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Análise: Sniper Elite 4 (Switch) — uma bala pode mudar a história

O título de ação, que se passa em meio a segunda guerra mundial, traz uma jogabilidade técnica e imersiva.

A narrativa de Sniper Elite 4 contextualiza o auge da segunda guerra mundial na Europa. A história se passa após os eventos do terceiro título da franquia e coloca o jogador para assumir a pele do atirador de elite, Karl Fairburne, o qual percorrerá várias áreas da Itália e fará o possível para derrotar o regime facista que domina a região. O game traz novos elementos de outros jogos de ação, como mapas maiores, tornando a jogabilidade ainda mais interessante e diversificada.

O port para o Nintendo Switch ficou simples, mas satisfatório. Apesar do visual ter deixado a desejar, principalmente na renderização de cenários e iluminação, a taxa de quadros por segundo é estável a maior parte do tempo — o que é importante para um título de ação em terceira pessoa. Vamos abordar cada ponto separadamente a seguir.

Liberte a Itália

Após passar pela Alemanha e encarar o calor da África, o atirador de elite Karl Fairburne está de volta para a ação, desta vez ele será enviado para a Itália com o objetivo de libertar o país dos exércitos nazistas e fascistas. Para isso, o protagonista deve trabalhar junto com o movimento de resistência italiana e, ao mesmo tempo, conter novas ameaças, como a criação de novas armas pelo exército alemão e ainda prevenir que os cidadãos italianos sejam atacados.

Admito que o tema de Sniper Elite 4 é deveras interessante, porque obras envolvendo a segunda guerra sempre me chamaram atenção. Porém, a narrativa como um todo existe apenas como um background para dar sentido ao gameplay, já que todos os personagens são rasos e possuem pouco carisma. Inclusive, é possível zerar o jogo sem entender a trama — evidenciando que ela possui pouca relevância. Ela não chega a ser terrível, mas caso o jogador não possua interesse em ler os diálogos, não perderá muita coisa.

Infelizmente a versão do Switch não conta com a dublagem presente em outras plataformas. É lamentável, pois o trabalho de localização ficou excelente. Não que necessariamente seja algo fundamental ou que prejudique a experiência final, mas não deixa de ser frustrante.
A Rebellion Interact adaptou diversas cidades da Itália em Sniper Elite 4

Na moita

Por mais absurdo que possa parecer a comparação, em diversas vezes enquanto jogava Sniper Elite 4, eu sentia como se estivesse jogando The Last of Us ou algum título da saga Metal Gear. O game prestigia uma boa furtividade e oferece todas as opções possíveis para o jogador, desde se esconder nas gramas altas, para atacar no momento certo, como se camuflar em córregos ou debaixo de pontes. Mesmo que seja possível concluir todas as missões de forma agressiva, enfrentando os inimigos de frente, a verdadeira alma do gameplay está na progressão estratégica.

Além disso, a inteligência artificial dos inimigos é muito bem programada, eles procuram por você de verdade. É possível ouvi-los dialogando entre si e criando estratégias para encontrá-lo. Situações assim criam uma imersão muito interessante, principalmente porque o jogo faz uso do Rumble HD. Felizmente qualquer tipo de jogador poderá aproveitar esta imersão, pois o jogo possui diferentes níveis de dificuldades e conta com várias mecânicas de assistência, tornando-se acessível a todos. Logo, você não ficará perdido caso não seja um entusiasta do gênero.
É possível enfrentar os adversários de frente
Como em outros jogos da série, os oponentes irão vagar e examinar o mapa para observar se tudo está em ordem. Qualquer som, por menor que seja, atrairá a atenção dos soldados de duas formas: amarelo, quando eles procuram por você, ou vermelho, quando você é encontrado e todos tentarão acabar com você.

A melhor maneira de evitar situações mortais é tentar eliminar os inimigos com ataques furtivos à distância. Por sorte, os cenários são amplos o suficiente para fornecer esconderijos e opções diferentes para que você possa derrotar seus oponentes. É possível, por exemplo, derrubar uma passarela de madeira atirando em sua base para eliminar todos os soldados que estejam andando por ali ou até mesmo atirar no tanque de gasolina de um caminhão para acabar com todos que estejam próximos.
Concluir as missões de forma furtiva é mais vantajoso e satisfatório

Quase um mundo aberto

Com certeza o maior destaque de Sniper Elite 4 é o tamanho dos cenários e a quantidade de possibilidades que o jogador tem em mãos enquanto os explora. É possível escalar diversas paredes, descobrir cavernas com itens colecionáveis e novas armas, além de planejar diferentes estratégias para concluir todas as missões. Entretanto, não podemos deixar passar batido a falta de polimento em certos locais do mapa, como por exemplo, paredes invisíveis na beira de córregos e riachos.

