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Análise: Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville Complete Edition (Switch) é um shooter adorável e vigoroso

Enfrente uma campanha divertida e domine territórios para garantir a vitória em partidas intensas com até 16 jogadores.

Exibindo a luta infindável entre o reino vegetal e os mortos-vivos, Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville chega ao Switch com todo o seu potencial. Além de estar com todos os DLCs existentes em uma Complete Edition, o jogo de tiro em terceira pessoa é cativante e elegante, oferecendo mais de 20 personagens controláveis e diversos modos de partidas entre single player e multiplayer. Mesmo com tropeços, o shooter é altamente adorável, quer você esteja do lado dos zumbis desengonçados ou das plantas astutas.

Viva os dois lados da guerra

Seguindo a essência original da franquia, que desde os primeiros lançamentos conta com um senso de humor divertido e sagaz, Plant vs Zombies: Battle for Neighborville se trata do confronto entre zumbis, seres famintos por cérebros, e plantas, que além de defender suas espécies, também protegem a humanidade e suas habitações. Dessa forma, o título é construído puramente acerca desse conflito, tanto no modo single player quanto nas batalhas multijogador online.

Embora os shooters da franquia tenham conquistado fama com os combates expressos, como tradicionalmente são os jogos do gênero, o modo campanha guarda boas surpresas. Além de contar com situações engraçadas, que envolvem personagens e diálogos cômicos, ele é uma boa porta de entrada para as mecânicas e controles no geral, pois eles são praticamente os mesmos em todos os contextos. 

Efetivamente, não há uma intriga elaborada e a campanha trata de cumprir pequenas missões, como coletar elementos para forjar um morto-vivo falso, destruir armadilhas para a Major Docinho e investigar uma infecção que está tornando zumbis em cidadãos normais novamente; ou seja, são múltiplas tarefas simples que seguem o espírito de Plant vs Zombies. Embora seja algo superficial, a fórmula funciona bem e agrega ao título, não deixando a desejar nos aspectos solo e se mostrando um ótimo conteúdo offline.

Ainda assim, me diverti mais com o multiplayer de Battle for Neighborville, especialmente no formato online. Envolvendo oito jogadores em cada time, as batalhas entre plantas e zumbis, que são vividas a partir de uma visão em terceira pessoa e contam com uma jogabilidade primorosa, me surpreenderam. Além de carismáticas e dinâmicas, elas também conseguem ter uma boa profundidade com sua variedade de modos, mapas, habilidades e, claro, plantas e zumbis.

Nos jardins de batalhas

Os embates entre as criaturinhas se tornam mais engenhosos na medida em que os personagens selecionáveis contam com classes, que se dividem entre habilidades voltadas para o ataque, defesa ou suporte. Do lado dos mortos-vivos, fui bem-sucedido com o zumbi Herói dos Anos 80, que é bem ofensivo e golpeia com uma espécie de arco formado por caixas de som. Minha experiência também foi positiva com o Bruxo, que é um personagem desbloqueável que pode auxiliar os companheiros com poderes de assistência.

Pra não dizer que não falei das plantas, me diverti com o Coronel Milho, um atacante de primeira que porta metralhadoras rápidas e habilidades que aumentam o dano causado pelos tiros. Enquanto isso, encontrei no Cacto um bom defensor de locais, pois ele consegue “semear” armadilhas e atira de muito longe, funcionando quase como um sniper.

Com uma boa variedade que soma 23 personagens elegíveis no total, as batalhas se tornam interessantes e plurais, com uma demanda por balanceamento dadas as possíveis combinações nos grupos. Portanto, é sempre uma boa ideia refletir sobre sua escolha, levando em consideração os membros já presentes nos times e o que está em disputa na partida.

Quando se trata de confrontos via internet, o formato de competição mais comum é a Dominação Territorial. De acordo com o mapa, ora as plantas, ora os zumbis devem conquistar ou defender pontos estratégicos, empurrar carregamentos de explosivos, destruir unidades e afins. Além dele, temos outras possibilidades online, como a Operação Cemitério e Jardim, em que os jogadores se unem para combater hordas inimigas, e os eventos semanais, que abordam mecânicas singulares. 

Confesso que senti falta de formatos mais tradicionais nas disputas via internet, como o Derrubadas em Equipe, que infelizmente só pode ser acessado em partidas privadas offline. Ele premia a equipe que conseguir 50 mortes antes, o que é algo clássico dos shooters. Mesmo sendo divertido de se jogar com a IA do jogo, que permite escolher diferentes níveis de dificuldade, ainda espero poder experimentá-lo com outros jogadores algum dia.

Raízes profundas também na progressão

Para compensar potenciais limitações, como a mencionada no tópico anterior, Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville explora outros setores com maior profundidade. Por exemplo, cada personagem conta com um nivelamento próprio, que aumenta conforme ganhamos pontos de experiência nas batalhas. Com isso, podemos gerenciar e adicionar novas habilidades de acordo com o progresso individual, o que dá um caráter viciante.

