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Análise: 80's Overdrive (Switch) é agradável, mas reprime bastante seu próprio potencial

O título é uma homenagem a racing games clássicos, com visuais e trilha empolgante, mas não contribui muito para o gênero.


80’s Overdrive chega ao Nintendo Switch trazendo de volta o espírito dos clássicos arcades de corrida 16 bits das décadas de 80 e 90. Apresentando um belíssimo visual em pixel art e um trilha sonora eletrônica retrô bem bacana, o jogo busca nova vida no híbrido da Big N depois de ter sido originalmente lançado para o 3DS.


Igual, só que diferente

Simplicidade é uma grande característica de 80’s Overdrive. O jogo, mesmo possuindo visuais bem trabalhados e terem sido melhorados significativamente neste port, ainda restringe seu próprio potencial e não traz grandes novidades nesta nova versão. Especialmente quanto à mecânicas e a inexplicável ausência de um modo multiplayer, as corridas acabam sendo bastante lineares e podem cansar depois de algumas partidas.

O real desafios nos rachas é conseguir desviar de outros carros trafegando pela rodovia, sejam eles de motoristas comuns ou um dos nove corredores competindo contra você, e evitar colisões e a perda de segundos essenciais na conquista de uma classificação satisfatória. Curvas mais acentuadas e ondulações não são obstáculos, especialmente se for melhorando status de seu veículo a cada competição.




Com o botão A você acelera seu carro e a partir daí precisa apenas desviar e fazer curvas até o fim da competição. Isso não é lá uma grande chateação em pistas mais curtas, já que as paisagens entretém e a trilha sonora dinâmica ajuda a quebrar a monotonia, mas existem pistas bem maiores que demoram bastante para serem finalizadas e não apresentam grandes desafios além do exercício de sua paciência.

Elementos extras como o nível de combustível do seu carro e o estado geral do veículo, que se deteriora sempre que você se choca com outros carros, ou elementos do cenário, adicionam um pouco mais de profundidade a cada corrida ou duas, mas são facilmente reparados ao gastar algumas centenas de moedas, eliminando o problema por mais várias disputas.


O principal modo, dentre os três disponíveis, é o Career Mode. Neste você é um corredor iniciante que procura subir no ranking dos mais famosos da região por meio da participação em corridas ilegais. Essas competições rendem dinheiro e é esse o recurso que será utilizado por você para adquirir melhorias para sua máquina ou até mesmo novos veículos. As corridas são apresentadas em um mapa cheio de estrelas coloridas marcando cada uma das localidades onde as competições acontecem. São mais de 30 corridas diferentes e cada uma exige o pagamento de uma taxa de participação. Investimento que lhe renderá um bom retorno se você se der bem e chegar entre os melhores.

Essa moeda de troca única pode ser recebida também ao realizar pequenas missões dentro das pistas ou como pagamento por pequenos trabalhos fora delas. As missões são bem simples e consistem em coletar determinado número de objetos, danificar o carro de um corredor, ou até perder a corrida para que outros corredores se deem bem. Lavar carros por 50 moedas também é uma das opção oferecida a você de vez em quando.


Mesmo com tantas formas alternativas de se obter dinheiro, você frequentemente precisará voltar para pistas iniciais para farmar este recurso a fim de restaurar as condições de seu carro ou até para progredir em direção ao próximo desafio. Os valores se tornam bem altos com o progresso na carreira e nada é devolvido caso você fracasse em algum dos rachas (ainda é possível resetar as fases sem nenhum custo adicional quantas vezes quiser).

Mesmo sendo bem raras, atividades alternativas podem ajudar a juntar um trocado.

80’s Overdrive possui um modo Time Attack que funciona como uma corrida sem fim. É preciso correr sob um cronômetro e ir adicionando segundos ao relógio ao fazer ultrapassagens perigosas pelos carros na rodovia. Confesso que não consegui ir muito longe, pois as manobras são imprecisas e os carros começam a desviar de você depois de um tempo. Também não me senti à vontade para tentar mais vezes…


O terceiro e último modo é o Level Editor, que considero bastante decepcionante. Ao contrário do que se imaginaria em um editor de fases, aqui nós apenas ditamos algumas regras e aspectos gerais da pista, tudo por meio da marcação de opções em um menu estático. Além de escolher entre nove regiões para servir de cenário para a corrida, pode-se adicionar ou não, por exemplo, a aparição da polícia, tráfego de veículos, ondulações e acentuação da pista, aumentar sua duração, etc. É possível ainda compartilhar suas criações com outros jogadores por meio de código aleatórios gerados para cada novo estágio.

Tanque meio cheio

80’s Overdrive é bem caprichado em detalhes e elementos dos cenários, possui trilha sonora bacana e empolgante e tem pequenas mecânicas (como o medidor do nível de combustível do carro, indicador do estado da lataria, troca de faixas de músicas ao longo da corrida e a possibilidade de melhoria de peças) que adicionam alguma profundidade às corridas e te mantém atento a mais elementos. Mas, infelizmente, o jogo não vai muito além e entrega uma experiência monótona com o passar do tempo. Além de quase não apresentar novo conteúdo em relação à sua primeira versão e a completa ausência de modos para mais jogadores, o título aposta pesado na nostalgia - o que pode ser bom ou ruim para alguns - e tem controles meio travados, o que impacta diretamente no objetivo principal do jogador: ganhar corridas.

Torço para que tenhamos o lançamento de um título que possua a mesma energia e carisma de 80’s Overdrive pelas mão de seus criadores, mas que vá além, não somente homenageando clássicos, mas trazendo renovação ao gênero, novas mecânicas e um gameplay moderno.

Prós

  • Belo visual retrô, com cores vibrantes e iluminação caprichada;
  • Faixas musicais empolgantes e com possibilidade de serem alternadas durante a corrida.

Contras

  • Corridas se tornam cansativas com o tempo;
  • Pouca variação de desafios;
  • Ausência de modos para mais jogadores;
  • Modos de jogo repetitivos.

    80’s Overdrive — Switch — Nota: 6.5

    Revisão: Kiefer Kawakami
    Análise produzida com cópia digital cedida pela Insane Code

Estudante de Letras, apaixonado por vídeo-games e música. Gosta de conversar sobre hobbies em comum, receber dicas e recomendações e de capturar monstrinhos de bolso enquanto explora Hyrule.
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