Blast Battle

The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Switch) vs The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (Switch)

Quem levará a melhor neste duelo de gigantes da franquia Zelda?



Quando olhamos para os jogos da série The Legend of Zelda, vemos o quão notável é a forma como a franquia manteve sua relevância mesmo após 35 anos no mercado. Cada título tem sua própria série de fãs que admiram diversos aspectos destas aventuras: seja a música, a narrativa, os desafios, entre outros. 

Apesar disso, mesmo com tanta aclamação, Zelda já teve vários momentos no passado em que não escapou de fãs insatisfeitos, sendo o caso mais famoso à repulsa ao estilo visual de The Legend of Zelda: Wind Waker (GCN). É importante levantar este tópico, pois a discussão que propomos hoje promoverá um embate entre dois jogos que permearam em dois pontos opostos da base de fãs da franquia.

De um lado, temos The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Wii U/Switch), o jogo que não só é o mais vendido da série como também é o único que conseguiu arranhar a aclamação quase perfeita de The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64). De outro, The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (Switch), remasterização do original de Wii, aquele que conforme os anos passaram transformou sua aclamação inicial em olhares feios entre muitos fãs e conquistou o título de Zelda mais polarizado dos últimos anos. Quem levará a disputa neste novo Blast Battle? Faça suas apostas! 

História e personagens



The Legend of Zelda nunca teve um foco muito grandioso em sua narrativa, tanto é que vários jogos compartilham os mesmos elementos entre si. Skyward Sword, por sua vez, foi um dos primeiros títulos a tentar destacar mais sua trama, o que não torna coincidência o jogo ter sido lançado justamente quando a Nintendo oficializou uma linha do tempo à franquia.

O enredo apresentado na aventura de Wii conta como todo o ciclo de reencarnação de Link, Zelda e Ganon iniciou, tudo isso apresentado com uma gama enorme de cenas, diálogos e interações entre personagens. Apesar da história ainda, de certa forma, se encaixar no padrão da série até então, a vantagem é que o jogo se aproveita do tempo maior de exposição para desenvolver seus personagens e torná-los mais memoráveis: figuras como Groose e Ghirahim, por exemplo, são facilmente levantadas quando se lembra de Skyward Sword, assim como a relação quase romântica entre Link e Zelda.




Breath of the Wild, por outro lado, é um título que segue à risca a filosofia de Miyamoto: gameplay antes de história. Por se tratar de uma narrativa pós apocalíptica, onde os fatos que impactam todo o mundo destruído de Hyrule aconteceram anos atrás e a maior parte dos personagens principais já morreram, a trama teve de ser contada de forma não linear por meio de memórias a serem resgatadas por Link. Isso acaba diminuindo a relevância dos fatos para a experiência, já que a sensação deixada é de uma história interessante que o jogador não vai chegar a viver pois ela já aconteceu.

Uma vantagem do título, no entanto, é que as cenas são acompanhadas de dublagem, a primeira da série, o que dá mais profundidade aos momentos narrativos. Infelizmente, não é o suficiente ainda para enriquecer a trama com o mesmo nível de atenção que foi dado em Skyward Sword, principalmente porque várias vozes possuem uma performance bem questionável e não vemos muito do desenvolvimento dos personagens em si, a exceção sendo Zelda.

Levando tudo isso em conta, não há como negar que a aventura acima das nuvens leva esse primeiro ponto. Não só pelo seu elenco mais memorável, como sua estrutura de jogo permitiu que tivéssemos um desenvolvimento mais interessante da trama.

Placar: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (0) x The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (1)

Visuais




Esta categoria pode parecer um pouco injusta de antemão, já que estamos falando de jogos designados a dois hardwares diferentes. Respondo isso falando que, apesar de Skyward Sword ter sido feito para o Wii, a remasterização foi uma chance para melhorar seus gráficos e deixá-lo mais apresentável em comparação aos outros jogos do Switch. Dito isso, vamos ao duelo.

