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Análise: Ultra Goodness 2 (Switch) mostra como atirar em demônios pode ser divertido

A jornada em Ultra Goodness 2, porém, poderia ser mais desafiadora.



Ultra Goodness 2 é um jogo que vai direto ao ponto, tanto que a localização em português brasileiro nem faz diferença para a jogatina. Trata-se de um shoot ‘em up focado na diversão, em que você deve reduzir as forças do mal a poças de sangue enquanto desvia de tiros, armadilhas e ataques suicidas. Ao seu lado nessa confusão, apenas um gato que atira tão bem quanto você, power-ups e uma variedade de disparos. A inspiração nos saudosos “jogos de navinha” é evidente, trocando as explosões aéreas pela explosão sangrenta de corpos demoníacos.


Desenvolvido por Rasul Mono e publicado pela Ratalaika Games, o título chegou ao Switch no último dia 12 de fevereiro e possui versões também para PC, PlayStation 5, Xbox Series, PlayStation 4 e Xbox One. Ao iniciar o game, você já é jogado no meio da ação que desde o princípio se apresenta frenética. Essa aposta no que a loucura da aventura tem a oferecer foi uma boa decisão, eliminando gorduras que não contribuiriam para o título.

Simples como uma dupla

Ultra Goodness 2 é fruto do trabalho de duas pessoas. Aliás, a tela de créditos é composta simplesmente pela foto e o nome dos caras. Sergey Mozharovskiy é o responsável pela trilha sonora, seguindo uma linha puxada para a música eletrônica. A faixa casa muito bem com o vídeo introdutório, levando a uma empolgação com o que vem pela frente. Já no jogo em si, a trilha aos poucos vai se desconectando da diversão que a jogatina está proporcionando, pois se torna repetitiva. Mais ainda após você acumular algumas mortes e tentativas.
A tela que você mais vê nas primeiras fases.
A outra metade desta equação é Rasul Mono, game designer, que entrega uma apresentação bem simples e fluida. Mas simples não é sinônimo de simplório. Se os cenários podem parecer vazios à primeira vista, tudo faz sentido quando a confusão de tiros começa. Um cenário muito detalhado provavelmente poluiria o visual e prejudicaria a jogatina. A simplicidade, portanto, é o que torna o jogo possível.
Está achando vazio? Espere até o boss começar a atacar.
O design e a animação dos personagens são criativos e bem-humorados, combinando com o tema do estágio. Cogumelos assassinos na floresta, cactus suicidas no deserto e elfos de armadura medieval na neve são alguns exemplos do humor nonsense presentes no título. Outros, como um demônio em forma de um grande olho com asas, são recorrentes pelos diferentes cenários.

O desafio

São três estágios com dez fases cada. Portanto, o design precisa ser criativo para que o jogador não enjoe do tema do estágio, já que ele se repetirá por dez vezes. E nesse ponto o level design cumpre seu papel no limite. Cada fase se apresenta como uma grande tela e as pequenas paredes ali presentes possibilitam diferentes rotas, esconderijos e estratégias para enfrentar os inimigos. Além disso, a cada tentativa as armadilhas são diferentes, ajudando a criar um senso de novidade. Na nona fase, o tema começa a apresentar sinais de cansaço, mas o nível dez apresenta a luta contra o boss e depois entramos em outro estágio e outro tema.
Essas quatro armadilhas são diferentes a cada tentativa.
Os chefes, aliás, possuem os cenários mais simples de todos. Despidos das paredes ou outros obstáculos, a tela inclui apenas o seu personagem, seu companheiro felino e o chefão. De certa forma, isso é positivo, devido ao tamanho e à movimentação do inimigo e ao alcance de seus tiros. Por outro lado, isso também facilita o seu trabalho. Aprendendo o padrão dos tiros, fica difícil você ser derrotado.
Acredite, é possível escapar dessa situação sem sofrer dano.
A dificuldade, portanto, é uma questão. Se a ação frenética pode ser desafiante no início, logo as mortes vão ficando cada vez mais raras. Seu companheiro felino atira ao mesmo tempo que você, mas é possível que ambos atirem para lados diferentes, cobrindo um raio maior da tela. Além disso, o jogo oferece power-ups temporários como um escudo e tiros mais rápidos, bombas de uso limitado e uma variedade de tiros que podem ser comprados com os cristais coletados. Isso tudo aliado à desaceleração do tempo, possível ao soltar o botão de tiro, torna o desafio fácil. Ele não deixa de ser divertido, mas é pouco desafiador.
A chacina foi feita e ainda sobraram três power-ups ali para pegar.
Ultra Goodness 2 tem carisma e é bem executado, sendo um jogo de ação divertido e sangrento, apesar dos temas dos estágios se aproximarem do cansaço. A trilha sonora se torna enjoativa bem rápido e o desafio é baixo, mas a curta duração do título faz com que esses pontos negativos não se destaquem tanto e deixa a diversão mais presente na memória.

Prós

  • Visual agradável e limpo, essencial em um shoot ‘em up;
  • Level design competente, que mantém o interesse;
  • Duração na medida certa com foco na diversão.

Contras

  • Baixa dificuldade;
  • Trilha sonora repetitiva.
Ultra Goodness 2 – Xbox One/PS4/Xbox Series/PS5/Switch/PC – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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