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Análise: Lonely Mountains: Downhill (Switch) — descendo a ladeira em uma intensa experiência arcade

Explore uma natureza montanhosa repletas de trilhas e possibilidades nesse acelerado título indie.


Um ciclista explorando trilhas em montanhas é o foco de Lonely Mountains: Downhill, título indie de corrida com pegada arcade. Um visual minimalista e comandos simples sugerem partidas relaxantes, no entanto o jogo conta com ação veloz e alto desafio que exigem muita destreza. Muitas pistas repletas de rotas alternativas complicadas e grande quantidade de conteúdo tornam a experiência viciante e a diversão é justamente explorar as várias possibilidades.

Praticando mountain bike em um mundo minimalista

Lonely Mountains: Downhill é bem direto. Partindo do topo de uma montanha, o objetivo é chegar até a base dirigindo uma bicicleta. As trilhas são bem traiçoeiras e apresentam curvas acentuadas, obstáculos naturais, saltos por penhascos, ladeiras íngremes e mais. Os comandos se resumem em virar o guidão da bicicleta, acelerar, frear e pedalar rapidamente para ganho momentâneo de velocidade. Acidentes são comuns, porém recomeçamos automaticamente do último checkpoint alcançado.

O jogo conta com 16 pistas espalhadas por quatro montanhas. Em cada rota, o primeiro objetivo é simplesmente chegar até o final, como se fosse reconhecimento do terreno. Uma vez feito isso, desafios adicionais são liberados, como terminar a prova em tempos específicos ou sofrendo poucos acidentes. Completá-los desbloqueia mais conteúdo, como trilhas, bicicletas, roupas e pinturas para as bikes. Há alguns segredos para encontrar em cada rota: pontos de descanso e mensagens dos apoiadores da campanha do Kickstarter.


Uma atmosfera amena e solitária permeia todo o jogo, que foca somente no ciclista em meio à natureza. A ausência de música dá mais importância aos efeitos sonoros, como o pneu derrapando na terra, o canto dos pássaros e o barulho de cachoeiras, trazendo uma sensação de imersão. Elementos geométricos montam o visual e cada montanha transmite um clima único com seus biomas e paletas distintos — as colinas verdejantes de Gratehorn fazem contraste com o clima árido de Redmoor Peaks. A câmera fica afastada na maior parte do tempo, mas às vezes ela se move para ângulos mais ousados para criar cenas impactantes. O resultado é uma beleza minimalista bem agradável. O visual na versão de Switch é um pouco comprometido em relação aos outros consoles, no entanto não chega a ser um grande problema.


O caminho difícil é mais divertido

Lonely Mountains: Downhill oferece uma experiência arcade com doses de adrenalina com seus comandos simples, ação ágil e mecânicas acessíveis. Aqueles que simplesmente quiserem relaxar e desbravar as montanhas podem experimentar o modo exploração, já quem gosta de desafio vai precisar se esforçar muito para conseguir completar todas as tarefas adicionais.

As pistas oferecem desafios bastante variados e interessantes. Uma trilha é repleta de curvas que precisam ser navegadas com cuidado, afinal basta um toque de roda em uma pedra para cair. Uma montanha em uma região árida tem uma pista com descidas íngremes, sendo essencial o uso correto do freio para prosseguir. Um caminho perto de uma cachoeira conta com inúmeras partes com saltos e água, em rotas que exigem destreza e velocidade. A diversidade de situações é grande e até mesmo pistas da mesma montanha são bem distintas entre si.

Cada trilha tem inúmeras rotas alternativas e para acessá-las é importante observar com cuidado o cenário, como trechos escondidos nas árvores, pontos com menos vegetação ou ladeiras sugestivas. Esses caminhos costumam ser mais curtos, porém são mais difíceis de navegar, exigindo mais técnica do jogador. Gostei bastante de explorar as possibilidades e é empolgante conseguir fazer uma série de saltos difíceis sem morrer — por mais que, na maioria das vezes, só fui capaz de executar com sucesso os trechos complicados depois de inúmeros tombos. Parte da graça do jogo é justamente conseguir encontrar os melhores caminhos para diminuir os tempos. E, claro, não deixa de ser divertido atravessar as rotas absurdas e visualmente impressionantes.


