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Análise: Kukoos: Lost Pets (Switch) é um delicioso plataforma 3D

Esta obra brasileira desperta o interesse com boa variedade de jogabilidade e belos visuais.


Um mundo 3D carismático e colorido com personagens fofinhos? Essa descrição poderia se tratar de um novo lançamento da Nintendo, mas não. Na verdade, Kukoos: Lost Pets é o mais recente título do estúdio indie brasileiro Petit Fabrik, e a comparação com um jogo do nível da Big N é um grande elogio para essa galera do Amazonas. Mas será que é para tanto?



Beleza que põe mesa

Poderia ser cena de uma animação
Kukoos: Lost Pets começa com uma cutscene que já evidencia toda a fofura presente no jogo, com uma visão geral do planeta e uma rápida apresentação dos protagonistas que podem ser selecionados inicialmente: K, o herói de estilo clássico; Kika, a garota descolada; Kallerina, a distraída; e Krumpy, o resmungão. Os personagens são simpaticíssimos e a movimentação é muito agradável, parecendo uma animação de cinema.

A experiência da Petit Fabrik no mercado audiovisual, com produção de filmes e músicas, por exemplo, deu aos realizadores o conhecimento para criar belos visuais também durante a jogatina, com cenários bem construídos. É um espetáculo para os olhos digno de produções de grandes estúdios.

As cutscenes ainda possuem um charme a mais: além de legendadas, são todas dubladas! O trabalho de dublagem é excelente e, claro, está disponível em português do Brasil. O único porém é uma certa dessincronização entre as falas e a legenda, o que ocorre em alguns momentos.

Que Kukoo é esse?

As fases possuem nomes com trocadilhos engraçadinhos
Os Kukoos do título são criaturas simpáticas e peludas que vivem em uma ilha perdida no oceano. A invenção de uma nova coleira eletrônica vai de promessa a dor de cabeça em segundos, pois faz com que seus animais de estimação fujam do controle.

Tudo não passa de um plano maligno de um vilão que deve ser detido pelos heróis. Para derrotá-lo e recuperar os pets perdidos, deve-se acessar as portas que levam a outros mundos.

Cada mundo possui uma temática, que vai sendo trabalhada nas fases em um mundo aberto de escala reduzida. Para além de temas comuns de jogos de plataforma, como a cidade ou um mundo de doces, o grande diferencial em Lost Pets é a variação na jogabilidade.

Novos mundos, novas mecânicas

Vovó até avisa, mas não ensina tudo
Em cada mundo, o protagonista recebe a ajuda de um pet que possibilita uma mecânica de jogo, ativada pelos botões Z e ZR. Essa variação na jogabilidade é muito bem-vinda, trazendo frescor a cada etapa avançada.

No início há um tutorial com a primeira habilidade, que envolve o voo com as asas do seu bichinho auxiliar. Daí pra frente, Kukoos: Lost Pets até relembra o jogador que o botão Z ativa as mecânicas novas, como criar plataformas ou equipar a armadura encouraçada. Porém, nem sempre a informação virá de mão beijada, encorajando o jogador a experimentar o controle para conseguir realizar uma ação específica.

Deste modo, cada mundo é como se fosse um novo jogo, em que o jogador precisa lidar com um novo modo de passar pelas fases. Se antes voar de uma plataforma para outra evitando os inimigos era uma opção, no momento seguinte é preciso calcular a hora certa de ativar o vagalume, pois a luz atrai os pets controlados pelas coleiras.

Grandes chefes em grandes batalhas

Essa carinha é tão bonita que o jogo até se demora nela
Como é tradicional em jogos de plataforma, a última fase de um mundo consiste na batalha contra um chefe. São pets grandes, que ocupam boa parte da tela, sendo necessário identificar o padrão de seus movimentos para atacá-los no momento certo.

As batalhas possuem duração mediana, chegando ao fim antes que se tornem cansativas. Assim como os protagonistas, o design dos chefes é bastante agradável e atrativo, esbanjando carisma.

Com batalhas interessantes, identifiquei apenas um ponto negativo ao longo da campanha: quando enfrentei a lula, sua movimentação por vezes ficou travada na risada maligna. Felizmente, após esperar um tempo, o chefe seguiu seu padrão de ação.

Detalhes consideráveis

Dança da vitória
A dificuldade de Kukoos é, em geral, baixa, sendo um título acessível a todos, o que não significa que não haja atrativos para jogadores mais dedicados.

Kirby and the Forgotten Land (Switch), entre outros títulos da bolota rosa da Nintendo, são prova de que um jogo não precisa ser difícil para ser divertido. É o mesmo caso de Lost Pets, que aposta em conquistar o jogador pelo encantamento dos seus ambientes.

Para incentivar a exploração dos cenários, cada fase esconde quatro Flores Miguchas, nem sempre fáceis de serem encontradas. Como indicativo de que estamos perto de encontrar uma dessas flores, um som característico pode ser ouvido.

Aliás, a música do jogo é sensacional. O clima e as intervenções vocais da trilha, assim como a dancinha no final enquanto se contabiliza os itens coletados na fase, me lembraram Rayman Legends (Multi).
Hora de assumir o posto de “comandante Hamilton”
Outro ponto de destaque são os momentos especiais e inesperados que cada mundo guarda dentro de uma fase. Há um trecho em que se enfrenta adversários dentro de um espaço que simula uma discoteca; em outra ocasião, o protagonista desce por uma pista em alta velocidade dentro de um veículo circular, sendo obrigado a desviar dos espinhos; e há também a possibilidade de pilotar um helicóptero! São trechos curtos, mas que provocam um sorriso no rosto quando ocorrem.

O último mundo, contudo, apresentou alguns problemas para a experiência. Em determinada fase, é necessário entrar em um caldeirão de queijo para grudar o personagem na massa de pizza giratória e assim subir em um prédio. Por mais que eu me banhasse na gororoba, o queijo não fixava no meu corpo e eu fiquei preso sem ter como progredir. A solução foi fechar o jogo e abrir de novo o save, o que funcionou.

Outro problema ocorreu em uma das fases finais, em que é preciso alternar entre seu personagem e o pet fantasmagórico para escapar das balas de canhão do vilão enquanto pula por plataformas giratórias com espinhos.

O complicado trecho tem seu desafio aumentado, pois a câmera de visão isométrica gira em determinados pontos, fazendo o jogador perder a referência tanto da direção para onde estava seguindo quanto das plataformas em movimento, ocasionando quedas para a morte certa.

Um bom achado


Os amazonenses da PetitFabrik fizeram um bom trabalho com Kukoos: Lost Pets, entregando visuais bonitos e agradáveis, personagens carismáticos e boas e variadas mecânicas de jogabilidade em um mundo 3D atrativo. Mesmo com os pequenos problemas, é uma bela adição ao portfólio do estúdio, valendo a pena prestigiar este trabalho brazuca.

Prós

  • Belos visuais, com cutscenes dignas de uma animação;
  • Variedade na jogabilidade, mantendo o interesse sempre renovado;
  • Dublagem de excelente qualidade, combinando com o carisma dos personagens;
  • Trilha sonora divertida e agradável.

Contras

  • Dessincronização ocasional entre dublagem e legenda;
  • Pequenos bugs, como o chefe travado ou o caldeirão de queijo que não gruda;
  • Câmera levando a mortes acidentais em uma fase específica.
Kukoos: Lost Pets — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Modus Games

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
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