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Análise: Samurai Maiden (Switch) perde a chance de brilhar no Switch devido a problemas de performance

Mais um jogo é prejudicado pela péssima otimização para o console híbrido.



É verdade que o Switch, para os padrões atuais, já é um console datado – e é ainda mais verdade que jogos que dependam de uma dedicação gráfica maior têm sérios problemas no console híbrido. Engasgos e quedas na taxa de quadros são frequentes e muitos títulos recentes, exclusivos ou não, acabam ofuscados por esses problemas de performance.


Em alguns casos, apesar de irritantes, esses problemas não são tão prejudiciais à jogatina, mas, dada a precisão nos movimentos exigida para avançar na campanha de Samurai Maiden, este título de ação hack 'n' slash totalmente 3D se torna um grande exercício de paciência no Switch.

Aquela vez em que fui enviada para o período Sengoku para salvar Nobunaga Oda do Rei Demônio

Apesar de não ser novidade, o gênero isekai tem ganhado bastante popularidade recentemente. Contudo, no caso de Tsumugi Tamaori, a protagonista de Samurai Maiden, não é um atropelamento que a leva a um mundo fantástico (não foi dessa vez, Truck-kun!), mas sim uma voz misteriosa que diz que a estudante colegial é a reencarnação da Sacerdotisa da Esperança.

Transportada do século 21 para o ano de 1582, em pleno período Sengoku, Tsumugi acaba descobrindo que forças do Submundo também têm sua parcela de culpa no incidente de Honnou-ji, episódio histórico do Japão que levou à morte de Nobunaga Oda. Mesmo sem entender nada do que está acontecendo de fato — como todo bom protagonista de isekai que se preze —, a estudante se junta às ninjas Iyo, Hagane e Komimi para colocar um fim na ressurreição do Rei Demônio e trazer a paz de volta a esse conturbado período.

Para ser forte, o primeiro passo é contar com seus amigos

Durante a campanha, temos o controle total de Tsumugi, que usa como arma primária uma katana. Por mais que não traga um sistema de combate parecido com o de Crystar, que nos permite alternar entre as integrantes do time — e, à primeira vista, pensei que Samurai Maiden fosse seguir esse modelo —, cada uma das ninjas que acompanham a colegial contam com suas habilidades dentro e fora do combate, auxiliando Tsumugi a avançar nas missões.

Iyo pode carregar e ativar ferramentas úteis, como bombas, minas e até mesmo urnas para recuperação de HP; Hagane, com seu braço mecânico, ajuda Tsumugi a atravessar vales e alcançar locais mais distantes; e Komimi consegue erguer e arremessar objetos. Durante as batalhas, as ninjas podem ainda fazer uso de suas habilidades únicas para causar dano elemental aos inimigos, podendo também deixá-los atordoados, paralisados ou queimados.

Contudo, para que elas possam agir, é necessário que suas Ninja Gauges estejam cheias. Esses medidores são individuais, sendo preenchidos conforme Tsumugi golpeia seus oponentes; em uma comparação bem simplória, é como se Iyo, Hagane e Komimi fossem equipamentos especiais capazes de melhorar temporariamente o desempenho da protagonista.


Algo que achei bem interessante nesse sistema é a interação entre Tsumugi e suas companheiras. Ao contar com seu auxílio na batalha, ganhamos pontos de afeição com Iyo, Hagane e Komimi, que depois podem ser usados para desbloquear diferentes técnicas e benefícios para a campanha em si.

Gostei bastante dessa mecânica, pois é interessante ver a interação entre as meninas por meio das mais variadas conversas. É verdade que esses diálogos seguem clichês da indústria (sobretudo a japonesa) e por vezes acabam pautados em fanservice um tanto quanto desnecessário, mas a mecânica, no geral, me lembrou do sistema de suporte de diversos jogos da franquia Fire Emblem. A meu ver, foi uma decisão criativa que nos permite conhecer melhor as personagens, mas sem que a história principal seja sacrificada em algum ponto para isso.

Muito conteúdo e potencial, porém pouco aproveitados no Switch

A campanha de Samurai Maiden é extensa e há muito conteúdo para ser explorado. Durante as missões, existem baús escondidos pelos mapas e encontrá-los nos garante artes conceituais, ferramentas que Iyo pode carregar (como as supracitadas bombas) e até mesmo a quantidade de uso destas.

A respeito do já mencionado sistema de afeição, alguns níveis liberam missões paralelas diversas, que nos ajudam a explorar e entender o potencial individual de cada uma das ninjas que acompanham Tsumugi. Esses mapas especiais não são demasiadamente complicados e compreendem de algumas seções de plataforma associadas a puzzles simples, mas que nos recompensam com melhorias úteis, notavelmente aumento na Ninja Gauge das meninas e novas armas para elas.

