Blast from the Trash

Pokémon Battle Revolution (Wii) é o spin-off da série que não precisamos pegar

Embora seja um jogo de uma das franquias mais valiosas do mundo, faltou a revolução presente no título.

Febre nos anos 90, Pokémon chegou em nossas vidas trazendo consigo um conceito pouco abordado na época e que hoje é referência para a indústria. Pensou em monstrinhos, lembrou de Pokémon, e a comparação é inevitável.

A ideia de um jogo portátil casou muito bem com a proposta casual de coletar monstros e vencer outros treinadores ao longo do caminho. Por conta disso, a franquia capturou (piada intencional aqui) diversos fãs ao redor do planeta, inclusive eu. Nunca pensei que pudesse jogar algo por 22 anos, e contando. É muito tempo.

Minha primeira experiência como jogador foi com Pokémon e sou muito grato aos monstrinhos de bolso, em especial, as versões Diamond/Pearl (DS), que me fizeram voltar a jogar depois de um tempo em hiato. Porém, nem tudo é um mar de Roserade para a franquia.

O que vou dizer agora não me deixa nem um pouco feliz, no entanto, é a verdade. E ela dói. Pokémon Battle Revolution (Wii) tinha tudo para “revolucionar” e ser o melhor spin-off da série. Na verdade, acabou se tornando o pior deles.

The Battle Begins!

O game é uma continuação dos títulos Pokémon Colosseum e Pokémon XD: Gale of Darkness, ambos do Game Cube. Por ser do mesmo desenvolvedor, Genius Sonority, foi mantido o padrão dos coliseus (Colossuems), o que foi um erro, já que houve pouca inovação em relação aos irmãos mais velhos.

Os efeitos gráficos, limitados pelo fraco Wii, não são muito superiores aos do cubo roxo. Os modelos dos Pokémon foram reaproveitados, inclusive, da série Stadium do Nintendo 64. Diferente época quando os portáteis eram monocromáticos e com poucos recursos, as versões para o Nintendo DS não eram feias, muito pelo contrário. Com a chegada do Battle Revolution, a ideia era transformar batalhas de sprites estáticos em um show de luzes e cores dos modelos 3D.


A trilha sonora talvez seja um dos poucos pontos positivos junto das animações dos golpes. Diferente inclusive do que temos hoje, os Pokémon se movem até os adversários para realizar algum golpe físico, como o Thunder Punch de um Electivire. Ainda, no game cada tipo possui uma animação para reduzir a barra de vida do adversário, algo único na história da franquia.

Em termos de personalização, há três modelos padrão para cada gênero do personagem e cada um deles conta com uma gama de roupas e acessórios específicos que só podem ser usados naquele modelo. Logo, as roupas do personagem “fortão” não estão disponíveis para o jovem adulto e o mesmo vale para as roupas femininas. Isso limita muito algo que hoje temos muito mais difundido. Diferentemente de um portátil, mesmo em 2006-2007, o Wii tem de certa forma capacidade para nos entregar esse tipo de conteúdo sem essa trava.

The Stage is set and the Curtain is out!

A história do jogo se baseia no seguinte conceito: a cada novo coliseu, um conjunto diferente de regras é estabelecido. Ao final de um mini torneio, temos a chance de enfrentar o chefe, que está vestido com uma espécie de uniforme e que simboliza algum Pokémon específico. E é basicamente isso. O jogo não oferece um modo RPG como seus antecessores e é muito raso nos desafios.

E por falar em RPG, prepare-se para a encrenca. Em Battle Revolution, temos dois passes de batalha, cada um com seis Pokémon cada, sendo um com Pokémon de Sinnoh e outro com Pokémon de Kanto. Conforme jogamos, podemos desbloquear novos passes. No entanto, a dificuldade será extremamente alta, uma vez que os Pokémon presentes nos passes não estão totalmente evoluídos e com golpes relativamente fracos.


Por esse motivo, muitos críticos reduziram drasticamente a nota do jogo. Se você não tiver uma cópia das versões Diamond/Pearl, há pouco a se fazer. Como se tudo isso não bastasse, a versão Platinum, ainda que compatível, não é 100% aproveitada pois o jogo não contempla as formas alternativas do Rotom, Giratina e Shaymin.

