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Análise: Bai Qu: Hundreds of Melodies (Switch) entrega ao jogador uma tocante história sobre relações humanas

Em meio às dificuldades da vida, ainda há espaço para amizades duradouras.

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Visual novels têm ganhado cada vez mais destaque no Ocidente. Com diversos gêneros e estilos diferentes, não é difícil encontrar uma que nos agrade, seja pelo visual ou pela premissa da história. Bai Qu: Hundreds of Melodies se encaixa nessas duas categorias e, mesmo com vários tropeços na tradução para o inglês, nos ensina o valor da amizade e família em uma narrativa lenta, prazerosa e tocante.

Música que une as pessoas

Apesar de ser uma história de ficção, esta visual novel não falha em transmitir elementos e paisagens típicos da China, mais especificamente Nanjing. A narrativa começa quando Wei Qiuwu, um estudante universitário comum, encontra uma jovem garota tocando uma concertina, após uma breve visita ao seu pai internado no hospital.

Mesmerizado pela melodia, o garoto logo faz amizade com a tímida Li Jiayun, que também está internada no hospital. Graças a esse encontro inesperado, a vida do protagonista sofre uma reviravolta e ele passa a conhecer várias figuras excêntricas e lugares que jamais imaginou visitar.

Conforme Wei Qiuwu se torna cada vez mais próximo de Li Jiayun e dos outros, ele descobre que as pessoas nem sempre são do jeito que parecem ser e passa a valorizar mais as relações interpessoais.

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Narrativa lenta, profunda e cheia de significados

A história demora para tomar forma e por diversas vezes temos diálogos sobre temas triviais, como livros, andar de bicicleta e comida. No entanto, todos esses assuntos são essenciais para entender melhor os personagens e como eles estreitam os laços entre si.

Bai Qu: Hundreds of Melodies conta com pouquíssimas intervenções do jogador, que deve fazer escolhas em determinados momentos da trama. No entanto, as opções só servem para liberar mais CGs e finais diferentes, sem afetar a história em si, e conferem certa rejogabilidade à campanha.


Assim como em diversas visual novels, várias funções estão presentes, mas os jogadores podem demorar para se acostumar com o menu um tanto quanto confuso. Contudo, no caso de Bai Qu, a melhor maneira de aproveitar a história é com o texto automático, cuja velocidade pode ser ajustada nas configurações.

A música é o ponto forte do jogo e entrega muito bem as emoções do momento que está sendo narrado. A arte, por sua vez, possui um estilo único, com cores vibrantes e chamativas, mas a escolha de algumas CGs destoam do que está sendo mostrado na caixa de diálogo — aparentemente, a desenvolvedora Magenta Factory decidiu incluir um pouco de fanservice aqui e ali.

Problemas comprometedores

Quando analisei The Language of Love, ressaltei que o jogo “engasgava” ao executar algumas ações, como acessar conteúdos extras. Infelizmente, o mesmo ocorre em Bai Qu: Hundreds of Melodies, e provavelmente de maneira muito mais séria.

Ao iniciar o software, a tela “congela” por alguns bons segundos no logo da publicadora, Ratalaika Games, o que passa a impressão de que o jogo simplesmente travou e precisa ser reiniciado. Ainda mais agravante que isso são as razões desconhecidas por trás de cada crash; ao todo, durante a jogatina presenciei incríveis dez encerramentos forçados em diferentes pontos da história, fazendo com que eu perdesse todo o progresso posterior ao último salvamento.

Os tropeços na tradução para o inglês, embora não muito comprometedores para a jogabilidade em si, podem deixar os pouco familiarizados com a língua bastante confusos. São erros de grafia, escolha de palavras e até conjugações verbais em um jogo com uma carga de leitura pesada, então ter que decifrar o que está sendo narrado pode acabar com a experiência que a visual novel tenta proporcionar.

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Ainda em relação ao texto, as letras miúdas são de difícil leitura quando o Switch está conectado à TV e a dublagem exclusivamente em chinês chega a ser um pouco prejudicial nesse aspecto. Outro ponto que pode vir a incomodar é o excesso de sinais de pontuação que, embora sirvam para dar ênfase ao sentimento que determinado personagem quer passar, quebram a dinâmica textual depois de certo tempo de leitura.

Por fim, os controles são bastante confusos; navegar pelos menus é melhor com a touchscreen, enquanto acessá-los ou avançar o texto fica mais fácil com os botões físicos do Joy-Con ou de um controle compatível com o Switch.

Prepare a caixa de lenços

Bai Qu: Hundreds of Melodies sofre com sérios problemas que comprometem a jogatina de alguma forma. Contudo, a experiência proporcionada por esta incrível história de aproximadamente dez horas consegue contrabalançar esses inconvenientes e é um prato cheio para amantes de enredos intrigantes, sobretudo aqueles que tratam da vida como ela é: doce, mas amarga ao mesmo tempo.

Prós

  • Artes coloridas, vibrantes e únicas;
  • História bastante imersiva e tocante;
  • Trilha sonora envolvente;
  • Certo fator de rejogabilidade com as poucas escolhas presentes no jogo.

Contras

  • Dificuldade para acessar e navegar nos menus;
  • Dependência total da leitura para o entendimento da história;
  • Eventuais encerramentos forçados do jogo.
Bai Qu: Hundreds of Melodies — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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