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Análise: Life is Strange: True Colors (Switch) é uma jornada envolvente que mostra o poder da empatia

Aprenda a lidar com sua maldição e transforme-a em um dom!


Vencedor na categoria Games for Impact do The Game Awards 2021, Life is Strange: True Colors é um jogo de aventura onde acompanhamos Alex Cheng, uma jovem com passado problemático que muda-se para a pequena cidade de Haven Springs a fim de reencontrar seu irmão, separado dela há anos. Alex possui um dom que faz com que ela possa sentir e ver as emoções das pessoas, na forma de auras coloridas, com cada cor representando um sentimento.
 
Acompanhe também nosso Guia de Finais e o podcast sobre Life is Strange: True Colors.

Maldição solitária

O poder de Alex também permite que ela possa detectar sensações residuais em objetos, ler parte dos pensamentos das pessoas e, quando os sentimentos são muito fortes, absorvê-los para si. A princípio, a jovem considera que seu dom é uma maldição, e essa impressão tem fundamento. Quando as emoções são fortes demais, elas acabam contagiando Alex, que pode ter rompantes de fúria, pavor ou tristeza involuntariamente.


Esse poder já causou diversos problemas à garota, que viveu desde os onze anos em orfanatos e casas de pais adotivos sem nunca conseguir pertencer a lugar algum, pois como ela pode ouvir as emoções e pensamentos alheios, seus próprios sentimentos acabam sendo afetados, afastando as pessoas. A garota tornou-se uma mulher solitária e insegura, incapaz de relacionar-se normalmente.

Em Haven Springs, cidade fictícia nas montanhas do Colorado, Alex pensa que pode começar uma nova vida ao lado de seu irmão Gabe, o único parente que lhe restou. A cidadezinha tem poucos habitantes, muitos deles empregados na Typhoon, uma grande mineradora que explora urânio na região.

Assim que a jovem chega à cidade, acontece um incidente trágico, em condições extremamente suspeitas. Alex desconfia que a mineradora está por trás desse incidente e fará de tudo para descobrir a verdade. 

Decisões


Assim como em outros jogos da série Life is Strange, a mecânica de True Colors consiste em explorar ambientes, resolver pequenos puzzles e, principalmente, conversar com pessoas e tomar decisões. Essas decisões afetam a forma como outros personagens vêem a protagonista e determinam qual será o desfecho da história entre seis finais disponíveis.

O diferencial aqui é que a protagonista tem poderes especiais, relacionados à empatia. Usar esse dom pode revelar pistas que estavam ocultas até então e liberar novas opções de diálogo com os NPCs. A jornada principal consiste em Alex aprender a fazer um bom uso de suas habilidades e se relacionar com as pessoas.

Como em toda cidadezinha, os habitantes de Haven Springs têm muita intimidade entre si e Alex vai aos poucos se integrando com a comunidade, construindo relacionamentos e conquistando seu espaço. Temos Jed, o herói local, ex-minerador e atual proprietário do pub Lanterna Negra, que acolhe Alex e lhe dá um emprego. Ryan, o filho de Jed, é um guarda florestal bonitão e uma das opções de interesse romântico para Alex; a outra é Steph, a fascinante radialista local e atendente da loja de discos, personagem que já apareceu em Life is Strange: Before the Storm (Multi).


Além dos personagens centrais na trama, encontramos outros NPCs com quem podemos interagir e dar uma mãozinha para resolver seus problemas. Temos o casal da sorveteria que quer alavancar o negócio, a ornitóloga que não consegue encontrar seu pássaro, os dois amigos apaixonados que não têm coragem de se declarar um ao outro, a estudante que está com saudade de uma música na jukebox... Ajudar essas pessoas é opcional, mas traz uma maior sensação de engajamento com a comunidade.