Agora, se você possui uma cópia das versões de Nintendo DS, o jogo muda completamente. Há uma opção para copiarmos todos os nossos boxes para o jogo e, dessa forma, teremos acesso aos monstrinhos, digamos, beeeem mais fortes. A partir dessa característica, as batalhas, ainda que mais fáceis, também ficarão mais divertidas e dinâmicas porque conseguimos ver animações de ataques como Fire Blast e Thunder em vez de Tackle e Quick Attack.

The Blue Corner makes the First Attack!

Embora não seja uma obra de arte, Pokémon Battle Revolution tem suas qualidades. A primeira delas é a narração da batalha. A interação do narrador com os golpes e os Pokémon em batalha é muito bem feita. Quando um golpe forte é utilizado, como Hydro Pump, e o adversário é nocauteado, o narrador usa uma frase de efeito para valorizar o nocaute durante a animação. Em outras palavras, é um spoiler de que iremos derrubar o Pokémon.

Por falar em golpes, como dissemos mais acima, cada tipo possui uma animação na barra de vida do Pokémon quando o mesmo recebe o ataque. Golpes aquáticos fazem surgir diversas bolhas, enquanto golpes psíquicos utilizam-se de arcos roxos. Além disso, a própria animação dos ataques em si é bem precisa e única, ou seja, não há reciclagem.

No departamento sonoro, as músicas tema de cada coliseu e dos menus é bem vívida e marcante. O trabalho de tornar a trilha sonora em uma parte importante do jogo pode determinar seu sucesso. De acordo com a proposta do coliseu, podemos sentir, de fato, o que a música quer nos passar: apreensão, relaxamento, ação ou até mesmo um tom mais cômico.

Ainda sobre a conectividade, os donos do Nintendo DS e suas respectivas cópias das versões da quarta geração também podem receber alguns Pokémon especiais vindos do PBR. Por mais que seja pouco, é interessante poder receber um Pokémon de um jogo totalmente diferente e que poderá ser usado a qualquer momento de sua jornada. Eu, como fã do Electivire, fiquei eufórico ao recebê-lo em minha versão Pearl pela primeira vez.

Torched by Flare Blitz!

Em virtude do tema central da quarta geração, que é a conectividade, Pokémon Battle Revolution permitia batalhas online contra outros jogadores ao redor do planeta, algo até então inexistente nos demais títulos, que se restringiam apenas a batalhas locais. Com a faca e o queijo na mão, faltou, infelizmente, cortar. Mesmo que as batalhas sejam online, há um grande problema de balanceamento. Por diversas vezes quando eu joguei no passado, eram raras as vezes que não enfrentei um time cheio de lendários.

Para mim, um jogador que entende do jogo e sabe como contornar essa situação, não era de todo ruim. Porém, Pokémon é voltado mais para o público infantil e uma experiência como essa afasta os jogadores mirins. Outro ponto que faltou e que seria muito utilizado é a possibilidade de torneios online gerenciados pelo jogo. Hoje temos isso no formato de batalhas ranqueadas.


Se o modo online tem seus problemas, o modo local é um show à parte. Graças à conectividade entre o Nintendo DS e o Wii, era possível utilizar o portátil como controle e batalhar contra um amigo usando toda a interface do Battle Revolution. Ou seja, em vez de jogarmos um contra o outro na telinha pequena e com sprites, teríamos toda a ação acontecendo na tela da televisão e dando os comandos na tela de toque do DS.

Para ser sincero, eu adoro esse jogo. Gosto de juntar meus amigos de tempos em tempos para poder jogar e ter momentos de diversão inimagináveis. É muito hilário ver seu colega perdendo uma batalha pois não estava preparado para enfrentar um Blaziken. De todos os possíveis Pokémon, justamente a galinha de fogo de Hoenn foi a que mais deu trabalho.

Infelizmente, Pokémon Battle Revolution usou a Pokébola errada e falhou em capturar uma qualidade mais alta. A ausência de conteúdo significativo no game o torna tão irrelevante que não faz muita diferença tê-lo ou jogar apenas as versões do portátil de duas telas. Ademais, o jogo não tem nenhum atrativo além das batalhas locais com os amigos, o que é muito pouco para um jogo que carrega Pokémon no nome.

Revisão: João Pedro Boaventura


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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