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Análise: Infini (Switch): uma viagem psicodélica por um universo interior

Com puzzles baseados em perspectiva, Infini oferece uma excelente experiência.


Desenvolvido por Barnaque, Infini é um jogo de puzzle que funciona como uma espécie de viagem psicodélica e filosófica pelo infinito. Com um gameplay muito bem construído, o título é uma excelente pedida para fãs do gênero.

Uma questão de perspectiva

Quando Esperança caiu no Infinito, ele desapareceu da Realidade. Encontrando personagens baseados em conceitos como Poesia, Paz, Memória, Tempo e Tecnologia, ela precisará realizar uma jornada em busca da saída. A história segue um formato não-linear, mas, apesar de ser altamente conceitual e filosófico, há um tom bastante concreto nos momentos de diálogo, o que até destoa um pouco da viagem abstrata que é a jornada.


O jogo é dividido em dez mundos, totalizando mais de 100 níveis de puzzle. A ideia das fases é levar Esperança até um portal. Para fazer isso, o jogador controla não só o personagem como também a câmera. E mudar o que está visível na tela implica em transformar profundamente as capacidades de movimentação do personagem.

A tela segue um funcionamento de loop, em que os cantos horizontais (esquerda e direita) se conectam, assim como os verticais (cima e baixo). Ao mudar a posição da câmera, o jogador consegue criar conexões entre áreas diferentes da fase. O aspecto mais interessante do jogo é que o conceito de todas as fases envolve de alguma forma brincar com a perspectiva.


Cada mundo tem também um estilo próprio, mudando as habilidades do jogador. Em algumas, Esperança está em queda e é possível alterar o sentido da gravidade. Em outras, o personagem pode voar e explorar mais livremente, até mesmo parando no ar com facilidade. Essas mudanças levam o jogador a precisar se adaptar a contextos bastante diferentes e são fundamentais para resolver o problema.

Alcançar o portal raramente é uma questão trivial. Boa parte do tempo é gasto pensando e contemplando possibilidades. Vale destacar também que algumas fases tem colecionáveis. Há um baú com esses tesouros e é interessante ver que eles impactam o jogo, alterando algumas cenas da história.

Uma verdadeira viagem

Um ponto que com certeza é o primeiro a chamar atenção (muito provavelmente de forma negativa) é o visual do jogo. Combinando com o aspecto onírico, Infini usa desenhos com formas mais abstratas, o que, em igual medida, dá a impressão de que o jogo é tosco e mal feito.


Pessoalmente, considero esse estilo gráfico bastante adequado, assim como a trilha sonora, que parece bastante experimental. Não são elementos comuns e isso adiciona um charme bastante peculiar. No entanto, no que tange às músicas especificamente, há alguns momentos em que duas trilhas se sobrepõem, cuja cacofonia pareceu não-intencional, apesar de combinar com o jogo.


De forma geral, Infini é um jogo de puzzle que consegue oferecer uma experiência verdadeiramente única e instigante. Apesar do aspecto visual e sonoro ser um ponto que claramente não irá agradar muita gente e de ter um roteiro um pouco mais concreto do que o jogo precisava, qualquer fã do gênero deveria experimentá-lo.

Prós

  • Vários puzzles bem construídos sob a noção de perspectiva;
  • Estilo gráfico e sonoro não ortodoxo;
  • Colecionáveis tem um impacto no jogo.

Contras

  • Sobreposição ocasional de sons parece não-intencional.
Infini PC/Switch Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vladimir Machado
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nakana.io

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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