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Análise: Picklock (Switch) — E se o crime compensasse?

Alcance a vida de luxo ilegalmente neste título focado em furtividade e estratégia.

Imagine a vida de um cidadão normal, que trabalha de segunda à segunda, mas que mal consegue manter as suas contas em dia. Esta é a realidade de muita gente no mundo e pelo menos a maioria sabe lidar muito bem com isso, com exceção de Picklock: o protagonista do jogo homônimo que aborda a mentalidade criminosa de forma cômica e caricata. Focado em realizar roubos na surdina, o título traz propostas criativas e originais para o Switch.

Cansado de trabalhar de forma honesta e não ter dinheiro para comprar sequer um papel higiênico para a sua casa, o personagem decide que a melhor forma de ganhar a vida é praticando furtos e vendendo os artefatos adquiridos em uma loja de penhores. Após fazer sua primeira vítima, um vizinho do outro lado da rua, o nosso ladrão passa a planejar diversos roubos, até alcançar a vida dos sonhos.

De grão em grão

Por mais que o próprio jogo deixe claro que a narrativa é fictícia, com foco na comédia, nunca é demais ressaltar que o crime não compensa, caro leitor. Picklock é uma obra que reconhece os próprios absurdos e satiriza a si mesmo. O projeto seria brilhante se não fosse o seu maior desafio: os controles.
Do lixo ao luxo: assuma o papel de Picklock, o ladrão que rouba na surdina
Controlar o protagonista é a maior dificuldade de Picklock. Você não controla de fato o boneco, mas sim um cursor que guia o mesmo, lembrando um pouco a jogabilidade de The Legend of Zelda: The Phantom Hourglass (DS). Além disso, a câmera é extremamente sensível ao menor toque no analógico. Não é exagero, um toque de meio segundo realiza um giro de 180 graus no cenário. No começo é um pouco estranho, mas com o tempo você acaba se acostumando, embora seja quase sempre desconfortável.

O problema da câmera é agravado graças à visão isométrica empregada, porque diversos objetos que devem ser roubados ficam escondidos atrás de paredes mais altas, tornando as missões frustrantes e desagradáveis. Frequentemente você se pegará brigando com os controles para conseguir prosseguir, o que é muito lamentável, pois há um jogo muito divertido por baixo destes problemas — que poderiam ser resolvidos facilmente com uma simples opção de configuração da sensibilidade no menu.
Use a sua humilde residencia para planejar os primeiros furtos
No total existem treze missões principais na campanha single player; a maioria delas consiste em coletar objetos específicos sem ser notado pelos policiais. Caso você seja visto uma única vez pelo vigilante, ele ficará alerta. Porém, os reforços serão chamados se algum vigia perceber a sua presença novamente, e então haverão mais policiais procurando por você. No entanto, a inteligência artificial é limitada a apenas seguir rotas, o que torna os seus movimentos bastante previsíveis e fáceis de driblar.

O mapa da cidade funciona ao mesmo tempo como um hub para acessar todos os cenários do jogo. O recurso é interessante, pois acaba com dando um contexto maior para a história, funcionando de forma similar ao que já vimos em No More Heroes 2 (Switch). Quando o protagonista não está realizando furtos, é possível passar o tempo livre em bares, lojas e até mesmo casas noturnas.

Novos itens são desbloqueados à medida que você progride na história, como um pé de cabra para arrombar portas, por exemplo. Estas ferramentas são úteis para completar os estágios mais avançados e o uso delas torna-se mais estratégico com o tempo. Aliás, é possível fazer upgrades no seu carro, comprar casas novas e até mesmo viajar para esbanjar a grana conseguida de forma ilegal.
Venda todas as preciosidades que conseguir na loja de penhores e faça dinheiro

Jazz and Chill

A trilha sonora de Picklock é uma inesperada surpresa para um jogo indie. Há bastante variedade de arranjos em jazz e todos são bem agradáveis. Além do mais, o visual é um ponto positivo bem marcante. Apesar dos personagens e os cenários lembrarem pixel art em 3D, os efeitos de iluminação e os detalhes das texturas resultaram em um estilo de arte bem peculiar e original.

Picklock é um jogo criativo que teve o seu potencial enterrado pelos controles mal ajustados. Nem mesmo o humor, o estilo de arte ou a trilha sonora conseguem evitar a péssima impressão que a jogabilidade transmite ao jogador. Infelizmente, um título que poderia chamar atenção dentro do cenário indie passará despercebido por causa de problemas de game design totalmente evitáveis.

Prós

  • Estilo de arte bonito e criativo;
  • Trilha sonora agradável;
  • Humor cativante;
  • Boa variedade de estágios.

Contras

  • Controles péssimos;
  • Câmera desconfortável;
  • Inteligência artificial fraca.
Picklock — Switch/PC/iOS — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela No Gravity Games

Em constante mudança, escrevo sobre o que gosto e às vezes sobre o que não gosto também.
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