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Análise: Azure Striker Gunvolt 3 (Switch) prova novamente a competência da Inti Creates em um jogo de ação 2D frenético

A continuação da jornada do jovem Gunvolt é mais uma entrada de alta qualidade para a franquia.

Após seis anos do lançamento do jogo anterior e dois spin-offs focados em Copen, Azure Striker Gunvolt 3 finalmente foi lançado e mexe consideravelmente na fórmula de gameplay e no conceito da história. Apesar de GV estar sempre presente e ser jogável, o protagonismo é da novata Kirin, o que coloca o tradicional Azure Striker como um deuteragonista que continua uma peça central da história graças a seus poderes.

Lutando para consertar o futuro

Tudo começa com o jogador controlando Kirin, uma sacerdotisa a mando da organização Shadow Yakumo (Yakumo das Sombras em português). No futuro, muitos anos após os eventos de Gunvolt 2, um novo poder se tornou uma ameaça para a sociedade. Essa habilidade altamente destrutiva supera até mesmo os Septimas apresentados nos jogos anteriores.

No centro disso tudo está Gunvolt (também conhecido como GV), que é um dos indivíduos que despertou esse poder que supera a Septima. Para evitar o fim do mundo, Kirin tem que selar os seus poderes com seus Grilhões Radiantes como sua primeira missão. A partir disso, Kirin e GV se tornam parceiros inseparáveis que farão de tudo para proteger o mundo.

Além de lutar contra outros indivíduos que acabaram sofrendo o mesmo destino de GV contra a sua vontade, eles terão que enfrentar um grupo misterioso que parece ter planos sinistros para o mundo. Para quem acompanha a série desde o início, o conceito da nova história é bem interessante e curioso, explorando a ambientação da série por um novo ângulo com algumas reviravoltas inesperadas.

Vale destacar que parte da história é apresentada na forma do Modo História+, que sobrepõe as falas dos personagens na tela durante a exploração da fase. Com opção de dublagem em japonês e inglês (ambas de alta qualidade), esses trechos são agradáveis de acompanhar, mas, devido à natureza ágil do jogo, é difícil aproveitá-los a fundo. Nas configurações padrões, também há um problema grave de que essas caixas de diálogo cobrem a ação na tela, mas é possível alterar a transparência delas para que isso não afete tanto a visibilidade.

Assim como seus antecessores, a história do jogo pode ser aproveitada em português. Como a narrativa é bastante curiosa, essa opção é muito bem-vinda, mas é necessário destacar que há alguns erros perceptíveis ao longo de toda a jornada. Um bom exemplo disso é o "log" que é chamado de "Atraso" em português. Nada que comprometa o entendimento de forma muito grosseira, mas é um incômodo ocasional que pode fazer alguns jogadores darem preferência a outra língua, como o inglês.

Uma sacerdotisa com ares de samurai

A principal novidade de Gunvolt 3 é que a protagonista jogável da vez é Kirin. É possível mudar para Gunvolt durante as fases, mas ela é a personagem padrão e é muito importante dominar os seus poderes para ter boas pontuações.

Kirin é uma personagem muito ágil e seu estilo de jogo envolve tentar manter-se no ar o máximo possível. Para atacar, a personagem conta com uma espada que faz com que sua movimentação pareça um pouco a de um samurai. Porém, ela também possui selos místicos capazes de marcar os inimigos como uma espécie de auto-lock. Basta apertar L+R para que a personagem ataque o adversário independentemente de onde esteja.

Essa habilidade também serve como uma forma de se movimentar com muita agilidade pelas fases, já que a personagem praticamente se teletransporta até a área próxima. Alguns detalhes importantes aqui incluem a possibilidade de usar vários selos para aumentar o dano e a capacidade de realizar um pulo adicional após matar um inimigo. Porém, o jogador precisa ter cuidado com o número de selos disponíveis, já que eles são limitados e, em algumas ocasiões, pode ser necessário recarregá-los, como quando a habilidade de consumir selos para negar o dano recebido está equipada.

Graças a todos esses elementos técnicos, o estilo de Kirin é um misto de sacerdotisa e samurai que permite voar com agilidade e elegância pelo campo de batalha. Não apenas ela é capaz de destruir todos os inimigos pelo caminho, como também um bom jogador é capaz de usá-los como oportunidades para voar pelas áreas com os seus ataques velozes. Porém, ela não está sozinha nessa jornada, podendo também contar com o auxílio de Gunvolt e da sua musa Lumen.

