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Análise: Gun Gun Pixies (Switch) é genericamente interessante

Third-person shooter não esconde ser totalmente erótico e despretensioso. Tem pontos fortes, mas precisaria de muito para ser um game incrível.




Pessoalmente tenho uma opinião mista quanto a jogos cheios de fanservice e erotismo. A maioria - isso inclui grandes franquias e jogos consagrados - tenta emplacar com jogos bem feitos, mas escolhe representar as personagens femininas com roupas dignas de fantasias de Halloween: bruxa sexy, enfermeira safadinha, etc.


Esse tipo de representação tem sido altamente questionada pelo público e, quando Mortal Kombat 11 (Multi) trouxe lutadoras femininas mais parecidas com mulheres reais, houve uma comoção na internet sobre o tema; uma parte reclamando que as personagens não se pareciam com os modelos dos jogos anteriores da franquia. Já outros jogadores comemoraram a escolha de Ed Boom e equipe de buscar uma representação mais realista de mulheres nos jogos.

E quando estamos tratando de um jogo feito exclusivamente com o erotismo em mente? Tendo esse tema como base, Gun Gun Pixies traz para o Switch um jogo interessante, com uma premissa digna de um anime engraçado, mas ainda cheio de nudez e conotações sexuais e, acredite se quiser, até algumas mensagens positivas na trama.

Fadinhas na Terra


Duas extraterrestres, da espécie Pixie, são enviadas à Terra para ajudar o seu mundo em colapso. Bee-tan e Kame-pon precisam recolher informações sobre os seres humanos, principalmente mulheres, para aplicar suas pesquisas sobre o comportamento humano para, posteriormente, aplicá-las aos pixies em sua terra natal.

Conseguem adivinhar como essas corajosas aventureiras vão salvar o seu planeta natal? Se infiltrando num pensionato para meninas universitárias (que são colegiais no original), pois assim elas poderão recolher o máximo de dados sobre o comportamento humano em um ambiente controlado e com pouco perigo para seus diminutos corpos.

Kame-pon é a garota de cabelo rosa, e Bee-tan é a de cabelos azuis. Elas têm a famosa dinâmica da dupla composta pela parceira centrada e séria da missão, unida à abobalhada que muitas vezes serve de alívio cômico.

Além disso, Kame-pon não esconde sua sexualidade um tanto agressivo-compulsiva quando se trata de mulheres. Ela se preocupa mais do que a companheira em ajudar as jovens que povoam a casa onde elas se instalaram, sempre com um comentário ou outro sobre como ela gostaria de chegar o mais próximo e desfrutar das meninas. Legal pela representatividade, mas preocupante na representação.


As Pixies são seres minúsculos. Elas mal passam dos calcanhares de um ser humano comum, o que torna a jogatina interessante, pois parte da aventura é se esgueirar pelos móveis da casa e coletar as informações para o avanço das missões. Além disso, é preciso ser furtivo, pois as humanas não podem saber da sua existência, então todo cuidado é pouco.

Para garantir total discrição, as Pixies precisam evitar fazer barulho perto das meninas, assim como não permanecer muito na linha de visão delas. Em alguns momentos, o melhor caminho seria passar por debaixo dos pés delas, mas o jogo dá game over na hora, infelizmente. Se esconder é fácil, mas se esgueirar debaixo do nariz do “inimigo” é mais legal...

Mais do que fadas, amigas

Afinal, no que consistem as missões? Em sua maioria, será preciso acompanhar a trama das moradoras da casa, o que deixa metade do jogo com uma cara de visual novel, na qual temos longos diálogos das personagens sobre suas vidas cotidianas.


De início, o jogo entra num tema muito interessante sobre dietas e como as mulheres veem o próprio corpo, representado pela personagem Amayo Sato, a menina de cabelos pretos da capa. Sato está em uma dieta pesada para não engordar e, portanto, só se “alimenta” de chicletes dietéticos.

Só que o cheiro desses chicletes depois de mascados começa a incomodar as outras moradoras do dormitório, e as Pixies, que de início não iriam se intrometer na vida das meninas, resolvem intervir para que a pesquisa delas não seja comprometida.

É aqui que o jogador se infiltra nos quartos das meninas e precisa vasculhar os cômodos e bens delas para encontrar maiores informações de como ajudar as moradoras da casa de forma discreta e, até certo ponto, indireta.

As extraterrestres usam suas armas que são munidas de Happy Bullets, balas que estimulam o corpo humano a produzir endorfina, deixando as meninas grogues de prazer e satisfação, facilitando o fornecimento de pistas para o prosseguimento das missões. As Happy Bullets também servem como meio de fazê-las parar de realizar ações danosas ao próprio corpo, como malhar sem se alimentar.

Parece que estamos jogando “Querida, encolhi as crianças”

O vai e vem entre as missões e conversas das personagens é uma dinâmica que torna o processo mais instigante a primeiro momento. É visível que a equipe quis agradar tanto o público mais interessado nas interações das personagens e no desenvolvimento delas quanto o pessoal que curte mais ação.


De modo geral, a jogatina é bem divertida. É muito interessante andar pelos cômodos enormes e percorrer objetos do nosso cotidiano como se fossem montanhas. Explorar os espaços em busca das soluções para os problemas das meninas é desafiador, pois não podemos chamar atenção e, raramente estamos sozinhos no recinto.

