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Análise: Wavetale (Switch) surfa com estilo em uma empolgante jornada em mar aberto

Salve o arquipélago de Vilapraia e explore uma aventura de ação que traz ondas de ideias promissoras.

Narrando a luta de Sigrid para salvar sua região das sombras, Wavetale é um jogo de ação em mundo aberto bastante carismático. Entre as qualidades da aventura, temos uma direção de arte exuberante, uma história sentimental e uma gameplay dinâmica. É uma pena, porém, que essas características também venham acompanhadas de problemas conceituais de jogabilidade e de uma exibição com qualidade gráfica reduzida no Switch. 

As águas nada pacíficas de Vilapraia

Sigrid é uma jovem garota de cabelo azul que reside em um arquipélago chamado Vilapraia. No passado, essa região sofreu com a presença de nuvens de fumaça destrutivas que eram controladas pelo misterioso povo dos Pata Sujas. Felizmente, esses elementos foram contidos com a criação de um poderoso farol, que inclusive foi projetado pela avó de Sigrid e por outros antepassados. 

Com isso, Vilapraia se tornou um lugar pacífico, abrigando pescadores, navegadores, cidadãos comuns e muita vida marinha. Entretanto, a calmaria das águas do arquipélago se encerrou subitamente quando, em um dia comum, novas ondas de fumaça invadiram as ilhas, indicando o provável retorno dos Pata Sujas. Eis que Sigrid toma a dianteira e, com a ajuda de sua avó, que pilota um pequeno navio, começa a buscar soluções para impedir o pior.

De forma surpreendente, em uma breve cena cinematográfica, presenciamos o momento em que a protagonista ganha um reforço inusitado. Trata-se de uma sombra misteriosa que vive no fundo do mar e que inexplicavelmente começa a refletir os passos de Sigrid, concedendo a ela o poder de caminhar sob a água. Com efeito, essa habilidade dá novas dimensões de liberdade à gameplay, uma vez que os jogadores tornam-se capazes de surfar pelo arquipélago, destacando-se como o principal elemento da jornada. 



Pouco a pouco, conforme as ilhas são exploradas e surgem novos mistérios, a história ganha contornos sentimentais, revelando informações sobre os vilões da trama e sobre a família de Sigrid, que além da simpática avó, também conta com a sua mãe, que está desaparecida há anos. Nesse sentido, é notável que a narrativa emocionante está entre os pontos fortes da aventura, dispondo de envolvência nas relações interpessoais.

Aprendendo a surfar sem prancha

Em suas premissas, Wavetale se apresenta enquanto um título de ação e plataforma em mundo aberto. Através de uma gameplay tridimensional, os jogadores devem explorar o arquipélago para resgatar faíscas, consertar estruturas afetadas pelas nuvens de fumaça, derrotar criaturas hostis e ajudar os habitantes de diferentes ilhas em missões secundárias.



À vista disso, a jogabilidade é extremamente dinâmica,  principalmente por sua precisão, agilidade e pelo grande leque de movimentos exploratórios de Sigrid, que pode surfar, correr, se lançar para o alto, pular e planar lentamente. Para lidar com os inimigos, a protagonista também conta com uma pequena rede, que deve ser usada, no melhor estilo hack and slash, para golpear e espantar as fumaças.

Além de uma notável precisão, a gameplay dispõe de estruturas fáceis e prazerosas. Quando o assunto é jogabilidade, eu me diverti bastante em Wavetale, que me fez lembrar positivamente de outros dois jogos da Nintendo: Bowser's Fury (Switch), que também dispõe de uma exploração por ilhas em mundo aberto; e The Legend of Zelda: Wind Waker (GC), cuja grande distinção dentro dos lançamentos da franquia está em sua temática de navegação.

Por falar nisso, há outro ponto positivo  que possivelmente foi inspirado no título de Link para o GameCube: os exuberantes visuais no estilo cel shading. Com uma incrível direção de arte, a jornada de Sigrid exibe personagens singulares e paisagens fascinantes, permeadas por uma água de textura prazerosa que dá até vontade de mergulhar.

Ainda por cima, temos uma excelente trilha sonora de traços clássicos e uma atuação de voz bastante rica, que complementam as cutscenes e animações do jogo. Cabe dizer, porém, que infelizmente o visual de alguns desses momentos é afetado por falhas técnicas no Switch.

Um arquipélago em perigo

A despeito de sua bela estética, há de se reconhecer que Wavetale tem uma performance um pouco instável no console da Nintendo. Em locais mais movimentados, como nas ilhas com um maior número de habitantes e estruturas, se locomover e rotacionar a câmera são tarefas que podem causar uma certa estranheza diante de quedas na taxa de quadros por segundo. Do mesmo modo, os combates também apresentam uma frequente falta de fluidez considerável, tanto no modo docked quanto no modo portátil.



No geral, é possível notar que a aventura passou por algumas adaptações gráficas para rodar no Switch. Em comparação ao seu lançamento original, que ocorreu para a plataforma Stadia, em 2021, há texturas que tiveram sua qualidade reduzida, ao passo que diversos elementos estão mais embaciados no console da Nintendo.

Felizmente, esses problemas gráficos não chegam a afetar a jogabilidade, que permanece categórica durante toda a jornada. Minhas únicas considerações negativas em relação a esse setor, entretanto, passam por duas características específicas: a falta de profundidade das batalhas e o baixo grau de exigência nos desafios.


Primeiro, é notável que os embates pouco se desenvolvem ao longo da campanha, uma vez que, na maioria dos momentos, eles consistem apenas em mecânicas hack and slash repetitivas. Nesse sentido, seria interessante desfrutar de um sistema de progressão mais amplo que contasse com habilidades, upgrades e outros elementos para dar mais profundidade ao setor.

Enquanto isso, outra característica que pode desagradar é a facilidade da campanha. Tanto em termos de puzzles quanto de batalhas, temos poucos momentos que realmente desafiam os jogadores, o que consequentemente faz com que a jornada de Sigrid seja curta, sobretudo para aqueles que optarem por não fazer as sidequests, adquirir os colecionáveis e desbloquear todos os looks customizáveis da protagonista.


Por outro lado, também é preciso reconhecer que essa característica de calmaria cumpre um papel importante dentro da personalidade de Wavetale, que é o de fornecer uma experiência tranquila. Desse modo, no balanço das ondas do mar e de suas capacidades artísticas suavizantes, o lançamento se transforma em um indie de ação que rende momentos pacíficos no Switch.

Toda a glória do conto das ondas

Apesar de estar longe de ser um título sem falhas, sobretudo quando se trata de desempenho gráfico, desafios fáceis e baixa variedade de combates, Wavetale consegue cativar facilmente através de sua narrativa. Ao lado de uma charmosa direção de arte e uma jogabilidade ágil, essas características fazem com que a jornada de Sigrid seja capaz de oferecer uma rica e divertida experiência em mar aberto.

Prós

  • Narração de uma trama sentimental e aconchegante;
  • Oferece momentos de exploração empolgantes no estilo mundo aberto;
  • A jogabilidade é extremamente ágil e dinâmica;
  • Estilo artístico encantador, com belos visuais, trilhas clássicas e ótima dublagem;
  • Presença de sidequests, coletáveis e itens customizáveis para a protagonista.

Contras

  • No geral, o título é fácil e traz poucos desafios exigentes;
  • O setor dos combates poderia ser melhor desenvolvido para ter maior profundidade;
  • Eventuais problemas de desempenho e elementos gráficos com a qualidade reduzida no Switch.
Wavetale — Switch/PS5/XBX/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Thunderful

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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