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Análise: Star Wars: Republic Commando (Switch) retorna a um passado muito, muito distante

Com o relançamento do clássico aclamado por fãs da saga estelar, Republic Commando faz jus ao seu legado, mas mostra que muito tempo se passou.



No consagrado universo de Star Wars, os Jedis são os grandes generais, que recebem toda a fama e reconhecimento — com razão — mas eles se limitam muitas vezes a sujar suas mãos apenas com os dotados de poder e glória, deixando o trabalho sujo de lado. A linha de frente da República, por sua vez, costuma viver com muito menos glamour, mas ainda com frequentes marcas de sangue em seus rostos e capacetes. É este o grupo que acompanhamos em Star Wars: Republic Commando, especificamente as forças especiais da República conhecidas como Delta Squad.

As pulgas das Guerras Clônicas

Os clones tradicionais são muitas vezes inúteis, incapazes de acertar até mesmo poucos tiros e conversam sempre sobre assuntos bobos e cômicos. Tudo isso não se aplica ao Delta Squad, já que o livre arbítrio deles não foi adulterado durante a fase de maturação, e tiveram treinamento específico e letal pelo próprio Jango Fett (portador original dos genes dos clones). Isso os torna soldados de elite duros e inteligentes que são usados apenas para as missões mais perigosas. 

Em uma galáxia muito, muito distante, aterrissamos em uma plataforma de lançamento no planeta vermelho de Geonosis, durante o Episódio II – Ataque dos Clones. A porta então se abre e todo o inferno se forma à nossa frente: os seus companheiros são varridos por insetos alienígenas alados, enquanto outros clones procuram refúgio — sem sucesso. 


O motivo: um exército de droides está avançando, Walkers gigantescos destroem a tudo e a todos no chão e o céu está tão tomado por naves quanto em fatídicos momentos da Segunda Guerra Mundial. É nesse cenário caótico que, assim como peças de uma linha industrial, no controle do clone RP01/138 — simplesmente 38 ou ainda "Boss" para os mais chegados — você inicia o seu percurso na aventura, na própria pele do líder do esquadrão, precisando agir furtivamente ou sem limites, tudo vale para concluir a sua missão.

Aprecie blasters sem moderação

O jogador aprende o básico no próprio local — agachar, arremessar granadas, pular e atirar — mas sem muitos tutoriais além de um grande e feio painel de texto sob a tela explicando o que apertar. É realmente bastante fácil entender os básicos, mas algumas trocas de armas, ativação de granadas e recarregamento de blasters são superficialmente exemplificados.

A variedade de armas e os efeitos, antes convincentes para o ano de lançamento, não foram bem atualizados, especialmente os respingos de sangue na viseira ou demais texturas por todo o lado; são muito aquém do esperado em um remaster, em especial as telas de menu e de carregamento que, além de demoradas, são muitas vezes excessivas e “esticadas” para a resolução widescreen da tela do Switch.


Assim, você passa os primeiros minutos disparando loucamente no meio de uma batalha intergalática gigantesca até encontrar Scorch, um clone mestre em explosivos. Ele então se junta ao grupo e inicia um dos recursos mais legais do game: dar comandos aos seus parceiros de equipe. 

Esse primeiro recrutamento em específico ocorre no momento certo, já que há obstáculos bloqueando nosso caminho. Assim, ordenamos Scorch para as posições de sua especialidade e, voilà. Mais à frente no nível, nos encontramos com os dois últimos membros: Fixer, um hacker espertinho, e Sev, o atirador furtivo e muitas vezes o mais brincalhão da equipe.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo

É possível ordenar que seus membros ocupem posições fixas — indicadas por hologramas ao posicionar a mira nesses locais —, onde seus colegas lhe dão cobertura, invadirão terminais de computador ou explodirão diferentes superfícies e obstáculos. E, claro, na presença de inimigos mais fortes, você pode comandar que se concentrem especificamente neles.

