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Análise: Pokémon Sword/Shield (Switch) traz a oitava geração dos monstrinhos mais queridos

Sword/Shield é grande, mas não o suficiente para o Nintendo Switch.



Sabe aquela história “não fale mal de um jogo até que o jogue”? Depois de tanta polêmica envolvendo os jogos, e até mesmo a Game Freak e seus diretores, no dia 15 de novembro colocamos as mãos nesse lançamento. Finalmente podemos descobrir por nós mesmos se o novo game dessa franquia tão querida vale a pena ou não.

A região de Galar

Galar é uma região cheia de surpresas — na maioria das vezes, boas — e com uma bela ambientação. Jamais joguei um jogo da franquia principal com uma região tão viva quanto essa. Os Pokémon estão por toda parte vivendo as suas vidas, seja no céu, nos rios ou na terra. Outros, em parceria com seus treinadores, no dia a dia das grandes e pequenas cidades. Por falar nas cidades, elas possuem muitos detalhes, e estão visualmente muito bonitas. É possível até reparar no gosto por bonés do campeão, Leon, que tem o seu quarto decorado por vários desses acessórios, deixando clara a sua admiração.
Harmonia entre os Pokémon e o ambiente
Galar se torna ainda mais elegante quando a noite chega
Conhece alguém assim?
A mudança de tempo em Galar é um charme. As noites em certas cidades ficam ainda mais belas, como em Wedgehurst, Ballonlea e Circhester. Entretanto, apesar de um background tão atraente, as cidades , principalmente as maiores, possuem limitações que incomodam bastante, como é o caso de Motostoke, Hammerlocke e Turffield. A sensação é péssima, pois é possível ver que há mais cantos para se explorar, e não podemos chegar naqueles pontos, o que causa frustração. Ainda mais se levar em consideração o poder do Nintendo Switch.
Me mudo hoje mesmo pra lá!
Uma pena não poder explorar tudo que vemos aqui

Grandioso, belo e com problemas de performance

É certo que o jogo está bonito, com diversos detalhes e pessoas andando pelas ruas com seus Pokémon. Com certeza, é o jogo mais bonito da franquia e também o maior. Os carregamentos e saves são rápidos — não que isso não fosse, no mínimo, esperado de Sword/Shield. Contudo, falta polimento. Algumas áreas da Wild Area sofrem com quedas de frames e a performance fica a desejar, principalmente quando estamos online. Aí sim as coisas ficam “feias”. Algumas vezes ficamos travados ou, de repente, aparecem outros jogadores na sua frente.

Esses treinadores apareceram repentinamente após uma queda de frames
A resolução, apesar de 1080p na dock e 720p no handheld mode, tem quedas e, dependendo da variação climática, as coisas ficam piores (sem contar as mudanças bruscas de clima de uma região para outra dentro da Wild Area). E, sim, aquelas árvores são feias mesmo, o que me deixa inquieto, já que a vegetação fora desta área é bonita — até mesmo as que dão berries seguem um padrão mais simpático. Fica a questão: foi decisão dos designers ou falta de tempo?
Alguém muda essas árvores?

Um Show com direito a arena

Galar é baseada no Reino Unido, do qual a Inglaterra faz parte. Foi neste país onde o futebol foi criado, e hoje o esporte é uma das mais importantes fontes de entretenimento. Logo, nada mais justo que seguir adaptando essa paixão da qual compartilhamos também aqui no Brasil. Tudo é feito inspirado nos campeonatos desse popular jogo.



Começamos recebendo uma indicação do campeão da Pokémon Galar League para nos tornarmos Gym Challenger — ou desafiante de ginásio.A partir daí, a jornada inicia e podemos presenciar um dos pontos altos do game: as batalhas de ginásio são um verdadeiro show. Você realmente se sente em um estádio lotado e consegue desfrutar daquele ritmo e adrenalina, que tornam tudo tão imersivo e empolgante. É aqui que a trilha sonora brilha mais forte, quando a batalha se intensifica e os torcedores vibram. A melodia que vai permanecer em sua cabeça, com certeza, será esse tema dos ginásios (Gym Leader Battle Music). Turfield e a Battle Tower também possuem ótimas músicas, assim como a Wild Area. Eu não me lembro de nenhuma trilha ruim, todas estão incríveis.
Os ginásios são enormes e bonitos

Os líderes são super famosos, deixando os estádios lotados
Como não entrar no clima?
Os líderes de ginásio possuem sua própria história e participam de maneira passiva e, algumas vezes, diretamente na sua jornada. Logo de início, assistimos a um líder desafiando o campeão e descobrimos que ele vem há um bom tempo tentando conquistar o posto mais alto da liga, infelizmente, sem sucesso. Algo que me chamou atenção são esses laços de parentesco e fortes amizades entre líderes, mas que ainda poderiam ser mais aprofundados — provavelmente algo que o anime irá aproveitar.

Assim como os álbuns de figurinhas dos jogadores de futebol, aqui temos os League Cards, que, além de autografados, possuem um pouco da história de cada um dos personagens principais da trama. Aliás, você pode criar o seu e compartilhar com seus amigos, então capriche!



