Dez Pokémon lendários e suas lendas e mitos de origem

Venha conhecer as lendas que podem ter servido como base para criar alguns dos Pokémon lendários da série mais amada de todos os tempos.

em 17/05/2020



Depois de me aventurar descobrindo as origens de alguns dos nossos amados monstrinhos mais comuns, dessa vez pensei em trazer uma edição especial apenas com Pokémon lendários e os mitos do folclore mundial que os inspiraram.


Não dá pra dizer que as origens descritas aqui são totalmente certas porque nada foi anunciado por fontes oficiais, mas nos baseamos em algumas evidências como semelhanças entre aparência e descrição dos monstrinhos na Pokédex e essas histórias.

Ho-Oh

Para abrir essa lista lendária, temos o protetor dos céus, Ho-Oh. O nome do pássaro lendário lembra muito o de Hōō 鳳凰, ou Fenghuang — leitura chinesa dos ideogramas —, que são aves que se assemelham à fênix e são reverenciadas por toda a Ásia Oriental como espíritos divinos.

Sua aparência é descrita como pássaros com bico de galo, cabeça de faisão, pescoço de cobra, costas de tartaruga, pernas de garça e cauda de pavão. Suas penas têm as cinco cores fundamentais: branco, preto, vermelho, amarelo e azul, separadas em cinco caudas distintas.

Eles são seres extremamente pacíficos e não causam mal a nenhum ser vivo. É dito que quando um Hōō alça voo, o vento para, a poeira baixa e os pássaros e insetos ficam quietos. A pureza desses animais é tanta que eles só aparecem em terras abençoadas de paz, prosperidade e felicidade e a trazem um bom presságio, indicando o início de uma nova era.

No Japão, ele é um símbolo constante nas ilustrações, pinturas, quimonos e na arquitetura de templos e santuários. Representa o fogo, o sol e a família imperial, sendo um dos seres divinos mais reverenciados no Japão. O nome Hōō nada mais é do que como os japoneses leem os ideogramas chineses 鳳凰, que em mandarim têm o som de Fenghuang.

É dito que, originalmente, eram dois pássaros diferentes: o macho Hōō, Feng, e a fêmea Ō, Huang. Os dois separados simbolizam yin e yang e a dualidade do universo. Eventualmente as criaturas se fundiram e o nome combinado foi utilizado desde então.

Ho-Oh é um pássaro divino com muitas semelhanças à aparência de Hōō, incluindo ser multicolorido com suas penas brilhando em todas as cores do arco-íris. De acordo com a Pokédex: “ele se revelará diante de um treinador de coração puro, brilhando suas brilhantes asas cor de arco-íris” e “é dito que essas asas são capazes de trazer felicidade a quem as ver”. É também um pássaro de fogo, assim como Hōō.

Rayquaza

Enquanto o pássaro Ho-Oh é baseado nas fênix, Rayquaza tem como base os dragões, presentes em diversas mitologias. No Japão, os dragões que se assemelham bastante a Rayquaza são os Tatsu 龍, ideograma que significa “dragão”. Há também outros nomes para as criaturas como ryū, ryō, wani e até mesmo nomes individuais para lendas específicas.

Tatsu, diversas lendas contam, são como serpentes gigantes, com corpos cobertos por escamas, podendo ter diversos braços e cabeças. Podem também ter chifres, garras e dentes afiados e até mesmo barbas. São poderosos a ponto de se disfarçarem de seres humanos e nunca serem vistos em suas formas reais.

Eles têm grande conexão com água, seja em qualquer instância: mares, rios, oceanos e até mesmo a chuva — são como deuses do elemento. É dito que vivem em esplêndidos castelos submersos ou em regiões isoladas. Geralmente se distanciam de qualquer ambiente que haja vida humana, apesar de, ocasionalmente, se estabelecerem próximos a templos budistas.