Gunvolt é um espécie de parceiro especial que pode ser ativado quando a sua barra está completamente cheia e, por isso, é controlado de forma mais limitada pelo jogador. O personagem continua tendo os seus tradicionais dardos de auto-lock que atraem eletricidade para os inimigos, mas seus ataques parecem mais poderosos e ele é capaz de pular continuamente no ar. Ambos os personagens são fundamentalmente quebrados, mas nem por isso o jogo deixa de oferecer diversão com a dinamicidade de suas fases.

A alta qualidade de sempre

Pessoalmente, não gosto muito do primeiro jogo da franquia Azure Stiker Gunvolt por considerar que seus elementos técnicos acabam se sobressaindo demais à diversão que ele proporciona a jogadores mais casuais. Porém, desde o segundo jogo da franquia, a Inti Creates conseguiu encontrar um equilíbrio entre ter uma experiência casual agradável e um desafio considerável para pessoas mais especializadas no gênero. Um bom exemplo disso foi o spin-off Luminous Avenger iX 2, lançado há poucos meses.

A mesma coisa pode ser dita para Azure Striker Gunvolt 3, que consegue fazer com que o aprendizado das mecânicas seja um processo divertido. Uma vez aprendido o básico, o jogador mais dedicado pode se aprofundar nas técnicas de conseguir kudos, tentando se manter sempre no ar com Kirin e passar o mais rápido possível pelas áreas para conseguir os rankings mais altos ao final. Vale destacar que cada fase possui uma quantidade específica de tokens colecionáveis, mas infelizmente no menu de seleção de áreas o jogador fica impossibilitado de saber se pegou todos ou não.

A direção artística e sonora do jogo também é tão competente quanto a de seus antecessores. Há uma grande variedade de áreas no jogo, que vão de prédios futuristas e bases militares/corporativas a desertos e uma sequência aérea em que o jogador deve pular entre mísseis. Essas localidades são bastante detalhadas e diversas em relação às demais por se aproveitarem de elementos únicos como os mísseis mencionados acima ou as cachoeiras de areia do deserto. 

Por sua vez, a trilha sonora é empregada para dar uma sensação de dinamicidade e tensão em todas as fases enquanto pinta uma sensação de conforto durante os diálogos casuais do menu principal, como acontecia nos anteriores. Infelizmente, não consigo pensar em nenhuma música que me chame a atenção em especial, mas são todas envolventes durante a experiência.

Uma novidade de Gunvolt 3 é a mecânica de Image Pulses (Pulsos de Imagem em português). A cada vez que o jogador passa por uma fase, ele rola um gacha com esses itens que desbloqueiam novos poderes equipáveis. 

Há dois tipos principais de Pulsos: Habilidades e Passivos. Enquanto o primeiro precisa ser ativado durante a fase e traz benefícios como ataques e cura, o segundo permite customizar a build de Kirin com redução do dano sofrido, regeneração automática e consumo de talismãs para se proteger de ataques. Também é possível liberar novas canções de Lumen dessa forma.

Um dos ápices da ação 2D

Azure Striker Gunvolt 3 é um excelente exemplo de como fazer um gameplay competente para um plataforma de ação para novatos e veteranos do gênero. Kirin é uma personagem ágil e os aspectos técnicos de sua movimentação e combate fazem dela uma máquina que estraçalha os oponentes e voa pelas fases se o jogador gastar um tempo aprendendo as suas habilidades. Para quem é fã do gênero, é uma obra obrigatória, assim como toda a franquia Gunvolt.

Prós

  • Kirin é uma personagem jogável ágil e cujas habilidades permitem passar rapidamente pelas fases destruindo tudo pelo caminho;
  • Grande variedade de áreas futuristas com design 2D bonito e bastante detalhado;
  • Narrativa que explora bem a ambientação da franquia;
  • Dublagem de alta qualidade em japonês e inglês;
  • Sistema de rankings, kudos e Image Pulses são bons incentivos para rejogar as áreas.

Contras

  • O menu de fases não indica se o jogador pegou todos os tokens das áreas;
  • Alguns pequenos e raros erros na tradução para o português.

Azure Striker Gunvolt 3 — Switch/PC/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada na análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Inti Creates


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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