As Píxies não podem ser vistas nem ouvidas, então é preciso se esconder e evitar fazer barulho quando a faixa de visão das garotas está próxima às protagonistas. Também é necessário cuidado para mirar as balas e encontrar as melhores localizações no quarto.

É aí que começam alguns dos problemas do jogo. A câmera é bastante falha e a mira das armas é pouco precisa,com uma sensibilidade que não ajuda na hora que precisamos dar tiros mais certeiros - e haverá missões em que precisamos acertar pontos específicos das meninas, objetos e inimigos no cenário.

Outro perrengue é a posição da câmera quando enfiamos as Pixies em ambientes apertados, sempre numa perspectiva que torna difícil se guiar, pois estamos em um espaço bem mais limitado e a falta de mapa do quarto dificulta muito a jogabilidade. 

Customiza até a roupa de baixo


Num primeiro momento, a dinâmica do jogo diverte, pois parece um anime genérico interativo. Mas os diálogos das meninas vão se tornando cada vez mais desinteressantes, com tramas rasas e extensas. Frequentemente me vi apertando o botão de skip e indo apenas para os diálogos das Pixies, que resumiam o que as meninas disseram e complementavam as demandas das missões.

Algumas vezes as atualizações das missões se tornam um pouco confusas e o jogador acaba precisando queimar um ou dois neurônios para entender o que é preciso fazer para avançar no jogo.

Missões estas que vão ficando cada vez mais repetitivas, apenas com uma dificuldade maior, sendo ela as meninas andando com maior frequência pelo cenário, além da adição de inimigos que são nada mais, nada menos que lulas coloridas que os seres humanos não podem ver, cujos chapéus mais parecem camisinhas.

Pessoalmente, a falta de sentido, até mesmo na explicação da aparição deles, não me incomoda, pois o jogo inteiro tem muito nonsense em sua base. Mas a falta de criatividade para fazer um cenário maior - pois estamos presos em três quartos, sem acesso à cozinha ou a sala de estar -, ou missões que vão além de atirar nas meninas ou em inimigos e correr pelo cenário buscando algo, cansa.

Os chefões do jogo se resumem às protagonistas do jogo precisando atirar incessantemente nas meninas para que elas se encham de endorfina e decidam parar as ações que estão fazendo no momento, como se entupir de picolés durante um treinamento para uma competição de comedores profissionais, ou uma dança macabra para invocar poderes místicos.


Depois de vencer as meninas, o jogador tem um minigame na banheira para desestressar tanto as meninas do jogo como quem está jogando, consistindo apenas em atirar nas meninas nuas (nenhuma parte íntima é mostrada explicitamente, dadas as exigências de censura da lei japonesa) e “massagear” seus corpos para conseguir as moedas do jogo.

Com essas moedas é possível comprar melhorias para as armas e lingeries para as Pixies, pois não somente conseguimos ver as roupas íntimas delas ao fazer o movimento de engatinhar, como também os danos tomados por elas e remover as roupas delas. Nada mais justo que escolher suas roupas de baixo, não é mesmo?

Além disso, é possível comprar uma mira que dá a opção de ver as meninas do dormitório sempre com as suas roupas de baixo, para ajudar no fanservice mesmo em ação. Só achei desnecessário o jogador precisar recolher moedas que estão nos cenários das missões principais, sendo que os minigames à parte do modo história já dão moedas o suficiente para limpar a lojinha do jogo em poucas partidas.

Outro ponto que me chamou a atenção é a possibilidade de poder escolher quais vozes o jogador pode escutar. Se você só queria ouvir personagem X falando durante o jogo, é possível. Engraçado como o jogo tem uma atenção para funções como essa, mas uma mecânica de câmera mais competente não ocorreu.

Esse é o problema do jogo. Gun Gun Pixies não é um jogo mal feito, nem mesmo de longe. É visível que a equipe se empenhou na animação e modelagem das personagens, dentro do que é esperado para o gênero. Toda a jogabilidade é funcional para que possamos ver as meninas em poses bastante insinuantes e suas roupas íntimas, mas essa mesma jogabilidade peca para uma boa experiência de jogo.


Se houvesse um cuidado maior para que a jogabilidade fosse tão fluida e funcional quanto é para o fanservice, o jogo seria bem mais interessante. Já possui uma dificuldade e missões desafiadoras e cuidados para detalhes pequenos para o deleite do jogador. Por que não estender esse cuidado para uma aventura mais ampla dentro da jogatina, sem tornar a aventura monótona e extensa?

Apesar de tudo, o jogo cumpre bem o papel de servir belas e fofas meninas no melhor que a moda feminina íntima japonesa pode oferecer. Se personagens típicas de animes ecchi são o que você curte, aliado a um jogo de tiro em terceira pessoa com fortes doses de olhares de prazer, esse jogo é para você!

Prós

  • Missões e aventura com dificuldade desafiante;
  • Visual novel extensa;
  • Variedade de customização alta.

Contras

  • Problemas com movimentação das câmeras e mira;
  • Diálogos podem parecer longos demais para alguns jogadores;
  • Missões por vezes repetitivas.
Gun Gun Pixies - Switch/PC - Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa

Análise feita com cópia digital cedida pela PQube

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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