Assim como nas lendas ocidentais, eles são seres que acumulam riquezas e artefatos poderosos em suas residências. Podem ser perversos e viver apenas para causar o mal à humanidade, mas há aqueles que são bonzinhos, dispostos a partilhar de seus poderes e sabedoria para aqueles que a buscarem.


Os Tatsu raramente se importam com questões que envolvam seres humanos, a menos que isso os afete diretamente. Eles também aceitam sacrifícios e oferendas dos homens, tanto que diversos templos mantêm as terras sagradas dos dragões locais. Eles recebem oferendas para que haja chuva, proteção contra enchentes ou qualquer coisa relacionada à água.

Apesar de Rayquaza não estar diretamente associado à água, está associado à atmosfera, vivendo nos céus. De acordo com a Pokédex: “Rayquaza viveu centenas de milhões de anos na camada de ozônio da Terra, nunca descendo ao solo” e “dizem que desceria ao chão apenas se Kyogre e Groudon estivessem para lutar.”

Suicune

Assim como Ho-Oh e Rayquaza, Suicune tem como base um dos animais divinos mais reverenciados pela Ásia Oriental. O Kirin 麒麟 é um ser quimérico que teve a sua origem na China, da mesma forma que o pássaro lendário apresentado no tópico anterior.

Ele parece ter o corpo de um cervo, coberto por escamas de dragão e por fogo divino, e seu rosto sempre apresenta um olhar de serenidade. Ele é um animal majestoso e sagrado, um deus de sua própria verdade, sem estar associado a nada e ninguém.

Seu comportamento é de pura gentileza, sua movimentação é tão leve que sequer amassa uma folha de grama e é capaz de andar sobre água. Não está propenso a ameaçar ou comer qualquer ser vivo, do maior dos animais até o menor dos insetos. Dada sua natureza imaculada , ele só pode ser avistado em momentos de paz mundial. Mesmo não causando mal a nenhuma alma benevolente, ele é capaz de atacar quando ameaçado.

A lenda do Kirin chegou ao Japão graças aos mitos do ser chamado Qilin. Ao passo que as gerações foram passando, as lendas chinesas e japonesas foram se diferenciando. Hoje, o Kirin é tido como o animal divino mais poderoso de todos, mais do que o Hōō e o Tatsu.

As girafas no Japão são chamadas de kirin, pois as suas longas pernas, a natureza branda e a pelagem que se assemelha a escamas fazem lembrar da criatura divina. Assim como as girafas, Suicune possui a pelagem de escamas, mas na cor azul.

O cão divino também possui uma natureza extremamente dócil e a sua pureza é retratada pela sua capacidade de purificar a água que toca, como diz na Pokédex: “Suicune encarna a compaixão de uma fonte de água pura. Atravessa a terra com graciosidade. O Pokémon tem o poder de purificar água suja.”

Zapdos


O único Pokémon dessa lista a não ter uma origem da cultura ou folclore oriunda da Ásia Oriental, Zapdos divide muitas semelhanças com o Thunderbird, o “Pássaro dos Trovões”, uma lenda das tribos indígenas Nativas dos EUA e Canadá.

O Thunderbird é descrito como um ser sobrenatural, um pássaro gigante que protege os seres humanos do bem e do mal. O nome é esse pois o bater de suas enormes asas é alto e estrondoso como um trovão e a ave seria capaz de soltar raios pelos olhos. Eles são capazes de trazer consigo chuvas e tempestades, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do momento.

As lendas dizem que é um ser tão grande que suas garras são capazes de carregar uma baleia, e seus bicos e garras são super-afiados. Com penas e olhos brilhantes e coloridos, vive nas nuvens acima das montanhas mais altas.

Zapdos possui muitas semelhanças com essa lenda como a Pokédex quando explica que é “Um Pokémon lendário que é dito aparecer das nuvens enquanto lança enormes raios”. Também há uma outra entrada que confirma que Zapdos “Usualmente vive em nuvens carregadas de raios.”

