar e matar

Durante as mínimas 50 horas de jogatina de Terraria, há uma variação excelente nessa trindade: buscar minérios e itens, explorar o mapa e enfrentar chefões. Obviamente, ocasionalmente terá que construir algo na base, talvez dar uma pescada, reorganizar os baús, enfim, de qualquer jeito há muita ação para se ter.

O jogo te dá um prato cheio de conteúdo nos intervalos entre chefões e normalmente não há uma boa delimitação do que é obrigatório além de, obviamente, derrotar o próximo chefão. Isso é uma liberdade fantástica e permite uma manifestação muito positiva da vontade de cada jogador.

Após algumas boas horas, após ter derrotado alguns chefões, minerado rochas infernais, meteoritos e conseguido alguns acessórios legais, o jogador será convidado a oferecer um sacrifício para derrotar um “último” chefão. Ao conseguir um boneco de voodoo do Guia e jogá-lo na lava infernal, aparece esse monstrengo aí:

Se as outras batalhas podem ter exigido preparação prévia, essa aqui exige o triplo. Seja a plataforma horizontal estendida, poções, uma arma realmente boa e forte, o Wall of Flesh é um grande desafio. Ao derrotá-lo, porém, ao invés de só ganhar um loot bacana, todo o mundo é transformado em uma versão mais difícil.

Hardmode e o “jogo de verdade”

Alguns encaram Terraria até a morte do Wall of Flesh como um tutorial, e a partir do hardmode o jogo em si. É uma questão conceitual, mas se serve para World of Wacraft (do nível 1-119 e o 120), aqui também é plausível. Uma gama de novos inimigos, armas e itens estão disponíveis aqui, inclusive todos os normais são atualizados e provavelmente serão uma grande dificuldade nas primeiras horas até você achar alguma arma razoável.

Para além de uma progressão natural, realmente é evidente o pulo de dificuldade nos atributos dos inimigos e também nas animações. Alguns itens que são acessíveis ajudam a diminuir essa diferença, como botas especiais e asas (sim, você pode voar!), porém, um reflexo mecânico é exigido do jogador, o que pode ser mais difícil num console do que no tradicional mouse e teclado.

Aqui entra a inevitável discussão sobre a diferença das versões. Para o ápice de performance e responsividade nas batalhas, pode ser ideal para muitos jogadores os controles do computador, porém, não é impossível no console. Mesmo assim, recomenda-se sempre mais preparações e, principalmente, jogatinas no modo normal e não no expert.

De qualquer jeito, há uma enorme quantidade de conteúdo aqui, espaçado de uma maneira muito divertida, que é ainda melhor com amigos, em que é possível separar melhor as classes dentro do jogo: guerreiro, caçador, mago e summoner. Também é no hardmode em que as classes ficam mais delimitadas, com armaduras e bônus específicos ao longo dos chefões, o que pode ser divertido para diversificar a jogatina, inclusive num único personagem e playthrough.

Versão no Switch

Ao longo dos anos de Terraria, os desenvolvedores entregaram inúmeras atualizações gigantes gratuitamente, mantendo sempre o jogo num preço baixo, mesmo hoje quando ele tem tantas horas de conteúdo de qualidade. Ao realizar esse port para o Switch, novamente se confirmou a competência vinculada a esse jogo.

Não somente o suporte a todas as funcionalidades como o multiplayer, mas também inúmeras otimizações com a interface e navegação geral do jogo. Isso tudo é centralizado nos controles com touch, úteis tanto para gerenciamento de inventário, quanto para zoom, troca de itens e construção. No começo pode ser um pouco estranho, mas é bem intuitivo e logo se acostuma.

Essas ferramentas desaparecem fora do modo portátil, ficando apenas o analógico para controlar algumas tarefas lentas e frequentes, mas daí realmente não há alternativa sem o uso do mouse. O ponto é que acredito que todas as otimizações para uma versão de console foram aplicadas aqui no Switch, o que é incrível.

Além disso, ainda aparecem dois problemas para os possíveis compradores de Terraria: o preço e a falta de mods. Comparando com o preço na Steam, a versão no Switch realmente é mais cara, que é infelizmente um padrão de jogos na eShop, porém, certamente entrará em uma boa promoção daqui um tempo, daí quase não terá desculpa. Sobre os mods, é um ponto que literalmente possibilita que jogadores continuem jogando Terraria por 8 anos, com centenas e milhares de horas, porém, não há suporte para os consoles. Por todos esses motivos, eu ainda diria que a versão no PC é a definitiva, mas há vários chamativos para a versão do Switch, principalmente para alguém que nunca tenha o jogado.

Por fim, já considerando que Terraria é um jogaço e acredito que jogadores de todos os tipos devem o experienciar, essa edição no Nintendo Switch é extremamente recomendada, ainda mais que em breve será lançado o próximo (e talvez último) update do jogo, o que adicionará ainda mais coisas a se fazer nesse vasto mundo.

Prós:

  • Incontáveis horas de diversão e exploração;
  • Enorme variedade de itens e inimigos;
  • Lutas contra mais de 20 chefões e eventos especiais.

Contras:

  • Controles podem provocar atritos na jogatina;
  • Ausência de mods.
Terraria - Switch/3DS/WiiU/PS3/PS4/XBOX360/XBO/Mobile - Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela 505 Games

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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