Breath of the Wild optou por visuais quase que remanescentes de Wind Waker, mas ainda com proporções mais realistas. Há muito uso do cel shading e as cores são vibrantes, o que certamente deixa os locais mais intrigantes, seja à distância ou não, e ajuda a despertar a curiosidade dos jogadores em explorá-los. A única exceção à regra são os Shrines ou Divine Beasts, que optam pela utilização de uma paleta menos atrativa, e seus cenários se tornam repetitivos após certo tempo de jogo.




Na aventura por Skyloft, no entanto, o foco foi traduzir um visual mais próximo de uma pintura. A intenção é única e interessante, e é bem sucedida em diversos momentos em que o jogador realmente sente a sensação de estar dentro de um mundo todo feito em aquarela. Entretanto, o que acaba deixando um pouco a desejar é que o port de Skyward Sword não refez ou poliu muito das texturas do original, fazendo com que a disparidade de idade ainda se mantenha clara.

Por essas razões, o trono desta disputa não poderia ser dado a outro senão Breath of the Wild. A aventura sucede em evoluir um estilo já existente dentro da série e acaba sendo mais consistente também em alguns aspectos que seu oponente, como o visual dos personagens não possuírem aqueles lábios exagerados.

Placar: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (1) x The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (1)

Trilha sonora




A série Zelda é recheada de temas e sons icônicos desde seus primórdios, tornando obrigatória a existência desta categoria. Começando pela aventura em mundo aberto, os sons deste jogo certamente apostam em uma direção diferente da comum utilizada pela franquia: ao invés de trilhas barulhentas, épicas e presentes, o foco aqui é mais nos sons ambientes acompanhados por notas de piano.

Em vários momentos ao explorar a Hyrule de Breath of the Wild, o único som que o jogador escuta são os passos de Link, o vento, a chuva, entre outros. Tudo isso foi feito em favor de aumentar a imersão e ressaltar a melancolia e solidão do mundo pós apocalíptico que o jogador percorre.




Skyward Sword, por sua vez, segue em uma via diretamente oposta. Suas músicas evoluem tudo o que a série tinha até então, tendo melodias marcantes e épicas, tudo isso instrumentado por uma orquestra, o que era uma novidade para a série. A qualidade do áudio, por causa disso, é visivelmente alta e raramente há alguma trilha não gostável dentro do jogo.

Com as cartas dadas na mesa, fica difícil não dar o ponto para Skyward Sword nesta categoria. Breath of the Wild teve seus motivos para optar por uma trilha mais silenciosa e voltada ao ambiente, mas isso veio ao custo de poucas músicas tão memoráveis quanto as da aventura por Skyloft, que detém uma lista longa de clássicos como o tema de Ghirahim, a clássica Ballad of the Goddess, o tema do céu, entre outros.

Placar: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (1) x The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (2)

Jogabilidade




Provavelmente a batalha mais importante de todas, afinal jogabilidade é o que sustenta um jogo na maioria das vezes. Neste duelo, os dois oponentes são bem diferentes entre si puramente pela forma como funcionam. De um lado, temos um título mais tradicional ao que a série vinha trazendo até então, e do outro uma ruptura total destes mesmos padrões.

Skyward Sword segue a receita de bolo tradicional de Zelda: o jogo ainda tem uma divisão por dungeons e “atos” da história. A diferença é que, como o foco maior foi na narrativa, a aventura é bem linear em sua estrutura: dificilmente você terá muita liberdade, a maior parte dos ambientes são muito claustrofóbicos em suas limitações de espaço.




Apesar disso, a aventura compensa trazendo um belo leque de dungeons. Temos calabouços que aproveitam da mecânica de troca do tempo, algo que permitiu puzzles bem criativos e únicos, assim como outras que pegam conceitos já estabelecidos da série, como o típico “Water Temple”, e transformam em um conceito baseado em um conto tradicional japonês.

Breath of the Wild, por sua vez, dispensa apresentações no que se trata de sua jogabilidade. O foco aqui é pegar a ideia do primeiro Zelda e traduzir isso em um mundo aberto, fazendo com que o objetivo principal seja explorar e aventurar-se usufruindo de um Link acrobático com itens divertidos de usar, como o próprio paraglider, sem uma progressão linear.