Funcionando como uma espécie de hub, o Parque Eufórico e suas funcionalidades também são muito bem exploradas. Lá, nós podemos fazer compras, checar missões e estatísticas, realizar diversas customizações e até participar de um free-for-all frenético, que se passa dentro do parque de diversões. A presença de NPCs e elementos interativos é grande, passando a impressão de que sempre há algo a se fazer no local.

Resumindo, o conteúdo geral é bem extenso. Entre a campanha solo, batalhas multijogadores e progressões, o jogo tem uma vida útil vasta, principalmente por causa do poderoso multiplayer online, que não enjoa e opera com uma boa conexão de raras lags. Meu ping costumava girar em torno de 20 quando estava no servidor da América Latina, o que é satisfatório. Contudo, há alguns fatores de outros setores que podem diminuir a agradabilidade do título.

Deslizes mortos-vivos

É inegável que Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville é uma aventura bonita. Rodando com a engine Frostbite, que é novidade no Switch graças ao jogo, o port foi bem adaptado dos outros consoles. Sim, houve uma redução da qualidade visual, o que é bem perceptível em vídeos de comparação ou nas cutscenes, que às vezes não são muito fluidas. Porém, acredito que tudo continuou com boa aparência mesmo assim: o visual cartunesco é vivo, o design dos personagens é bem detalhado e os cenários são admiráveis; bem, quase sempre.

Apesar da diferença de resolução entre o modo docked e handheld ser pequena, 900p e 720p respectivamente, tive algumas más impressões jogando no portátil – embora seja surpreendente ver o título rodando na telinha. Acontece que alguns cenários, como o Monte Íngreme e o Fóssil Colossal, acabam ficando apagados e com uma definição mais baixa, passando uma sensação de embaçado. Diante da televisão, todavia, é mais fácil ficar extasiado como um zumbi, pois tudo é muito agradável quando conectado na dock.

Ainda que a taxa de quadros por segundo tenha algumas variações nos dois modos do console híbrido, as quedas não chegaram a ser um problema. O visual é mais afetado com determinados movimentos de personagens, que geralmente apresentam um design mais elaborado. Porém, não é algo que comprometa a jogatina fluida, capaz de permanecer com uma taxa próxima dos 30 fps em ambos os formatos.

Como foi mencionado, a conexão online de Battle for Neighborville é usualmente categórica, não levando muito tempo de loading para se achar partidas, que não sofrem com fatores externos. Contudo, por envolver outros 15 jogadores, é comum participar de competições com parte do time completado pela IA do jogo, o que gerou um receio extra para a posterioridade.

É que o título, que também está disponível para PC, PS4 e XBO, não conta com cross-platform; ou seja, só jogamos contra usuários do Switch. Por enquanto, está sendo tranquilo de se encontrar salas praticamente cheias, e creio que isso continuará por um bom tempo, mas, por haver essa restrição, tal facilidade pode desaparecer no futuro, fazendo com que as batalhas tenham cada vez mais robôs e menos jogadores de verdade. 

Também é válido mencionar que não há outros recursos multiplataformas. Logo, não temos como transferir o progresso dos outros consoles para o Switch, o que pode ser visto como um novo problema. Felizmente, esse é um fator que não afetará em nada a vida de quem quiser viver a ramificação shooter da franquia pela primeira vez em um console da Big N, que realiza uma estreia com muita glória e diversão.

Quem vence entre as plantas e os zumbis?

Com uma jogabilidade intuitiva, personagens carismáticos e muitos recursos, é difícil não se encantar com Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville. Os problemas aqui abordados são praticamente insignificantes quando comparados à extensão e requinte do título, que conta com um fator replay alto, ainda mais se considerarmos que ele está em sua Complete Edition.

Jogando do lado dos mortos-vivos ou dos vegetais, pode-se entender como a franquia teve uma ascensão meteórica, indo do mercado mobile a outras plataformas de grande renome em pouco tempo. Dessa forma, é com alto astral e muito bom humor que o jogo traz ao Switch a luta voraz entre plantas e zumbis e se torna um dos melhores shooters da biblioteca do console. 

Prós

  • Jogo de tiro em terceira pessoa com jogabilidade excelente e estética amável;
  • Variedade alta de modos de partidas e personagens;
  • Campanha solo de tamanho considerável e conteúdos extra;
  • É um port bem-feito, apesar das limitações gráficas;
  • Tem a essência cômica tradicional da franquia. 

Contras

  • Nem todos os modos podem ser jogados online;
  • Alguns mapas ficam menos vistosos no formato portátil;  
  • Ausência de cross-platform.
Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville Complete Edition — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela EA


Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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