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Análise: Assassin's Creed: The Ezio Collection (Switch) permite reviver os gloriosos tempos da franquia onde você quiser

Sem novidades, mas com muito conteúdo a oferecer, a coletânea chega à plataforma da Big N com um legado histórico irretocável e uma legião fiel de fãs


Ao longo de vários anos, a Ubisoft lançou um novo título Assassin's Creed a cada doze meses e pela primeira vez desde 2009, a série está fazendo uma pausa criativa, considerando alterar estruturas que já estavam repetitivas demais e evitando supersaturar a marca no mercado — que convenhamos, já perdeu grande parte do seu encanto.

Considerando a “lacuna” deixada pela ausência de um novo título, Assassin’s Creed: The Ezio Collection, uma coletânea já lançada anteriormente para as plataformas rivais, chega ao Nintendo Switch combinando a chamada trilogia de Ezio com os curtas Lineage e Embers, consolidando a história completa do assassino favorito da maior parte da fanbase.

Uma parceria que dá certo

A Ubisoft é, ainda hoje, uma das principais parceiras da Big N, desenvolvendo Assassin's Creed III Remastered, a Rebel Collection, e até mesmo games de holofote como Immortals: Phoenix Rising para o híbrido nintendista. No entanto, alguns de seus jogos consagrados do passado, já lançados em coletâneas ou pacotes de games para outros consoles,  permaneciam ausentes da plataforma que permite ser levada para qualquer lugar.


Acabando de vez com essa lacuna, The Ezio Collection traz os três títulos principais estrelados pelo assassino italiano: Assassin's Creed II (2009), Assassin's Creed Brotherhood (2010) e Assassin's Creed Revelations (2011), com "gráficos melhorados", mas sem os modos multiplayer.

Também estão inclusos no pacote todos os DLCs lançados para os três games, o curta live-action Assassin's Creed Lineage, que conta a história do pai de Ezio, e o curta animado Assassin's Creed Embers, que mostra os últimos dias do italiano.

Em time que está ganhando não se mexe

Apesar das especulações de que a nova jogabilidade da franquia pudesse vir adaptada nesses títulos, nada mudou nas principais mecânicas dos jogos. No decorrer das três partes, experimentamos como Ezio primeiro se torna um assassino na Itália Renascentista, depois assume várias famílias poderosas como os Pazzi ou os Borgias, pesquisa a Maçã do Éden, se levanta para se tornar o líder da Irmandade dos Assassinos e, finalmente, procura as cinco chaves de uma biblioteca subterrânea. 


Dado o contexto da época, os locais onde as aventuras se passam não poderiam ser outros: Florença, Veneza, Roma e Constantinopla estão reconhecidamente retratadas, em um trabalho magnífico, especialmente para o período de lançamento do game, ainda no início da década passada.

Nas áreas abertas — que para à época eram quase como um open world vasto e glorioso —, completamos as principais missões e avançamos na história principal, com a opção de se aprofundar passando o tempo com várias sidequests ou ainda desbravar a cidade, desbloqueando novas área do mapa ao escalar torres como de praxe na franquia.

Além disso, embora os jogos tenham todos mais de meia década, eles ainda possuem uma jogabilidade surpreendentemente simples e responsiva. Além disso, contando com o conteúdo das DLCs, os jogadores estarão ocupados por pelo menos 50 horas se quiserem se engajar em finalizar o game sem deixar nenhuma brecha.


Do lado negativo, a exclusão total e completa dos consagrados modos multiplayer de todos os games foi mesmo um balde de água fria para os fãs da série, que certamente possuem boas histórias e memórias guardadas no “modo gato e rato” dos títulos.

E as novidades?

Mesmo com um trabalho bastante respeitoso feito pela Ubi nesses ports, os jogos são frutos ligados à sétima geração de consoles, e as novidades e alterações nas mecânicas — quase inexistentes — não fizeram muito para mudar isso. 

Tecnicamente, a Ubisoft retrabalhou um pouco os três jogos de modo que os títulos agora rodam em alta resolução em constantes 30 quadros por segundo. No geral, tudo parece mais polido em comparação com os originais. Nada oscila ou engasga mais tanto quanto no primeiro lançamento.


Além disso, as cutscenes também ficaram visivelmente melhores, com os rostos mais detalhados e naturais — mas ainda longe das primazias técnicas que temos nas demais plataformas.