Persistindo para superar desafios e evoluir

Um pouco de memorização, tentativa e erro, e muita destreza são necessárias para avançar no jogo. No entanto, a progressão não é cansativa ou frustrante, pois a maioria dos checkpoints é próxima e o reinício é quase instantâneo. Completar as missões é requisito para acessar boa parte do conteúdo do jogo, o que significa atravessar as rotas alternativas perigosas e dominar os controles da bicicleta. A partir da metade do jogo as tarefas ficam bastante complicadas e desbloquear coisas torna-se custoso. Mas, mesmo assim, me diverti tentando fazer melhores tempos inúmeras vezes para superar os desafios.

Com o tempo e com novos desafios, passei a ter maior técnica e consegui fazer coisas mais complicadas no jogo. Este é um daqueles títulos em que aprendemos com os erros, sendo que insistência e experimentação são imprescindíveis para evoluir. As bicicletas desbloqueáveis são um bom incentivo para revisitar trilhas anteriores, pois elas alteram sensivelmente a jogabilidade. Uma é mais resistente à quedas, o que permite ser mais ousado nos saltos; os pneus de outra têm menos aderência, tornando-a ideal para caminhos fora do percurso principal; há também uma focada em velocidade, ao custo de ser mais difícil de manobrar.


Três detalhes me incomodaram durante minhas partidas em Lonely Mountains: Downhill. O primeiro deles é a trilha: nem sempre está claro qual o caminho devemos seguir e às vezes é possível acabar num ponto sem saída. Outra questão é a câmera dinâmica. Na maior parte do tempo ela é aérea e dá uma boa visão das proximidades, porém em alguns trechos ela se aproxima demais, às vezes com elementos do cenário, como árvores e penhascos, preenchendo completamente a tela. Por fim, nem sempre é fácil entender com clareza o ângulo de partes do cenário quando a visão está mais inclinada, resultando em mortes injustas.

Esses problemas atrapalham o andamento, especialmente os pontos cegos — foram várias as vezes em que eu bati em um obstáculo por não conseguir enxergá-lo por ter uma árvore preenchendo a tela. Por sorte os checkpoints abundantes amenizam esses problemas, mas não deixa de ser irritante errar por causa de um elemento que não temos controle.


Uma extasiante descida de bicicleta

Lonely Mountains: Downhill usa um conceito simples para criar um jogo arcade intenso. Descer ladeiras dirigindo uma bike é bastante divertido por causa da grande variedade de situações no meio do caminho que exigem destreza e experimentação, sendo um deleite encontrar e atravessar as complicadas trilhas alternativas. Um visual minimalista e foco nos sons naturais trazem imersão, por mais que às vezes os ângulos de câmera atrapalhem as descidas. Há boa quantidade e diversidade de conteúdo, porém boa parte dele só é desbloqueado após concluir missões difíceis — a atmosfera é relaxante, mas a dificuldade é bem hardcore. No fim, Lonely Mountains: Downhill é uma experiência ágil e viciante, especialmente para aqueles que buscam desafio acentuado.

Prós

  • Jogabilidade arcade simples, ágil e divertida;
  • Pistas com inúmeras rotas alternativas que convidam à exploração constante;
  • Boa quantidade de conteúdo e de desafios;
  • Ambientação relaxante com visuais geométricos e foco nos sons naturais.

Contras

  • Alguns ângulos da câmera criam pontos cegos ou visualmente confusos, o que atrapalha o andamento.
Lonely Mountains: Downhill — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Icaro Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Thunderful Publishing

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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