Entei

Uma das bases para criar Entei pode ter sido as esculturas de leões ou cães encontradas na Ásia Oriental, os Koma-Inu 狛犬, algo como “Cão de Goryeo”, nome que vem de uma antiga dinastia coreana. Eles também podem se chamar shishi 石獅, que significa “Leão de Pedra” ou “Leões de Fu”, mas esse último se refere somente às esculturas de pedra com as bocas abertas.

Esses leões, ou cães, depende do idioma e da cultura que os vê, são animais que servem como guardiões de algum terreno sagrado. Têm corpos fortes e musculosos, jubas e caudas peludas e encaracoladas e dentes e garras afiados. Alguns podem apresentar um único chifre na cabeça, como um unicórnio.

São seres ferozes e nobres, servem como guardas de entradas ou portas para que nenhum mal entre em alguma residência. As feras sempre estão em pares, com um macho e uma fêmea, sendo que cada um tem de que cuidar: o primeiro cuida da estrutura enquanto a segunda cuida das pessoas que habitam o recinto.

Apesar de Entei não ser um Pokémon de pedra, ele não somente é um leão, mas possui chifres tanto em sua cabeça, como em seu torso. Ele também desempenha um papel de protetor, principalmente no filme Pokémon 3: O Feitiço dos Unown (2000) em que defende a menina Molly.

Raikou

De todos os Pokémon dessa lista, Raikou é o que mais tem proximidade de nome com a lenda descrita aqui. O monstro de bolso se parece muito com Raijū 雷獣, a “besta do trovão”, seres que incorporam o trovão em formas de animais. Eles podem ter diversas aparências , desde animais grandes como leões, lobos, até animais pequenos como insetos ou crustáceos. Há relatos de Raijū com aparências de seres quiméricos.

Os Raijū vivem no céu, fora do alcance dos seres humanos. Graças a essa distância, não se sabe muito sobre as suas formas ou comportamentos. É dito que eles montam nos raios quando há uma tempestade, assim conseguem chegar à terra firme e causar confusões quando atingem o solo. Eles gostam de atacar construções, começar incêndios e de destruição em massa.

Antigamente acreditavam que pequenos Raijū gostavam de se alojar nos umbigos das pessoas para se esconderem de Deuses dos Trovões bravos. Daí surgiu a superstição japonesa que diz para cobrir o seu umbigo quando ouvir um trovão.

Assim como várias lendas, os Raijū surgiram como uma forma de explicar os eventos da natureza. Raios eram bastante temidos no Japão antigo, pois as construções eram todas feitas de madeira e sempre estavam próximas umas das outras, então um único raio podia causar muita destruição, sendo a residência de camponeses ou da família imperial. Desastres eram creditados aos deuses, pois somente um ser superior seria capaz de fazer a terra mexer ou enviar fogo (raios) do céu.

Hoje os Raijū não têm mais tanta notoriedade como seres sobrenaturais. Dada a compreensão geral de ciência mais moderna e o entendimento sobre eletricidade e relâmpagos, o senso comum foi levado a esquecer essas lendas, pois o mundo desconhecido dos céus e dos raios já não era mais um mistério para o povo. Assim, esses seres já não assustam ninguém.

A Pokédex nos mostra as semelhanças que o Pokémon lendário compartilha com o yōkai: “As nuvens que carrega soltam raios e trovões livremente. É dito que ele desceu à terra através dos raios”.

Um pouco de contexto

Para explicar as lendas origem de Thundurus e Tornadus, precisaremos trazer um pouco mais de contexto. Os dois Pokémon que serão apresentados a seguir possuem semelhanças com os deuses Raijin 雷神, o “Deus dos Raios e Tempestades” e Fujin 風神, o “Deus dos Ventos”. Ambos são filhos dos deuses criadores do arquipélago japonês: Izazagi イザナギ, o deus da criação e pai de todos os deuses, e Izanami イザナミ, a deusa da vida e da morte e mãe de todos os deuses.