Por falar em armas, todos os equipamentos podem ser melhorados ao custo de Inga, uma espécie de moeda derrubada pelos inimigos. Apesar de isso acarretar um eventual grinding, refazer as missões não é tão cansativo quanto parece, ainda mais porque melhorar a arma de Tsumugi aumenta não apenas seu ataque, como também seu HP máximo.

Eu poderia ficar parágrafos e mais parágrafos discorrendo sobre o conteúdo do jogo, mas, além de eu não gostar de dar spoilers nos meus textos, Samurai Maiden conta ainda com um detalhado tutorial que pode ser acessado a qualquer momento. Sendo assim, darei prosseguimento a esta análise e entrarei no que acredito ser o campo minado deste hack 'n' slash: sua performance no Switch.


É deveras curioso, não necessariamente no melhor sentido da palavra, ver que Samurai Maiden roda muito melhor no Switch que o exclusivo Pokémon Scarlet/Violet, mesmo deixando a desejar em diversos aspectos. Ainda fazendo essa comparação quase injusta com a nova entrada dos monstrinhos de bolso, os gráficos do hack 'n' slash são bem bonitos tanto no modo TV quanto portátil, ainda mais quando estamos falando de um console tão datado como o Switch.

Porém, é justamente por manter esse padrão gráfico tão elevado que Samurai Maiden deixa a desejar no console híbrido. O pouco poder de processamento do hardware dá os sinais de sua idade com uma jogabilidade engasgada e que sofre com frequentes quedas na taxa de quadros, elementos que vão na contramão do que é esperado em um jogo de ação estilo hack 'n' slash.

A falta de fluidez na movimentação, sobretudo durante os combates, chega a ser motivo de irritação por causar atrasos nos comandos, implicando em não conseguir se esquivar de investidas inimigas no momento certo. Esses atrasos também acabam por deixar oponentes vivos por mais tempo do que deveriam, atrapalhando a progressão da campanha como um todo.

Por mais que Samurai Maiden seja visual e esteticamente bonito, o jogo é um dos melhores (ou piores?) exemplos de que bons gráficos e desempenho não são compatíveis com o hardware do Switch. Para piorar ainda mais a situação, esse ponto ainda não é a única falha do título.


Citada a péssima performance no Switch, o hack 'n' slash possui mais alguns problemas que com certeza devem se estender para as outras plataformas nas quais o jogo está disponível. Dando continuidade à apresentação audiovisual, a dublagem integral, para mim, é uma faca de dois gumes.

Se por um lado o elenco é bom, com várias dubladoras tendo atuado na franquia The iDOLM@STER e outros projetos de sucesso, alguns efeitos sonoros, como os gritos, são irritantes o suficiente quando ouvidos o tempo todo. O mais curioso nessa crítica é que, nos diálogos, as vozes das garotas não são desagradáveis; de todo modo, como mencionei, é uma opinião minha e que também se estende para outras mídias japonesas.

A música é outro ponto que merece minha crítica. Na maioria das missões, a trilha sonora é repetida de tal maneira que as melodias se tornam enjoativas. Até o momento de fechamento desta análise, a música que mais me agradou foi a tocada durante as batalhas contra chefes especiais.

Por fim, senti que dois elementos, embora opcionais, fazem falta em Samurai Maiden: um mapa indicando para onde devemos ir e uma barra de vida para todos os inimigos, não apenas os chefes. No primeiro caso, alguns cenários têm um visual bastante repetitivo e por muitas vezes me senti perdida durante as missões; já no segundo caso, os oponentes possuem resistências diferentes, então ter uma noção de sua durabilidade seria de grande ajuda — ainda mais levando em consideração o atraso nos comandos que o péssimo desempenho do jogo no Switch gera.

Um jogo completo e interessante ofuscado no Switch

Samurai Maiden, em termos de conteúdo e ação, é um competente hack 'n' slash, ainda mais por incluir diferentes opções de jogabilidade graças à interação de Tsumugi com Iyo, Hagane e Komimi. Além disso, o jogo tem uma história interessante, mesmo que se apoiando em clichês narrativos e fanservice.

No entanto, por mais que a apresentação visual seja impecável, ainda mais levando em consideração o hardware datado do Switch, o jogo sofre com sérios problemas de performance, fazendo com que o console híbrido não seja a melhor opção para Samurai Maiden.

Prós

  • Ótima apresentação gráfica;
  • Jogabilidade diferenciada, graças às diferentes habilidades individuais das ninjas;
  • Muito conteúdo para explorar, em especial o sistema de afeição;
  • Dublagem integral em japonês, com dubladores bem conceituados no mercado;
  • História interessante, mesmo que com clichês e fanservice.

Contras

  • Péssima performance no Switch, em especial devido aos gráficos;
  • Ausência de mapa e barra de vida dos inimigos atrapalha a progressão na campanha;
  • Músicas e efeitos sonoros repetitivos e enjoativos com o tempo;
  • Pouca variação em cenários e músicas.
Samurai Maiden — PS4/PS5/PC/Switch — Nota 6.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela D3 Publisher

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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