Infelizmente, não fica mais tático do que isso, o que é um pouco frustrante, especialmente para os padrões mais recentes de games mais voltados para a tática em ação. Mas, como o combate tático ocorre em um nível de progressão linear, no qual os mapas são tão rígidos e predeterminados, não é ruim apenas comandar dentre as poucas opções que o cenário vai nos fornecendo; é realmente bem natural. 


Há algumas inconsistências, porém, de como cada especialidade dos Delta é respeitada, uma vez que é possível que você invada dois terminais de computador ao mesmo tempo, mesmo que haja apenas um hacker especialista na equipe. E isso se repete para todos, que usam e abusam de habilidades que seriam específicas de seus companheiros. É esquisito, mas eles são clones, afinal.

No entanto, é muito bacana que a IA seja bastante esperta, com algumas ressalvas é claro. Para ações básicas, como atacar automaticamente os inimigos, se abrigar atrás de obstáculos ou fugir, eles funcionam bem, inclusive apresentando animações engraçadas e interessantes com inimigos mortos encontrados no chão, droids e objetos que aparecem no caminho, dentre outros, mas não será raro ver eles cercados por inimigos e não sabendo como reagir, ou mesmo incapazes de dar prioridade a matar os 5 inimigos atirando nele ao invés de te salvar — mesmo isso também sendo possível de comandar.

Outro ponto bastante positivo no jogo é a sua dificuldade, típica dos jogos de PC que remontam ao início dos anos 2000. Será muito difícil eliminar os inimigos alienígenas ou mesmo droids, que sucumbem apenas após vários disparos, mesmo que estes sejam na cabeça. 

Nessa nova versão de Switch, outro problema apresentado foi de um desempenho realmente abaixo do esperado. Engasgos e quedas na taxa de frames estão sempre presentes, principalmente em momentos de autosave e que deixam realmente a desejar, tendo em vista que trata-se da adaptação de um jogo de quase 20 anos rodando em um console de poder de processamento bem superior aos disponíveis à época, o esperado era que os problemas do original fossem resolvidos.

Combate sem amigos

A maior ausência, entretanto, é o modo multiplayer, disponível no primeiro lançamento. Apesar de contar com alguns problemas, passei bastante tempo com primos, amigos e irmãos jogando esse modo no PC, o que foi simplesmente retirado da nova versão sem maiores explicações e sem planos para adição no futuro. Uma pena, já que o suporte à conectividade online poderia dar uma verdadeira sobrevida ao modo e agregado ainda mais ao pacote do game.


O game lembra bastante algumas das primeiras entradas da franquia Call of Duty ou Medal of Honor, com uma pegada de Rainbow Six. Sem dúvidas, faz jus como um jogo sensacional da franquia Star Wars, e não é à toa que recebe esse remaster vários anos após o seu primeiro lançamento, com grandes expectativas; em especial pela base fãs que construiu ao longo dos anos, o que rendeu a canonização do Delta Squad na lore da franquia.

A versão de 2021 de Star Wars: Republic Commando é sim um bom jogo, mas que merecia uma melhor adaptação e otimização, o que despertaria maior atenção por parte dos fãs e faria jus ao legado do original. No entanto, pelo pouco que foi feito, serve mais para matar saudades dos fãs de longa data do título ou mesmo da série Star Wars e que encontrarão nele ainda uma experiência clássica de como era fazer videogames no início dos anos 2000.

Prós

  • Jogabilidade do game continua interessante;
  • IA funciona bem, ajudando na progressão do game;
  • Personagens carismáticos, mesmo debaixo de seus capacetes.

Contras

  • Gráficos pouquíssimo aprimorados, em especial nas interfaces e menus;
  • Ausência do modo multiplayer original;
  • Engasgamentos e quedas na taxa de frames frequentes;
  • A falta do idioma português impede muitos de desfrutar totalmente do game.
Star Wars: Republic Commando (Switch)  — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: José Carlos Alves
Análise redigida com cópia digital cedida pela Aspyr

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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