De modo geral, os jogos estão muito longe de uma verdadeira remasterização, o que pode insatisfazer aqueles que pensavam que veriam a Itália Renascentista sob novos ângulos; estão, digamos, “datados”.

Uma característica interessante da coletânea é que cada título pode ser baixado individualmente para economizar espaço, o que certamente ajudará, dados os mais de 50 GB do pacote completo. 


Do mesmo modo, o suporte ao HD Rumble foi adicionado, mas em uma implementação bastante básica e que poderia facilmente ser incorporada por qualquer outro controle. A melhor novidade, no entanto, fica por conta da implementação da função mais esquecida do Switch: a tela sensível ao toque, que funciona bem durante grande parte da experiência principalmente para agilizar o tempo nos menus — ainda que não esteja disponível enquanto o Switch fica na dock.

As partes do todo

Iniciando o jogo, você é recebido com um menu em que cada um dos títulos — inclusive os curtas — foram colocados em uma ordem cronológica dos acontecimentos.

Inicia-se com Assassin’s Creed Lineage, o curta live-action, seguido da trilogia de jogos Assassin’s Creed II, Assassin’s Creed Brotherhood e Assassin’s Creed: Revelations e termina com Assassin’s Creed: Embers, um curta em animação.

Ambos os curtas são realmente muito bem produzidos, mas o reprodutor de vídeo no qual eles rodam é extremamente limitado, sendo impossível retroceder ou adiantar para alguma parte, ou mesmo pausar. Apesar de aparentar serem apenas um bônus divertido, ambos servem como prólogos e epílogos, respectivamente, que se justificam bem.

Quando se trata dos jogos mais aclamados, Assassin's Creed II se mantém firme como um dos melhores de toda a série, e isso foi apenas reforçado ao longo da jogatina. O início da trajetória de Ezio Auditore e sua busca por vingança contra a conspiração que lhe custou sua família é bem contada, os personagens são bem escritos e carismáticos, e a jogabilidade é simples e direta.

Comparando com os atuais jogos da franquia, no entanto, é visível que a quantidade de conteúdo é extremamente mais rasa, mas funciona como o tipo de jogo que sabe o que quer ser, e apenas alcança isso com perfeição.


Assassin's Creed: Brotherhood é uma sequência imediata do segundo, e lida diretamente com as consequências de suas ações lá. Enquanto Assassin's Creed II era sólido e relativamente simples, foi em Brotherhood que a Ubi começou a experimentar novas mecânicas e possibilidades. A principal novidade foi a reconstrução de Ezio e o controle da Irmandade dos Assassinos.

O jogo tem momentos de glória e outros bem arrastados. Mas principalmente pelo vilão fenomenal que a trama possui, e ver Ezio crescer de um mero jovem emburrado a um respeitado líder com deveres e responsabilidades para com seus comandados, é muito interessante.

Em Assassin’s Creed: Revelations trocamos a Itália por Constantinopla, em uma aventura que deixou a desejar, apesar de contar com muitas críticas injustas vindas da fanbase mais apaixonada.


A história fornece um final para a trajetória de Ezio e o conecta com seus antepassados, em especial Altair, o protagonista do primeiro jogo, em uma relação que se delonga e é explicada ao longo das várias horas de um universo com novas mecânicas, funcionalidades e artefatos que, no fim, não me empolgaram muito.

Viva a Itália!

Assassin’s Creed: The Ezio Collection é um perfeito cartão de visitas para novos integrantes da série e presta respeito a cada um dos jogos consagrados que possui. O port para o Switch é bem-feito, com poucas mudanças em relação à experiência original, mas mostra, cada vez mais, como a trajetória do assassino fiorentino é uma lenda que ainda poderá ser contada por muitos anos.

Prós

  • Narrativa cativante, bem contada e memorável ainda hoje;
  • Ports que rodam sem engasgos, nem maiores problemas;
  • Possibilidade de escolher quais dos títulos quer deixar instalado no console a qualquer momento.

Contras

  • Falta do saudoso modo multiplayer dos títulos;
  • Pouquíssimo se alterou da jogabilidade ou gráficos para o Switch;
  • O reprodutor de vídeo dos curtas Lineage e Embers é totalmente afuncional.
Assassin's Creed: The Ezio Collection — Switch — Nota: 8.0
Revisão: Janderson Silva
Análise redigida com cópia digital cedida pela Ubisoft

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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