Juntos eles criaram as ilhas que hoje compõem o Japão. Para criá-las eles usaram a Amenonuhoko — que pode ser escrita como 天沼矛 ou 天之瓊矛 ou 天瓊戈 — a “divina lança cravejada”, um artefato divino dado pelos deuses anciões. O casal foi até a ponte entre o Céu e a Terra, chamada de Ame-no-ukihashi 天之浮橋 — a “ilha flutuante do paraíso” —, e mexeu as águas do mar com a lança.

As gotas de água salgada que caíram da lança emergiram como a primeira ilha, chamada de Onogoro. Os deuses descenderam à terra e criaram o seu palácio, lá eles deram à luz diversos deuses como Amaterasu 天照, a “Deusa do Sol” e Kagu-Tsuchi カグツチ, o “Deus do Fogo”.

Acontece que, ao nascer, Kagu-tsuchi envolveu sua mãe em chamas, o que custou a vida de Inazami. Izanagi, revoltado, decaptou seu filho e cortou seu corpo em oito pedaços, que deram origem a oito vulcões. Em desespero, ele desceu para o Yomi-no-Kuni 黄泉の国, o “Mundo dos Mortos”, em busca de sua mulher, como uma tentativa de trazê-la de volta ao mundo dos vivos.

Ele conseguiu encontrar Inzami, que dormia naquele mundo. Ela parecia estar bem, mas ao aproximar a luz dela, ele percebeu que seu corpo era mais do que carne podre, estava infestado de demônios que se contorciam como larvas. Izanagi soube que ela havia consumido a comida do Yomi, ato que a prendia eternamente como habitante daquele mundo. A deusa que um dia fora a responsável pela vida, agora era da morte.


Assustado e gritando de horror, Izanagi saiu correndo, querendo deixar sua esposa-cadáver naquele mundo horrendo. Inzami acordou com o barulho e cheia de ódio mandou os novos deuses e monstros que havia dado à luz trazerem Izanagi de volta ao mundo dos mortos. Ele conseguiu sair e selou a entrada do Yomi com um rochedo, criando assim uma separação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

Enfurecida, Izanami gritou que se ele a deixasse lá, ela iria matar mil habitantes da terra dos vivos por dia. Para garantir que o mundo não iria morrer, Inzanagi respondeu que daria à vida mais 1500 por dia.

Thundurus

“Bem, e para que serviu todo esse contexto?” você me pergunta. Bem, a criação de Raijin 雷神 é resultante da morte de Izanami. Sendo um dos filhos originados dos restos mortais de sua mãe, Raijin é um deus associado à destruição e ao caos.

Ele foi um dos deuses que Izanami mandou perseguir Izanagi enquanto ele fugia do Yomi. Assim Raijin conseguiu acesso ao mundo dos vivos e até hoje causa as tempestades e raios que tanto afetavam a vida dos seres humanos. Lembram da lenda dos Raijū? Então, os Raijū acompanham Raijin, um deus maior que eles, também temido pelo seu poder destrutivo.

Ele é descrito como um ser assustador, com um sorriso cheio de dentes afiados e um olhar sempre bravo. Ele está sempre de pé sobre uma nuvem e com uma auréola envolvendo seu corpo — uma marca de sua divindade —, e nessa auréola estão os seus tambores, que representam os raios e trovões que ele é capaz de produzir.

Mesmo sendo um deus inicialmente associado ao mal, Raijin é tido mais como um deus teimoso a um deus malvado. Ele é reverenciado por trazer as chuvas que irrigam as plantações dos camponeses e também creditado como protetor de templos e santuários. É dito que se um de seus raios atingirem uma plantação de arroz, aquela safra será próspera .

Thundurus se parece bastante com o deus Raijin na Incarnate Form, a cara de mau e estar sempre montado em uma nuvem o aproximam demais da lenda. A sua cauda lembra bastante as auréolas nas representações dos deuses, talvez não reproduzida fidedignamente para não associarem o Pokémon a uma divindade da religião xintoísta. Na Pokédex é dito que “Os espigões de sua cauda disparam imensos raios. Ele voa pela região de Unova disparando raios e trovões.”

