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Análise: Slipstream (Switch) é um arcade de corrida retrô brasileiro que homenageia os clássicos 16 bit

Prepare-se para uma jogabilidade simples e boas mecânicas, apesar de algumas derrapagens no design.


Slipstream
é uma técnica de pilotagem conhecida pelos brasileiros como “cone de aspiração” ou “pegar o vácuo”, que consiste em posicionar seu carro logo atrás do veículo de outro corredor, de forma a aproveitar a região com menor pressão para ganhar velocidade.

Esse também é o nome do divertidíssimo jogo de corrida arcade em estilo retrô do estúdio brasileiro ansdor, formado por basicamente uma única pessoa, o programador Sandro Luiz de Paula, de Ipatinga, Minas Gerais.

Bom como nos velhos tempos

Slipstream remete à era dos saudosos consoles 16 bit, como Super Nintendo e Mega Drive, com visuais em pixel art e efeitos de cenários tridimensionais com escalonamento de sprites como os utilizados em OutRun e Top Gear, que foram inspirações evidentes no desenvolvimento do jogo. Há também várias referências a outros clássicos dessa era, como Sonic The Hedgehog.


A trilha sonora, composta por Stefan Moser é outro destaque. Inspirada em synth pop e jazz fusion, ela te ajuda a entrar no clima nostálgico da década de 1990.

Slipstream oferece seis modos de jogo:
  • Grand Tour: uma homenagem explícita a OutRun, que consiste em um tour panorâmico por cinco etapas sequenciais, com pilotos rivais para vencer e caminhos ramificados;
  • Corrida única: uma corrida simples com configurações customizáveis;
  • Grand Prix: modo de campeonato composto por cinco corridas separadas, com pontuações de temporada e customização opcional do carro;
  • Cannonball: corrida em estilo rally por vários estágios conectados, com opções de customização de tráfego, quantidade de pilotos e pistas;
  • Desafio de Tempo: desafio solo contra seus melhores tempos em três voltas;
  • Battle Royale: uma competição eliminatória. Ao final de cada estágio aleatório, o piloto na última posição é removido.
Como é de se esperar, o objetivo em qualquer uma das categorias é chegar em primeiro lugar, desviando do trânsito local e superando os corredores rivais.

Além da pilotagem básica, é essencial dominar as técnicas de drift e slipstream. O drift é acionado soltando-se o acelerador, dando um toque no freio e voltando a acelerar. Isso faz com que o carro entre em um modo de derrapagem controlada, podendo fazer curvas fechadas sem diminuição da velocidade.


A técnica de slipstream, que dá nome ao jogo, consiste em aproveitar a zona de vácuo formada pelo piloto à frente. Ao fazer isso, a palavra “slipstream” se forma lentamente e, quando completa, proporciona um boost de velocidade para o jogador.

Por fim, existe a ferramenta de retroceder, que permite voltar a qualquer ponto dos últimos cinco segundos de jogatina, o que possibilita corrigir erros de pilotagem. Para evitar abusos, esse recurso possui um tempo de recarga para poder ser aproveitado novamente. O uso dessa ferramenta simula o rebobinar de um videocassete, com um efeito visual muito bonito.

Algumas escorregadas

A jogabilidade de Slipstream é bastante satisfatória e divertida, mas tem alguns pontos negativos. Algumas curvas têm ângulos estranhos, que não condizem com seu aspecto visual, e são tão exageradamente longas que seriam impossíveis no mundo real. É claro que trata-se de um arcade, com um design pensado na diversão e não no realismo, mas alguns traçados forçam a barra nesse sentido.

Talvez por isso não haja um minimapa para o jogador se guiar, pois não seria possível representar graficamente a geometria de alguns trechos. O minimapa foi substituído por um radar de proximidade extremamente simples, que informa a distância do carro imediatamente à frente e atrás do jogador.


O minimapa faz falta enquanto você não decora as pistas, porque a maioria das curvas fechadas chega repentinamente, sem nenhuma sinalização de que estão por vir, o que faz você ser pego de surpresa por mudanças bruscas de direção e bater de bobeira em várias delas.

Quinze pistas, cinco carros, quatro jogadores

Slipstream oferece uma boa quantidade de conteúdo, com quinze pistas e cinco modelos de carro para escolher. Os veículos variam em velocidade máxima, aceleração e controle, mas na prática eu senti pouca diferença entre eles, ficando as escolhas mais pela estética.

Todos os carros possuem marcha automática. Não existe a possibilidade de câmbio manual, mas isso não é um grande defeito pela característica arcade do jogo. Já em relação ao drift, esse sim oferece opções de controle manual ou automático. Eu preferi jogar no modo manual, para ter um melhor controle do ângulo de entrada nas curvas, mas isso é uma questão de gosto pessoal. No Switch, por padrão, acelera-se com o botão A e freia-se com o botão B.


Os controles são totalmente configuráveis, e achei mais confortável configurar o freio e o acelerador nos gatilhos L e R. No Xbox One, os comandos já vêm configurados para os gatilhos, e não é possível jogar com volantes dedicados.

Slipstream possibilita competir com os amigos em modo multiplayer para até quatro jogadores em tela dividida. Todos os modos de jogo do single player estão disponíveis, exceto o Grand Tour, por oferecer escolha de rotas.

O jogo flui bem nesse modo. Durante meus testes, não tive nenhuma queda de performance, mesmo no modo portátil do Switch. A única ressalva que faço é que no multiplayer os carros aparecem pela metade e a câmera é posicionada de forma a exibir somente a parte de cima dos veículos. Isso não atrapalha a jogatina, mas é visualmente estranho.



No vácuo dos clássicos de 16 bit

Slipstream é um jogo de corrida com apelo nostálgico bastante divertido. Apesar de suas pistas apresentarem curvas exageradas com traçado estranho, sua jogabilidade arcade descompromissada e as mecânicas de drift e vácuo proporcionam muita diversão em estilo retrô, cumprindo muito bem sua proposta. É um jogo impressionante, considerando que foi feito por praticamente uma única pessoa.

Prós

  • Jogabilidade agradável com mecânicas divertidas de drift e vácuo;
  • Seis modos de jogo single player e cinco multiplayer;
  • Bonitos gráficos em estilo retrô;
  • Trilha sonora empolgante que faz o jogador se ambientar no clima dos anos 1990;
  • Sistema de retroceder bem-implementado;
  • Multiplayer local para até quatro jogadores em tela dividida.

Contras

  • Algumas curvas aparecem repentinamente e têm ângulos e comprimentos ilógicos;
  • No modo multiplayer, os carros aparecem cortados;
  • Pouca variação entre a jogabilidade dos carros;
  • Um minimapa da pista seria mais útil que o radar de aproximação.
Slipstream - PS4/XBO/Switch/PC - Nota: 7.5
Versões utilizadas para análise: Switch e Xbox One
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela BlitWorks

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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