A moda londrina

A customização de Sword/Shield é bem diversificada, com muitas roupas interessantes e que podem deixar o seu protagonista com a sua cara. Além das roupas “comuns” que existem nas boutiques de Galar, ainda é possível comprar os uniformes dos ginásios. Oito desses uniformes serão conquistados ao derrotar os líderes, os demais precisam ser comprados nos próprios ginásios.

Aqui a elegância é parte do seu estilo de vida


O corte de cabelo agora está mais fácil na hora da escolha, pois é possível ver o resultado previamente. Pena que são poucos modelos, principalmente os masculinos. Também senti falta na customização dos olhos masculinos, que nos deixa apenas mudar entre três opções de sobrancelhas.
Visualize antes, corte depois


Raids, competitivo e a polêmica Pokédex


Outro grande ponto positivo do game, além dos ginásios que mencionei, é a Wild Area. Com tantos Pokémon circulando pelos cenários e tendo diversas reações quando passamos por perto, é uma experiência imersiva no mundo dos monstrinhos. É emocionante encontrar com Gardevoir, Tyranitar ou Milotic vivendo em seus habitats. Quanto mais você avança na campanha, mais climas e Pokémon irão aparecer, inclusive nas Raids.

Tyranitar dando um rolé
Na Wild Area, é possível encontrar Pokémon com níveis altos desde o início. Então, cuidado! É importante destacar que o sistema de captura está diretamente relacionado ao número de insígnias que você possui. No início da sua jornada, você só poderá capturar Pokémon com níveis mais baixos. Cada insígnia conquistada aumenta esse limite e você poderá capturar Pokémon mais fortes, o que mantém o jogo balanceado.

A mecânica das Raids é especialmente um ponto divertido e com direito a ótimas recompensas. Se você é um treinador que curte o competitivo, irá passar muito tempo aqui. Os Pokémon encontrados têm mais probabilidade de ter IVs máximos, e capturá-los aumenta sua a chance de criar o Pokémon perfeito para utilizar em batalhas. Além dos prêmios que irão ajudar na jornada, como os Exp. Candies e os movimentos cedidos agora como Technical Records (TRs). Uma coisa é certa: seja com seus amigos ou só, a diversão é garantida, principalmente quando aparece aquele mais raro — que são os Pokémon que aparecem com cinco estrelas que você poderá usar em batalhas, além de completar a Pokédex.

Minha primeira Raid com Gigantamax
Essa Raid de cinco estrelas nos rendeu boas recompensas!

Falando em Pokédex, aí está o ponto de maior reclamação entre os treinadores. Não é para menos, hoje possuímos 890 Pokémon — sem contar as diferentes versões de algumas criaturas — e, entre esses, apenas 400 estão no jogo. Menos da metade, e isso é pouco! Infelizmente, Junichi Masuda, diretor da franquia, já disse que não possui a intenção de adicionar mais Pokémon futuramente, dando-nos um balde de água fria. Saudades, Dragonite e Metagross.

Outra coisa que me chamou atenção são as animações recicladas de alguns movimentos, como Double Kick, Tackle e Ember. Por outro lado, vemos movimentos com animações lindas como Pyro Ball, do Cinderace, Draco Meteor e Close Combat. Chega a dar um nó na cabeça ver esses diferentes níveis de animação em um mesmo jogo.

Aí não né?!
Com estilo!

Final de partida

Foram muitos rumores, polêmicas e problemas acumulados nesses últimos meses. Se tudo aquilo que foi dito fosse verdadeiro, este seria o pior jogo da franquia, com certeza! Felizmente, muitas coisas não passaram de boatos e tentativas de apagar o brilho de Sword/Shield por conta de decisões que não agradaram a uma parte da comunidade.

Pokémon Sword/Shield não é perfeito. Na verdade, precisa de muito polimento em algumas questões (performance, modo online e algumas texturas). Outros aspectos, como um bom aumento no número da Pokédex, ajudariam bastante. Ainda assim, a nova geração tem muitos pontos positivos, o que torna toda essa polêmica com o jogo injusta. Trata-se é um ótimo game, mas que poderia ser melhor.

Prós

  • Ambientes detalhados e vivos;
  • Diversos Pokémon na Wild Area;
  • Trilha sonora incrível;
  • Mecânica melhorada para o competitivo;
  • Diversidade na customização;
  • Emocionantes batalhas nos Ginásios Pokémon.

Contras

  • Algumas animações recicladas;
  • Corte na Pokédex;
  • Problemas de performance na Wild Area.
Pokémon Sword/Shield - Switch - Nota 8.5
Revisão: Jorge Neto
Pokémon Sword/Shield está disponível na Loja Nintendo
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

Leandro Alves é especialista em designer estratégico pós-graduado pela Unicarioca. Diretor Geral e também diretor editorial e diretor de artes das revistas GameBlast e Nintendo Blast, iniciou a sua paixão em The Legend of Zelda A Link to the past, fã da Nintendo, porém não esconde a sua satisfação pelo PlayStation e as séries Kingdom Hearts, Pokémon, Splatoon, The Last of Us, Uncharted e Naruto Storm. Está no Facebook, Twitter e Instagram.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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