Tornadus

Tornadus tem muita proximidade com o deus irmão de Raijin, o deus dos ventos Fujin 風神, está sempre com o irmão dos raios. Ele não é bem uma deidade e, às vezes, pode ser reconhecido como um Oni 鬼 , algo que mais se aproxima de um demônio. Ele é tido como uma força da natureza, não possuindo um caráter necessariamente bom ou mau .

Ele é descrito como um ser de pele de leopardo verde, com uma aparência monstruosa e um semblante sempre irritado. Ele está sempre montado em uma nuvem, a qual ele usa para percorrer o mundo, o que causa a produção dos ventos, tornados e tempestades. Além disso, ele possui quatro dedos, cada um representando um ponto cardeal.

Assim como o irmão Raijin, Fujin nasceu do corpo de Izanami já no Yomi, ou seja, ele nasceu no mundo dos mortos. Ele conseguiu escapar do mundo dos mortos junto de outros Oni criados por Izanami para cumprir o que a mãe deles jurou realizar: matar o máximo de seres vivos possível.

Isso, novamente, é creditado pela força assustadora que os ventos e tempestades tinham para o imaginário japonês da época, mesmo servindo como algo positivo para diversos fins como chuvas que irrigam as plantações, eles ainda seriam capazes de matar muitas pessoas antes de serem vistos como divindades puras e benevolentes.


As entradas da Pokédex dizem que “Tornadus expele energia maciça de sua cauda, causando fortes tempestades. Seu poder é grande o suficiente para soprar casas para longe”. Sem contar que ele também está montado em uma nuvem e possui a pele esverdeada.

Landorus

Diferentemente dos Pokémon acima, a origem Landorus não veio do submundo japonês, nem mesmo dos deuses Izanagi e Izanami. O terceiro Pokémon do trio do clima é baseado na deidade chamada Inari 稲荷, a “Deusa dos Campos”, dita como a protetora das raposas e a deusa da prosperidade, do arroz e do chá.

Mesmo não fazendo parte da teogonia clássica, Inari é uma das deidades mais famosas do Japão: um terço de todos os santuários construídos são para a deusa. Isso se deve a muitos fatores, mas o principal é que como ela simboliza diversas frentes, principalmente a “prosperidade”, sua proeminência aumentou com os japoneses. Acreditavam que venerá-la traria sucesso financeiro, ainda mais no avanço do capitalismo no começo de século XX.

Além disso, ela também é a deusa associada à agricultura, principalmente o arroz, que é uma cultura extremamente presente nas plantações do Japão e do resto do Ásia Oriental. É dito que a bênção da deusa trará um ano com plantações prósperas. Sem contar que ela também está associada ao chá, um dos pilares da cultura japonesa nos últimos mil anos.


Em termos de aparência, Landorus mantém a estética dos dois últimos Pokémon da lista. O monstro se mantém sobre uma nuvem e a sua aparência remete à terra, mas ainda está fortemente associado ao ar, tanto que ainda é um Pokémon voador. Já a sua descrição da Pokédex entrega a sua semelhança com Inari: “Landorus garante às terras que visita colheitas tão abundantes que ele foi aclamado como ‘O Guardião dos Campos’”.

Uxie, Azelf e Mesprit

Sim, são três Pokémon nessa lista, mas eu consigo trapacear aqui pois os três monstrinhos dividem a mesma origem: A Regalia Imperial do Japão, também conhecida como Sanshu-no-Jingi 三種の神器.

Ela consiste em três artefatos de extrema importância para o país: a espada Kusanagi-no-Tsurugi 草薙劍, que representa a virtude da coragem; o espelho Yata-no-Kagami 八咫鏡, que simboliza a sabedoria e a honestidade e, por fim, a joia Yasakani-no-Magatama 八尺瓊勾玉, que simboliza a benevolência.

