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Análise: Lair Land Story (Switch) é um simulador de crescimento com potencial de visual novel

Apesar de nichado, o jogo é uma boa pedida para quem gosta de ambos os gêneros.



Em julho passado, Long Live the Queen (Multi) chamou minha atenção por remeter à ideia de escolher sua própria aventura, que ganhou popularidade no Brasil por meio dos livros da série Escolha Sua Aventura, publicados pela Ediouro nos anos 80. Agora, é a vez de Lair Land Story trazer ao Switch mais uma história baseada em simulação de crescimento, porém com um quê de visual novel.

Guerra e amnésia

Durante uma guerra que avassalou Lair Land, o herói Herol encontra uma jovem adormecida em uma espécie de gruta. Graças a um poder misterioso, a menina de cabelos rosados é capaz de acabar com o confronto, mas, quando questionada, não é capaz de se lembrar de seu passado, muito menos de quem realmente é.

Disposto a dar uma vida melhor à garota, Herol decide levar Chilia — como passou a ser chamada — para morar com ele em Lair Land, assumindo o papel de pai adotivo. Agora, cabe ao herói da cidade instruir a enigmática garota para um futuro melhor.

Como será minha vida daqui a quatro anos?

Diferentemente de Long Live the Queen, o jogador tem maior liberdade para administrar o crescimento de Chilia em Lair Land Story nas diversas atividades que podem ser feitas. Contudo, esses dois títulos têm uma similaridade fundamental: há diversas rotas que são selecionadas ao acaso por meio de escolhas sutis ao longo da aventura, garantindo um grande fator de rejogabilidade.

Voltando ao foco desta análise, Herol administra a vida de Chilia por um período de quatro anos, que são separados por estações. A cada mudança de estação, ganhamos uma espécie de “mesada” do Palácio, com a qual devemos sustentar nossos protagonistas, seja comprando coisas para a casa, seja investindo na aparência da menina.


Como de praxe dentro do âmbito de simuladores, o começo é arrastado e permeado por tutoriais, mas, uma vez dominadas as ferramentas básicas, tudo flui naturalmente, tamanha a imersão que o jogo proporciona. As atividades exercidas pela garota duram cinco dias cada, então, a cada quinzena, nossa heroína nos mostrará o fruto de sua dedicação.

Chilia tem entre suas opções estudar, trabalhar, ajudar na reconstrução da cidade ou realizar outras atividades, como rezar, descansar, ir ao banho público, explorar a floresta ou viajar; ainda, com a progressão na história, a menina ganha a opção de bancar a pesquisadora, cujo resultado podemos colocar a leilão para gerar uma renda extra ou trocar por algum item que pode (ou não) nos ser útil.
Assim como em Long Live the Queen, cada escolha tem seus prós e contras, que afetam os atributos da garota e também seu humor. Inclusive, este também é um fator importantíssimo em Lair Land Story, já que pode prejudicar — e muito — o rendimento e a produtividade da protagonista.


Entre uma quinzena e outra, temos a liberdade de explorar a cidade. Dependendo dos locais visitados, diferentes eventos são ativados, entrando nas sutis escolhas de rotas; como não quero dar spoilers, só vou dizer que minhas decisões levaram Chilia a ser uma espécie de administradora para o príncipe de Lair Land.

O ponto a que quero chegar é: o jogo nos dá total autonomia para escolher o que e quando fazer, sem uma penalidade explícita por isso — diferentemente de Long Live the Queen, em que uma decisão errada leva a um game over. Na minha primeira campanha, por exemplo, quando me deparei com um aperto financeiro, fiz com que Chilia deixasse os estudos um pouco de lado para focar mais no trabalho, mas foi um esforço que valeu a pena.

O grande destaque nesse gerenciamento todo é que podemos comprar roupas para a menina e alterar seu penteado, atividades que também geram impacto no decorrer da história. Contudo, o ponto alto é a espécie de New Game+ que Lair Land Story oferece, uma vez que podemos iniciar uma nova campanha com bônus diversos, facilitando o crescimento de Chilia.

Muito bom e interessante, porém…

Lair Land Story tem vários pontos altos, a começar pela boa performance geral no Switch, em especial no modo portátil, que conta com total suporte à tela de toque. A arte também é bonita, colorida e cativante, capaz de transmitir todo o mundo de fantasia do jogo, mesmo que remeta aos traços das visual novels dos anos 90 e 2000.

Contudo, existem dois grandes problemas que chegam a irritar durante a jogatina: inconsistência no texto e falta de cuidado com o áudio. Como o jogo é parcialmente dublado em japonês, às vezes há uma discrepância no volume das falas (ou até mesmo na música de fundo), fazendo com que o som fique “abafado”.

Em relação ao texto, temos diversos problemas de digitação e tradução, além de algumas escolhas que não são condizentes com as perguntas feitas em determinados eventos. Por fim, mesmo que eu tenha comentado que a performance é relativamente boa no console, ainda há momentos em que a transição de imagens e textos é demorada, dando a impressão de lag.

Qual será o caminho escolhido? 

Lair Land Story é um competente simulador de crescimento que traz carisma, imersão e um alto fator de rejogabilidade, especialmente pela presença de um New Game+. A arte é deslumbrante e eu sempre considero um ponto positivo contar com dublagem, mesmo que parcial.

Por outro lado, existem falhas que prejudicam a jogatina, como irregularidades no áudio do jogo e problemas textuais. No geral, quem gosta de simuladores e visual novels conseguirá tirar proveito do jogo, especialmente pela compatibilidade com a tela de toque do Switch.

Prós

  • Alto fator de rejogabilidade, graças às diversas rotas existentes no jogo;
  • Presença de New Game+, facilitando as campanhas futuras;
  • Dublagem parcial (em japonês), que ajuda ainda mais na imersão;
  • Total liberdade para gerenciar o crescimento de Chilia;
  • Compatível com a tela de toque do Switch;
  • Arte bem-feita, com cores vibrantes e condizentes com o mundo de fantasia.

Contras

  • Diversas falhas textuais e auditivas que prejudicam durante a jogatina;
  • “Engasgos” em algumas transições de imagens e textos, passando a impressão de lag.
Lair Land Story — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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