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Análise: Bake ‘n Switch (Switch): fofura e frustração lado a lado

Este party game extremamente carismático tinha tudo para ser bom, mas fica apenas no quase.


Bake ‘n Switch, publicado pela Streamline Games, é um party brawler em que devemos cozinhar pequenos animais de massa como um modo de sacrifício para salvar o mundo. Apesar da premissa estranha, a história não é desenvolvida e o foco fica todo na experiência multiplayer, que tem muita personalidade mas também muitos problemas.

Cozinhando como se não houvesse amanhã

Bake ‘n Switch passa uma impressão de proximidade com a série Overcooked. No entanto, ainda que existam alguns pontos em comum, é fácil perceber onde as experiências se distanciam. O título da Streamline Games oferece uma proposta baseada em multiplayer online ou local para até quatro jogadores, sem a possibilidade de campanha solo.

Outra característica importante do jogo dos padeiros é que não há muito foco em receitas ou em diferentes estratégias para entregar pratos em um tempo específico. Na verdade, é tudo bem mais simples: basta pegar os bichinhos de massa e assá-los no forno. Mas não de um jeito tão fácil assim.

Cada jogador pode escolher entre seis padeiros (todos podem jogar com o mesmo personagem, se quiserem), cada um com habilidades específicas, como maior velocidade, mais rapidez em assar os pães, mais força para derrotar inimigos etc. Os personagens são carismáticos e experimentar todos é algo bem divertido, ainda que a jogabilidade em si esteja repleta de entraves.



O elemento base do jogo é coletar as massas (que na verdade são bichinhos fofinhos que aparecem andando pelo cenário) e assá-las em um forno que está disponível no estágio. Ao fazer isso, ganhamos pontos, mas fundir diferentes bichinhos em um maior nos dá um acréscimo significativo na pontuação obtida.

Rapidamente é possível perceber que esse é o jeito como o jogo foi pensado para ser experimentado. Como o forno demora um tempo para aceitar novos itens depois de assar qualquer coisa jogada nele, é preciso planejar ações mais significativas. Mas tudo vai ficando mais difícil quando, no decorrer das fases, outros elementos vão aparecendo: inimigos que atacam e diminuem o nível das massas gigantes, plataformas, necessidade de passar as massas em determinados molhos e muito mais. Assim, o game vai ganhando complexidade e ao mesmo tempo crescendo em sua forma de apresentar variações da mecânica inicial, o que é muito bom. No entanto, a experiência geral não é tão agradável.

Forever alone?

Se você é de poucos amigos, esqueça Bake ‘n Switch. Como já dito anteriormente, ele não possui campanha solo. Mas, pior do que isso, o modo online não oferece um matchmaking, o que significa que você precisa ter na sua lista de amigos outras pessoas que possuam o jogo para poder convidá-las para a sua partida.

Pelos motivos óbvios, essa é uma péssima ideia e dificulta demais a vida de quem precisa de companhia para jogar, especialmente porque o game, apesar de oferecer essa possibilidade, não foi feito para duas pessoas. Com esse número mínimo de jogadores é praticamente impossível realizar as ações necessárias para alcançar os objetivos das fases. E adivinha? É preciso cumprir essas tarefas para desbloquear novos estágios.




Outra coisa que incomoda demais é a movimentação dos personagens. Eles conseguem se locomover normalmente pelos cenários e pegar as massas pelo chão. No entanto, a partir do momento em que você segura uma delas, a quantidade de passos que você poderá dar é limitada.

Isso resulta em uma mecânica que poderia criar ótimas situações de estratégia mas que acaba gerando extrema frustração ao percebermos que existem elementos que nos impedem de jogar os pães no local ou direção que precisamos. E esse tempo perdido faz muita diferença na realização dos objetivos propostos.

Curiosamente, onde o jogo mais brilha é no PvP. O modo competitivo apresenta um número limitado de estágios, mas faz um uso muito divertido das mecânicas disponíveis, colocando os jogadores em uma disputa para ver quem consegue mais pontos. É preciso assar a massa, claro, mas também existe estratégia para atrapalhar o adversário, incluindo embates de luta entre os competidores. Infelizmente esse modo, apesar de ser uma ótima adição, não garante por si só longevidade ao título.


Quase no ponto

Bake ‘n Switch possui carisma e uma proposta divertida. O modo competitivo entrega uma experiência consistente, mas o foco principal, que é a campanha, deixa a desejar. O game sofre com uma movimentação pouco funcional dos personagens e com desbalanceamento, especialmente para dois jogadores, tornando a jogatina cansativa e frustrante. Além disso, falta um método simples de se conectar a outros usuários nas partidas online. Trata-se, sem dúvida alguma, de um título feito com carinho e atenção aos detalhes estéticos. Mas, no que se refere à jogabilidade, parece que faltou deixar a massa para assar um pouco mais.

Prós

  • Modo competitivo muito divertido;
  • Personagens e visual carismáticos;
  • Grande variedade de estágios e mecânicas.

Contras

  • Não existe um modo solo;
  • Movimentação travada dos personagens;
  • Ausência de matchmaking nas partidas online;
  • Nível de dificuldade desbalanceado para dois jogadores.
Bake ‘n Switch — Switch/PC/PS4 — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Streamline Games

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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