Esses artefatos são de conhecimento público, mas não há nenhuma foto ou representação real deles. Os únicos que têm acesso a ver as relíquias são o imperador e poucos sacerdotes do santuário onde ocorre a cerimônia de entronização. Como a cerimônia não é pública, apenas os presentes já mencionados podem ver os artigos.

Reza a lenda que esses tesouros foram trazidos à Terra por Ninigi-no-Mikoto 瓊瓊杵尊, descendente da família imperial japonesa e neto de Amaterasu , deusa do sol. Acredita-se que ela o mandou para pacificar o Japão. Os tesouros simbolizam a divindade do imperador e sua ligação direta com a deusa Amaterasu, uma forma de legitimar a sua posição como líder do Japão.

Quando houve a conclusão da Guerra Genpei — guerra-civil entre os clãs Taira e Minamoto pelo domínio da corte imperial e, consequentemente, pelo controle do Japão como um todo —, em 1185, houve a queda do clã Taira. É dito que a avó do filho do imperador se jogou, junto do menino e duas das relíquias, a joia e a espada, no mar para evitar que fossem capturados.


Mergulhadores foram enviados para recuperar as relíquias, mas somente a jóia foi encontrada; a espada foi dada como perdida. Há vários textos antigos comentando a perda da espada, falando que uma réplica foi forjada em seguida para substituir a perdida ou que uma réplica havia sido jogada ao mar ou ainda a possibilidade de que a espada original retornou para a terra através de forças sobrenaturais. Quanto ao espelho, relatos dizem que um soldado do clã Minamoto tentou abrir à força a caixa de madeira onde o artefato era guardado, mas foi cegado antes de conseguir.

E o trio de Pokémon, o que tem haver com essa lenda? Primeiro, é dito que os Guardiões dos Lagos foram criados por Arceus, o Pokémon que deu origem ao mundo, com o poder para acalmarem Dialga e Palkia quando eles estavam enfurecidos. Além disso, as entradas na Pokédex comentam que esses Pokémon foram os responsáveis por ensinar as emoções para os seres humanos e também que os três Pokémon nasceram de um mesmo ovo.

Uxie, o Pokémon de cabeça amarela, representa o conhecimento e é baseado no espelho Yata-no-Kagami. Ele está sempre de olhos fechados e é dito na Pokédex que é “Conhecido como 'O Ser do Conhecimento'. Dizem que ele é capaz de apagar a memória daqueles que veem seus olhos”. Essa entrada é muito semelhante com a lenda do espelho, contada acima.

Já Mesprit, o Pokémon de cabeça rosa, se aproxima mais da lenda da joia, que simboliza a benevolência, as emoções como um todo. A Pokédex diz “[Mesprit é] Conhecido como 'O Ser da Emoção'. Ensinou aos seres humanos a nobreza da tristeza, da dor e da alegria” e também diz que “Quando Mesprit voou, as pessoas aprenderam a alegria e a tristeza de viver. Foi o nascimento das emoções”.

E Azelf, o Pokémon de cabeça azul, é a representação da espada. Sua cabeça tem o formato pontudo que pode se assemelhar a de uma espada e sua empunhadura. Além da Pokédex dizer que “Quando Azelf voou, as pessoas ganharam a determinação para fazer as coisas. Foi o nascimento da força de vontade” também é creditado que “Ele dorme no fundo do lago para manter o mundo em equilíbrio”. Não estranhamente, a lenda conta que, ao fim de uma guerra, a espada Kusanagi-no-Tsurugi foi jogada ao mar.

Caramba, foi muita lenda por hoje. Esperamos que você tenha gostado de conhecer essas lendas e mitos que serviram como parte da inspiração para os Pokémon lendários.

Revisão: Jorge Neto
Imagens: Ilustrações dos yokai por Matthew Meyer (via yokai.com)

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
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