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Análise: Takorita Meets Fries (Switch) é uma visual novel pouco saborosa

Uma princesa do mar que encontra seu primeiro amor nas batatas fritas.


Takorita Meets Fries
é uma visual novel bastante simples sobre uma princesa do mar que, cansada das comidas sem graça do oceano, ruma à terra firme para descobrir novos sabores e encontra seu verdadeiro amor nas batatas fritas. Por incrível que pareça, tal sinopse conta praticamente toda a história dessa curtíssima aventura, que deixa a desejar em vários aspectos.

A revolução gastronômica

Os habitantes do fundo do mar têm uma dieta entediante, pois só se alimentam de sopa e algas todos os dias (e não é explicado como eles tomam sopa dentro d’água). Indignada com essa falta de variedade, a princesa Takorita propõe uma revolução gastronômica e decide viajar para a superfície, onde novos e surpreendentes sabores esperam por ela.

O Rei Octo, pai de Takorita, fica preocupado com essa aventura, pois muitas pessoas, inclusive o avô da princesa, desapareceram em excursões para a terra firme. Mermer, o guarda real, se oferece para acompanhar Takorita e protegê-la no território bárbaro e, para isso, se submete a um ritual mágico que transforma suas nadadeiras em pernas ao custo de sua voz — uma referência ao conto da Pequena Sereia.


Em terra firme, a princesa conhece um vilarejo cujos habitantes lhe apresentam seu primeiro e definitivo amor: as batatas fritas. O maior “drama” da história é que esse exótico alimento não pode ser transportado e nem preparado no fundo do mar sem que ele perca sua crocância. 

Nisso, Takorita e seus novos amigos se perguntam se existem novas possibilidades de apreciar a iguaria, quando partem pelas redondezas para encontrar novos sabores que combinem com o delicioso prato. 

Quase um livro infantil

Na prática, existe apenas uma decisão em que a escolha do jogador altera o final. Há quatro desfechos possíveis para a história, três deles praticamente idênticos, variando unicamente no ingrediente que será usado para temperar as batatas. 

O jogo oferece quase nenhuma interação com o jogador ou sequer escolhas que rendem em finais alternativos, podendo ser terminado em menos de uma hora, mesmo com a visualização de todos os finais. Como há pouquíssima variação nas rotas, o fator rejogabilidade é praticamente inexistente.

Dado o roteiro linear e as artes extremamente simples, o Takorita Meets Fries poderia ser considerado como um livro infantil digital, voltado para crianças pequenas. Porém, até mesmo essa recomendação é difícil de fazer, pois existem cenas de humor cru que talvez alguns pais possam não considerar apropriadas como, por exemplo, o mistério sobre o que há por baixo do vestido da princesa, ou sobre o tentaculozinho que aparece quando Mermer fica nu. 


Não se trata de pornografia escrachada, mas entendo que algumas pessoas possam se sentir desconfortáveis com essas situações. Dito isso, fica difícil recomendar Takorita Meets Fries, já que ele pode não ser apropriado para o público infantil e provavelmente não contentará audiências mais maduras.

Curto e feinho

Embora analisar a parte estética seja algo totalmente subjetivo, na minha opinião, o jogo ficou devendo qualidade nesse quesito. O design dos personagens é extremamente simples e estilizado, o que até poderia ser encarado como uma escolha artística, mas é difícil não concordar que os cenários poderiam ser melhor trabalhados.


Outro motivo para não recomendar o jogo como um livro digital para crianças pequenas é o fato de ele não possuir localização para português, o que é uma pena, pois o título soaria bem em nosso idioma (Takorita Conhece Batata Frita). Pelo menos a interface dá suporte total à tela sensível ao toque do Switch, permitindo navegar de forma bastante intuitiva e acessar todos os seus (poucos) recursos.

Batatas murchas

Takorita Meets Fries é um passatempo curto, com finais previsíveis e pouco variados. A ausência de um roteiro interessante, baixa rejogabilidade e artes pouco trabalhadas fazem com que seja uma obra difícil de recomendar. Talvez pudesse ser considerado como um livro infantil voltado para as crianças pequenas, mas seu estilo de humor descarta até mesmo essa possibilidade. Apesar de sua atmosfera simpática, acredito que existam títulos melhores para ocupar seu tempo no Switch.

Prós

  • Suporte total à tela sensível ao toque;

Contras

  • Finais sem variações relevantes;
  • Pouquíssima interação com o jogador;
  • Gráficos poderiam ser melhores;
  • Baixo fator de rejogabilidade;
  • Sem localização para o português;
  • Humor questionável.
Takorita Meets Fries - Switch/XSX/XBO/PS5/PS4/PC - Nota: 3.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo redator


é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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