Hands-on

Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge (Switch) é uma carta de amor aos fãs da franquia

Jogamos a demonstração do game disponibilizada no Festival Retro Games Brasil e trazemos nossas primeiras impressões.

Imagem da abertura de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge que mostra as quatro Tartarugas Ninja – Donatello, Michelangelo, Raphael e Leonardo – sobre um prédio à noite

Vou confessar um dos meus maiores pecados gamers: eu não tenho uma memória afetiva dos jogos clássicos das Tartarugas Ninja. Aliás, eu não me lembro de ter sido um fã da série nos anos 1990. Claro, eu posso ter visto o desenho quando passava na TV e jogado os títulos arcade em festas infantis ou na fita de NES 1000-em-1 que tínhamos em casa, mas, diferentemente de muitos, não recordo ter sido bastante impactado pela franquia quando era criança.



Por isso, quando experimentei a demonstração de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge disponibilizada pela Dotemu no Festival Retro Games Brasil, no último dia 28 de maio, não tinha um quadro de referência extenso para me basear. Meu principal norte foram os trabalhos recentes da publisher francesa, que reviveu séries como Wonder Boy, Streets of Rage e Windjammers com muito respeito e sucesso.

Se a demo for um indicativo fiel do jogo final, pode-se dizer que a nova aventura das Tartarugas, produzida pela Tribute Games, manterá essa tradição de qualidade. Não só ela trará toda a nostalgia esperada pelos fãs, como também será uma boa experiência beat 'em up por mérito próprio.

De volta aos anos 1980

A primeira coisa que impressiona na demonstração, ironicamente, não é nada relacionado ao gameplay. Ao esperar alguns segundos na tela de título, o vídeo abaixo, feito pela produtora WIZZ, é exibido.

Tudo nele exala os anos 1980: o design dos personagens, a animação feita à mão e até mesmo um filtro que deixa a imagem ligeiramente borrada. Infelizmente, o áudio das estações era muito baixo para ouvir o clássico tema de abertura do desenho original, mas o cuidado audiovisual ao retratar a época do primeiro desenho animado da franquia é inegável.

O mesmo pode ser dito sobre a pixel art na qual o estilo gráfico do game é construído. Embora sejam sprites, os personagens jogáveis e inimigos possuem animações únicas, que são fluidas o bastante para remeter aos episódios da série de TV, mas que abrem mão de alguns frames durante os golpes, trazendo a precisão necessária para games estilo briga de rua.

O clássico…

Falando sobre a jogabilidade, é nítido que a principal referência de Shredder’s Revenge são os jogos arcade das Tartarugas Ninja lançados entre 1989 e 1991, como o homônimo Teenage Mutant Ninja Turtles e a sequência Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time.

Estruturalmente, o game é igual a esses lançamentos do passado. Em cada fase, jogadores devem cruzar o cenário, parando para derrotar levas de vilões como ninjas e robôs, e encarando um chefão no final do caminho.
Imagem de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge que mostra o nome da fase: Big Apple, 3PM
O nome de uma das fases é referência direta ao primeiro nível de Turtles in Time


Nas duas fases disponibilizadas para o público, foi possível encontrar diversos elementos de gameplay que acenam diretamente para os títulos clássicos. Os fãs facilmente notarão que certos ataques das tartarugas são reproduções de movimentos dos games de 20 anos atrás.

Além disso, ainda é possível encontrar pizzas espalhadas pelos mapas, que recuperam energia de um ou mais jogadores e ativam habilidades especiais – algumas inéditas – quando são consumidas; interagir com objetos como hidrantes e barris explosivos para limpar a tela de adversários; e se deparar com vilões saindo de prédios e bueiros.

… e o novo

No entanto, o principal atrativo da demo foi experimentar as adições realizadas a essa fórmula. Embora previsíveis em um cenário de beat 'em ups atual, todas elas são muito bem-vindas, pois modernizam a aventura.

Primeiramente, cada herói jogável possui seus próprios atributos de alcance, velocidade e força. Normalmente, esses parâmetros acabam soando como perfumaria em títulos de ação, mas nesse caso eles alteram de fato a experiência com o game.