Falando em missões, há diversos objetivos opcionais além da campanha principal, prolongando a duração do jogo caso o jogador tenha interesse em concluí-las. Por mais que algumas dessas tarefas sejam simples, elas são divertidas — principalmente em modo multiplayer cooperativo.
Os cenários são enormes e exploráveis
Por falar em multijogador, existem várias modalidades disponíveis: o tradicional PVP, onde duas equipes se enfrentam até a morte dentro de um determinado tempo; sobrevivência, que consiste em sobreviver hordas de adversários; e, co-op, que pode ser tanto online ou em modo local utilizando a rede wireless do Nintendo Switch. Obviamente é necessário que os dois consoles possuam uma cópia do jogo instalada para desfrutarem deste modo.

Por mais divertidos que sejam, não espere o mesmo nível de responsividade presente em séries de tiro clássicas, como Call of Duty. Particularmente, o cooperativo online é onde o jogo brilha mais, mesmo que seja um pouco difícil de encontrar partidas com pessoas aleatórias. O ideal é combinar de completar as missões junto com os seus amigos, certamente é um ótimo passatempo.

Imersão até os ossos

Por mais que seja óbvio para todos, é preciso afirmar mais uma vez que o hardware do Nintendo Switch não consegue reproduzir gráficos equivalentes às versões de outros consoles. Vários problemas visuais estão presentes na versão do híbrido. Os mais gritantes são os efeitos de iluminação e sombra, que em alguns momentos criaram situações engraçadas, por estarem muito mal polidos. Além disso, a vegetação dos cenários ficou severamente prejudicada e a grama renderiza muito próximo à câmera, o que pode incomodar os jogadores mais exigentes.

Entretanto, mesmo que o visual fique aquém do esperado, a experiência com as mecânicas do jogo é a mesma. A imersão que é passado para o jogador é impressionante, principalmente no modo Dock, que conta com uma resolução um pouco maior e mais detalhada nas texturas dos cenários.

A sonoplastia também possui o seu mérito e deve ser elogiada. Todos os sons são muito bem emulados durante a jogatina. Desde a natureza selvagem, como os pássaros e o vento nas folhas das árvores, até os passos dos soldados adversários e, principalmente, o som de suas armas quando atiram. A imersão é mantida até mesmo em modo portátil, que entrega uma experiência impressionante para um console tão pequeno, mesmo que de forma limitada.

Não podemos esquecer do elemento mais famoso do jogo: a câmera em Raio-X. Há diversas formas de abater um inimigo e conseguir o feito: acerte a cabeça, para assistir o seu crânio ser partido em pedaços pela força do projétil; ou em outros órgãos do corpo para ser agraciado com uma animação diferente. O efeito em câmera lenta chega a lembrar o especial dos títulos mais recentes da série de luta Mortal Kombat. Simplesmente fantástico.
Execuções bem sucedidas resultarão em animações especiais

Headshot

Sniper Elite 4 é um título que poderá agradar tanto os jogadores mais casuais quanto os fãs do gênero, principalmente os mais fissurados em furtividade. Alguns problemas visuais no port para o Switch tiram um pouco do charme que a versão poderia ter no híbrido, mas a experiência com a jogabilidade não deixa a desejar em nada. Por mais que o jogo não seja um Triple A, ele alcança a mesma qualidade de um.

Prós

  • Jogabilidade imersiva;
  • Boas opções de multiplayer;
  • Design de mapa bem feito;
  • Sonoplastia incrível.

Contras

  • O visual deixa a desejar na versão de Switch;
  • Renderização de cenários muito próximas a câmera;
  • Falta de polimento, como paredes invisíveis e sombras mal projetadas;
  • História e personagens com pouco carisma.
Sniper Elite 4 — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para a análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Rebellion Interact

Em constante mudança, escrevo sobre o que gosto e às vezes sobre o que não gosto também.
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