Jogamos

Análise: Nexomon (Switch) é extremamente expressivo e cheio de vida

Embarque em uma aventura cheia de reviravoltas e bem humorada para salvar o mundo do rei dos monstros.


O irmão mais novo da franquia, Nexomon (Switch), chegou aos consoles de mesa e traz consigo um sentimento de nostalgia misturado com mecânicas recentes. Desenvolvido pela VEWO Interactive, o game foi inicialmente lançado para dispositivos mobile em 2017 e agora em 2021, a Ratalaika Games realizou o port para o Nintendo Switch.

Embora tenha inspiração direta com Pokémon, engana-se quem acredita que o jogo é um clone dos monstrinhos de bolso. Com vida própria, Nexomon consegue desenvolver sua própria história e é uma excelente alternativa dentro do seu gênero. Preparados para ação? Boa leitura!

O que é Nexomon?

Nexomon é um RPG de turno que segue a seguinte premissa: capturar, ou melhor, domar os monstros selvagens que carregam o nome do jogo. A história é basicamente a mesma também, ou seja, uma criança que sai em uma jornada para salvar o mundo contra as forças do mal. Para isso, teremos que montar uma equipe com até seis Nexomon e treiná-los para atingirem suas formas finais.

Ainda, há itens que curam, revivem ou removem condições negativas como paralisia e confusão. O game conta com uma variedade imensa de monstrinhos, passando da marca de 300 registros. Levando em consideração que estamos falando de um jogo indie, é um excelente número, afinal, Pokémon demorou três gerações (algo em torno de oito anos) para conseguir ultrapassar esse valor.
 

A história é o ponto principal e sua narrativa se estende na medida certa. Um jogador que nunca ouviu falar da franquia levará algo em torno de 15 horas para completar a campanha. Mais uma vez, gostaria de ressaltar o quão bem polida é a história. Além do protagonista, um simpático robozinho chamado Atlas nos acompanha e é o responsável por nos guiar na história, além de realizar breves momentos de comédia.

O tom bem humorado, aliás, é um dos charmes da franquia, pois frases como “Até parece que estamos em um video game e uma criança está nos assistindo do outro lado da tela!” são recorrentes. Isso mostra um carinho e cuidado dos desenvolvedores em relação à natureza do jogo. Chega quase a ser uma quebra de quarta parede.
 

Temos que domar

Aqui em Nexomon, o termo capturar foi substituído por domar e a ferramenta utilizada para prendermos os monstrinhos é chamada de Nexotrap. Há dois tipos, a comum e a dourada, que instantaneamente prende o monstrinho e é ideal para a captura de Nexomon considerados lendários. Como só podemos carregar seis deles ao mesmo tempo, há estruturas conhecidas como centros de cura que permitem o depósito dos monstrinhos sobressalentes. 

Diferente de Pokémon, não há duas versões, logo, todos os Nexomon estão disponíveis ao longo do jogo, seja em sua forma base ou no estágio final. Como você já deve ter imaginado, os monstrinhos podem evoluir e isso ocorre ao atingirem certos níveis. As batalhas garantem experiência e os atributos padrão como HP, Ataque e Defesa estão presentes também.
 

Assim que o jogo começa, podemos escolher entre um avatar masculino ou feminino, contando ainda com algumas opções de design únicas. Há também a possibilidade de escolher um pet, que nada mais é do que um Nexomon que segue o personagem. Alô Game Freak, olha como se faz!

Para iniciarmos nossa aventura, podemos escolher um entre sete monstrinhos diferentes, cada um com seu tipo, são eles: Normal, Mineral, Vento, Água, Fogo, Elétrico e Planta. Como de praxe, cada um deles possui vantagens e resistências sobre outros tipos, com exceção do tipo Normal, que ainda não possuía fraquezas, algo inserido apenas na continuação, Nexomon: Extinction.

Sendo bem sincero, o visual de alguns monstrinhos deixam a desejar, mas no geral, os conceitos empregados para a grande maioria são satisfatórios. Muitos deles, inclusive, são tão bem desenhados que me conquistaram. O jogo ainda possui um sistema de classificação de monstros baseado na frequência no qual são encontrados. Ao todo são seis classes: Comum, Pouco Comum, Raro, Mega Raro, Especial e Lendário. Os iniciais são todos da classe Especial e, tirando os lendários, são os monstros mais fortes do jogo.
 


Depois de domados, poderemos treiná-los para deixá-los cada vez mais fortes. Os golpes são aprendidos conforme os níveis sobem e podemos utilizar quatro por vez. A cada novo golpe adquirido, não temos que necessariamente esquecê-los: há uma lista dentro do menu que nos permite selecionar os quatro golpes que irão compor as opções do monstrinho.