Nas minhas duas sessões com a demonstração, joguei como Leonardo – de características mais equilibradas – e Splinter – personagem lento e forte que, junto com April O’Neil, é uma das novas adições ao título. Mesmo encarando os desafios iguais, o gameplay foi significativamente diferente, em especial na mobilidade.

Imagem do jogo Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge em que o personagem Michelangelo ataca ninjas azuis com um mergulho de cabeça sobre os inimigos


Os ataques também diferem entre os heróis, embora os comandos sejam os mesmos para todos. Assim, em uma partida cooperativa, cada pessoa pode escolher um protagonista que mais combina com seu estilo ou jogadores mais estrategistas podem elaborar táticas com cada um dos personagens. Tudo isso com controles bastante responsivos que, mesmo com a tela lotada de capangas e efeitos, permitem comandos precisos, sem causar confusão.

Os inimigos também estimulam o uso de diferentes investidas. Ninjas com escudos e motos exigem agarrões, golpes aéreos ou outros tipos de ataques para ser derrotados. Assim, pessoas que nem eu, que costumam apelar inconscientemente para um único estilo de combo, são obrigadas a diversificar suas ações, aprendendo consequentemente que outros tipos de ações são igualmente úteis e interessantes durante o combate.

O único problema que reparei assistindo a outras pessoas jogarem é que, no caso dos vilões em motocicletas, não fica muito claro à primeira vista que é necessário derrubá-los dos veículos para prosseguir.
Imagem de gameplay de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge em que Michelangelo e Donatello lutam conta o chefão Bebop
Os dois chefões presentes na demonstração eram Bebop e Rocksteady


Além disso, o título conta com uma barra de superataque, que é preenchida conforme os jogadores infligem dano aos oponentes ou de maneira manual por meio de uma animação que deixa os personagens vulneráveis. Quando essa barra fica cheia, é possível executar uma grande investida, que destrói vários adversários ao mesmo tempo. Nada completamente inovador, mas que adiciona uma agradável camada de complexidade à experiência.

Aliás, o clima da demonstração foi exatamente esse. Tudo que foi visto já foi implementado anteriormente em outros jogos, mas a execução é tão primorosa que não há uma sensação de falta de inovação. Parece que cada elemento, desde o moveset e as novas características dos personagens até o design das fases e o clima retrô, foi pensado meticulosamente para criar um pacote que homenageia os games anteriores da franquia, aprimorando-os de maneira natural.

Outros detalhes

É importante ressaltar também que a Dotemu disponibilizou a demonstração de Shredder’s Revenge em PCs com controles similares aos da linha Xbox. Embora a versão de Nintendo Switch não estivesse presente, é improvável esperar grandes diferenças na edição para o console híbrido devido à simplicidade gráfica do game e ao histórico da Dotemu de lançar títulos no Switch equiparáveis aos das demais plataformas.

Além disso, a demo estava em inglês. No entanto, representantes da Dotemu nos confirmaram que o jogo final terá suporte ao português brasileiro.

Cowabunga!

Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge tem tudo para ser mais um case de sucesso da Dotemu e o jogo que destacará a produtora Tribute Games no cenário retrô. Mesmo sem lembranças dos títulos clássicos, me diverti bastante nos 30 minutos que tive com a demo e, agora, pretendo preencher essa lacuna de Tartarugas Ninja em minha vida. Ainda bem que Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection também está chegando.

Shredder’s Revenge será lançado para Nintendo Switch no inverno brasileiro de 2022, equivalente ao terceiro trimestre do ano.

Revisão: Davi Sousa

Jornalista, analista de mídias, PcD e entusiasta de games desde que jogou Pokémon Azul no Game Boy Color nos anos 90. De lá para cá, tenta aproveitar ao máximo todos os consoles no pouco tempo que a vida adulta permite. Se não está escrevendo para o Blast ou demorando anos para zerar um jogo, está no Twitter (@DanielMorbi) e no Instagram (@danielmorbi_)
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