Olhando a forma como os dois jogos encaram seus mundos, é dissipante a diferença, já que a limitação de Skyward Sword traz em seus ambientes é o completo oposto da aventura pela Hyrule pós apocalíptica. Devido a isso, os jogadores podem se sentir em uma prisão ao jogar a aventura dos céus logo após a jornada de mundo aberto.

Em contrapartida, um dos elogios dados ao título original de Wii é justamente onde seu oponente falha: Breath of the Wild não tem dungeons tradicionais como outros da série, em favor dos incontáveis Shrines, desafios curtos e de visual similar espalhados pelo mundo aberto. Claro que, as mini-dungeons do jogo possuem seus méritos, principalmente pelos métodos criativos de utilizar a física impecável para superá-las, mas certamente não são tão memoráveis quanto os templos de Skyward Sword.




Partindo do ponto que um falha no que o outro sucede: quem poderia ser o vencedor deste round? A resposta, mesmo com estas ressalvas, ainda fica com Breath of the Wild. A receita da série, mesmo que evoluída na jornada de Skyloft, demonstrava sinais de cansaço, e a quebra destas convenções permitiu que tivéssemos um título que não só conseguiu atingir novas possibilidades para Zelda, como também finalmente realizar o conceito da primeira aventura que originou toda a franquia. 

Placar: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (2) x The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (2)

Inovação

Zelda foi uma das franquias mais importantes na época dos anos 90, quando a temida transição de 2D para 3D ocorreu no mundo dos videogames. Muitas séries se perderam na tentativa deste salto, mas Ocarina of Time foi um exemplo de como se traduzir uma propriedade intelectual conhecida e relevante às três dimensões, mantendo suas características e sua importância ao mesmo tempo. Partindo disso, podemos considerar Zelda como uma franquia influente e discutir como os dois jogos desta Blast Battle se esforçaram para manter este espírito inovativo. 




Skyward Sword trouxe como inovação o foco em seus controles por movimento: a ideia era aperfeiçoar o uso do Wiimote e trazer uma experiência mais imersiva com o uso quase que realista da espada. Infelizmente, mesmo com seus méritos e boa intenção, a sensação que a aventura passou foi de uma tentativa forçada de justificar os controles por movimento, ao invés de usá-los de forma inteligente. A remasterização recém lançada para o Switch, por exemplo, trouxe como um destaque justamente a opção de desligar totalmente estes controles, principalmente pela reclamação e não adaptação de vários jogadores na época do original.

O uso específico de motion controls para certas funções, no entanto, foi uma das heranças da aventura dos céus, como notamos em vários Zeldas subsequentes utilizando a tecnologia para o arco e flecha, por exemplo. Porém, ainda assim não vimos mais títulos grandes dentro ou fora da franquia que tentaram por uma aventura totalmente com o uso de controles de movimento desde então.




Breath of the Wild, no entanto, foi um marco como uma quebra de paradigmas e inovação dentro de sua própria série, e no gênero que se arriscou. Ao se aventurar pelos jogos de mundo aberto, a aventura de Hyrule conseguiu trazer evoluções a este tipo de jornada, trazendo físicas quase que realistas e um foco maior na exploração, ao invés de ter foco em uma “main quest” beirando à linearidade como outros títulos do gênero possuem.

Dado esses pontos, o vencedor da batalha mais uma vez é a jornada de mundo aberto. Sua influência e ar de renovação é incontestável, já mostrando sinais de inspiração a jogos como Immortals: Fenyx Rising (Multi) e Genshin Impact (Multi), o que lhe ajuda a brilhar mais nesta categoria do que seu irmão do Wii.

Placar: The Legend of Zelda: Breath of the Wild (3) x The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (2)

A vitória vai para…




Para encerrar esta batalha de gigantes, o troféu dourado vai para o querido Zelda Breath of the Wild. Isso não significa, no entanto, que Skyward Sword seja totalmente inferior ou uma aventura que não valha a pena, o que podemos concluir é que ambos os jogos possuem seus méritos, porém em aspectos e escalas diferentes. A aventura pelos campos abertos de Hyrule se sobressai principalmente pelo seu impacto maior dentro da série e fora dela, mas a jornada por Skyloft ainda tem sucesso como uma jornada épica e que segue a fórmula clássica de Zelda que ainda amamos.

Revisão: Diogo Mendes

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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