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Análise: Just Ignore Them (Switch) tem uma história interessante mas com desenvolvimento razoável

Conheça um pouco sobre a história de Max, um rapaz atormentado por monstros um tanto quanto peculiares.


Primeiramente, devo confessar que o estilo dos jogos da desenvolvedora Stranga Games já me conquistou. Não é por conta de gráficos espetaculares ou uma jogabilidade inovadora, mas sim pela maneira como as peculiares histórias dos personagens são contadas.


Basicamente, são jogos indie de exploração com pixel-art e uma pegada de terror. O interessante é que o conceito da narrativa é introduzido de uma maneira confusa e sem explicações, mas conforme o jogador avança no game (quase) todas as perguntas são respondidas e tudo começa a fazer sentido.

"Tem um monstro no meu armário"

Assim como em "My Big Sister", "Just Ignore Them" inicia sua narrativa com o jogador controlando as ações de uma criança. Neste caso, o protagonista é Max, um menino de oito anos que é atormentado por monstros em sua casa. Segundo as orientações de sua mãe, é "só ignorá-los" (frase que dá nome ao jogo), mas logo dá para notar que não é tão simples assim.



Cansado de lidar com essas assombrações quando mais velho, Max resolve fugir para longe de casa. Assim, o rapaz conhece novas pessoas e explora lugares distantes, mas seu problema não o abandona, muito pelo contrário, já que os monstros passam a influenciar nos indivíduos que convivem com o protagonista. Então, sua tentativa fracassada de fuga logo torna-se uma aventura para buscar explicações sobre esse fenômeno um tanto quanto sinistro em sua vida.

Apontar e clicar e tentar não morrer

Just Ignore Them possui uma jogabilidade bem básica, típica de um point and click tradicional. O cursor, direcionado pelo analógico, controla os movimentos e ações do personagem principal, enquanto há também as opções de interagir com e observar elementos do mapa, além de um inventário para armazenar objetos encontrados pelos cenários.

Particularmente, senti que a opção de controlar o protagonista diretamente com o analógico (como em Undertale ou nos jogos da série Pokémon) fez um pouco de falta, mas isso foi parcialmente compensado pela exploração do uso da touch screen do console. Outro fator cuja ausência pode atrapalhar a experiência de outros jogadores é a indisponibilidade do português como idioma selecionável na versão para Switch, o que seria uma simples adição ao considerar que a tradução já existe no game para a Steam.



A campanha do jogo consegue ser ainda mais curta do que em My Big Sister, com aproximadamente duas horas de gameplay para chegar a um dos finais. Sim, você leu direito: esta é uma história na qual as decisões do jogador influenciam no resultado final. E ainda assim há uma precariedade na execução dessa mecânica: o título só possui dois finais, além de ser difícil interpretar quais ações abrem caminho para chegar em cada um deles.

Um aspecto decepcionante do game é a trilha sonora, que em grande parte do jogo sequer possui alguma melodia tocando. É difícil saber se tal decisão foi proposital para aumentar a tensão da exploração dos lugares, mas infelizmente na prática isso não deixa o título mais assustador, e sim algo monótono e cansativo. Os efeitos sonoros também pecam em tentar amedrontar, pois são repetitivos, simples e não representam o que o jogo tem a oferecer.

Peculiar, mas nada demais


Enfim, “Just Ignore Them” promete bastante com uma narrativa curiosa, porém sua execução e seu desenvolvimento fazem com que não seja tão agradável, problema este que nem mesmo a peculiaridade do enredo é capaz de resolver. Sinceramente, existem outras opções mais interessantes de jogos point and click com uma pegada meio sinistra no console, como Thimbleweed Park e Oxenfree, ou até mesmo o já mencionado (e também da Stranga Games) My Big Sister.

Pros

  • Narrativa com conceito interessante e bem peculiar;
  • As decisões tomadas pelo jogador importam;
  • Jogabilidade simples e intuitiva;
  • Uso da touch screen no Switch.

Contras

  • Movimentação dos personagens poderia ter mais opções;
  • Indisponibilidade do português como uma língua selecionável;
  • Campanha extremamente curta (aproximadamente duas horas);
  • Precariedade da mecânica de “escolhas importam” na gameplay;
  • Trilha sonora quase inexistente e efeitos de som fracos;
  • Disponibilidade de outras opções de jogos mais interessantes nesse gênero.
Just Ignore Them - Switch/PS4/XBO/PC - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: André Carvalho
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


Estudante de publicidade que saiu do interior de Goiás para viver na cidade grande. Apaixonado por jogos, musicais e animações, passa bastante tempo no Twitter comentando sobre esses assuntos.
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