Um jogo dentro de outro

No pub do Lanterna Negra, existem duas máquinas de fliperama jogáveis: uma com o clássico Arkanoid e outra com o jogo Mine Haunt, especialmente desenvolvido para True Colors. Ambos representam arcades clássicos e oferecem uma atividade diferenciada se o jogador quiser fazer uma pausa no andamento da trama principal. Há também um minigame de pebolim que podemos jogar com a Steph, que é bem divertido, mas infelizmente só pode ser jogado uma vez.

Outra variação interessante na jogabilidade acontece no capítulo quatro, quando há uma seção inteira dedicada a um LARP (Live Action Role Play, um RPG interpretado ao vivo), que modifica a jogabilidade para um JRPG simples, porém muito divertido.


True Colors é um bom jogo, mas é inevitável compará-lo ao primeiro Life is Strange. Apesar de que um assunto muito importante esteja envolvido, a trama aqui parece abordar um problema em escala muito menor e com um menor senso de urgência, se comparada com a primeira entrada da série.

O poder sobrenatural da empatia de Alex também não é tão espetacular quanto a habilidade de voltar no tempo de Max. Outro problema é que a maioria dos quebra-cabeças que o jogador precisa resolver são muito óbvios, não representando um desafio de fato.

Por outro lado, uma das coisas que gostei em True Colors é que, desde o primeiro capítulo, suas decisões importam. O final da história levará em conta as atitudes relevantes com cada um dos principais moradores de Haven Springs, incluindo o desfecho romântico da protagonista. Isso confere um ótimo fator de rejogabilidade, pois leva o jogador a querer refazer as cenas para ver diferentes reações dos personagens e visualizar os outros desfechos para a história.

O som que toca


True Colors tem uma trilha sonora fantástica, com músicas licenciadas e várias faixas especialmente compostas para o jogo, algumas delas com vocal da própria protagonista. A música tem importância central na trama e foi cuidadosamente trabalhada neste título. 

Os visuais são bonitos, seguindo a estética da série, mas em muitos momentos acontecem problemas de atraso na renderização de texturas e quedas abruptas de qualidade e taxa de quadros. Esses problemas acontecem até nas versões para PS5 e Xbox Series, e são mais acentuados no Switch, especialmente jogando em modo portátil. Esses problemas ocorrem com menos frequência quando jogamos pelo dock.


A direção de arte é muito boa. A maioria das cenas tem ótima fotografia e os ângulos de câmera são bem-planejados. Existem muitas cenas em que Alex pode relaxar para curtir o momento, ouvir um disco em seu dormitório, sentar-se à beira do lago ou apreciar a paisagem no terraço. Essas atividades são opcionais, mas proporcionam uma experiência relaxante de introspecção que eu definitivamente recomendo.

Eu levei cerca de onze horas para terminar o jogo pela primeira vez, tempo que considerei bastante adequado para a trama, que tem um bom ritmo. É possível revisitar capítulos anteriores que você já tenha feito e repetí-los, permitindo visualizar o resultado de decisões diferentes sem substituir as escolhas que você já fez, ou reiniciar o capítulo, gravando um save separado e permitindo sobrescrever suas escolhas para prosseguir a história em uma nova rota.

I see your true colors


Life is Strange: True Colors
é uma jornada sobre emoções e relacionamentos, com personagens inesquecíveis. É muito bom acompanhar o desenvolvimento de uma protagonista complexa e apaixonante, que aos poucos aprende mais sobre si mesma e usa um dom singelo, mas ao mesmo tempo poderoso, para fazer justiça e ajudar pessoas. Apesar dos pequenos problemas técnicos, é uma aventura memorável em que aprendemos que a empatia é essencial para melhorar o mundo.

Prós

  • Personagens marcantes;
  • Grande variedade de finais;
  • Suas decisões ao longo da campanha realmente contam;
  • Excelente trilha sonora;
  • Boa rejogabilidade.

Contras

  • Problemas de carregamento de texturas e queda de quadros;
  • Puzzles sem desafio.
Life is Strange: True Colors - PS5/XSX/PS4/XBO/Switch/PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix


é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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