Omnicron e seu plano malévolo

A história começa com a cena final, apresentando o protagonista desmaiado e Omnicron, o rei dos monstros, no topo de uma torre. O jogo então volta para o quarto do protagonista. Um detalhe curioso em Nexomon é que o interior das casas é bem construído, sendo possível identificar cada cômodo, diferente de Pokémon, onde os personagens “dormem” na cozinha.

Eis que surge o Nexolord, uma figura praticamente endeusada na história, o domador mais forte de todos. Seu objetivo? Reviver Omnicron após ter sido derrotado por Ulzar, o antigo Nexolord. A partir do nosso primeiro contato, podemos identificá-lo como vilão. Seu perfil é arrogante e narcisista, agregando uma qualidade imensa ao personagem.
 

O desenrolar do jogo é bem fluido, embora o começo seja um pouco lento e sua progressão é basicamente linear. Caso vá na direção errada, o jogo te avisa. Por falar nisso, não há áreas escondidas no jogo, o que torna a exploração pouco relevante. Ainda, o jogo não te dá muitos indícios de quando uma batalha importante está para acontecer, salvo quando Atlas interrompe o diálogo com alguma frase como “Muitos itens de cura...tem algo errado...”.

Para aumentar ainda mais a imersão dos jogadores, contamos com uma trilha sonora bem composta e que lembra bastante os tempos de Game Boy Advance, onde os instrumentos de percussão, como a bateria, são bem marcantes. Os efeitos visuais também são bem legais e remetem a séries animadas.

Após vencermos a história principal, temos um pós jogo com foco na captura de lendários e uma narrativa diferente em uma realidade alternativa. Lá, não há lojas para se comprar itens e os monstrinhos são “resetados” para a forma Reborn, aumentando os atributos em suas formas finais.
 

Evoluir para não ser extinto

Em uma referência à continuação do game, Nexomon possui sim alguns pontos negativos e precisam ser mencionados. Ainda que seja um jogo focado em monstrinhos, não há trocas ou batalhas contra outros jogadores. Isso faz com que o jogo perca um pouco de seu brilho, pois coletar monstros sozinho pode se tornar entediante depois de algum tempo.

Como dissemos acima, o jogo não alerta quando teremos uma batalha importante e com isso, a dificuldade pode ser acima do normal para novos jogadores. Confesso que já havia jogado Nexomon: Extinction então já sabia o que esperar. Inclusive, assim que os monstrinhos sobem de nível são curados automaticamente, logo, o grinding é um fator constante e necessário.
 

Outro ponto que deixou um pouco a desejar foi a baixa variedade de itens para se adquirir nas lojas do game, resumindo-se a poções e Nexotraps. Dessa forma, ganhamos dinheiro, mas não temos muito com o que gastar.

O lançamento do jogo após a sua continuação parece ter sido um passo para trás na franquia, pois Nexomon: Extinction faz tudo o que foi apresentado até aqui, só que melhor. Embora seja um título de entrada e parte importante para a construção do universo de Nexomon, o preço base é um pouco alto para um jogo de quatro anos atrás e que pode ser jogado em dispositivos mobile por um valor muito menor.
 

Uma nova alternativa

Nexomon é uma boa alternativa para quem busca mudança de ares após jogar Pokémon por muito tempo. Aqui, você encontrará uma boa história, personagens marcantes, trilha sonora e arte excelentes para um jogo indie e muitas horas de diversão. A coleção de monstrinhos é vasta e lhe dará um certo trabalho para completar o banco de dados.

No entanto, acertos também geram erros e a ausência de algumas funcionalidades, como trocas e multiplayer, ofuscam o brilho de um jogo que se mostrou uma boa opção para fãs do gênero. Ainda, o excesso de grinding para vencer o jogo poderia ter sido melhor trabalhado, evitando assim que o jogo seja muito repetitivo e resumindo-se apenas aos treinos.
 

Prós

  • Direção de arte muito bem construída;
  • Trilha sonora marcante que remete ao Game Boy Advance;
  • História envolvente e cheia de reviravoltas do começo ao fim;
  • Excelente variedade de monstrinhos para colecionar;
  • Pós-jogo aumenta a vida útil do jogo em algumas horas.

Contras

  • Ausência de modo multiplayer e trocas;
  • Fator grinding extremamente necessário para vencer o jogo;
  • Poucas opções de itens e usabilidade do dinheiro;
  • História muito linear e inexistência de áreas escondidas.
Nexomon — Switch/PC/PS5/PS4/XBO/Mobile — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games

Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google