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Análise: Valis: The Fantasm Soldier Collection II (Switch) traz o charme do Mega Drive ao console da Nintendo

A segunda coletânea acerta com os jogos, mas, infelizmente, as ferramentas de emulação continuam aquém do esperado.


Vira e mexe, eu brinco com meus colegas de redação aqui do Nintendo Blast que eu escrevo para o site errado. Embora eu conheça boa parte dos jogos da Nintendo, meu xodó até hoje é o Mega Drive, console que me acompanhou durante a infância.


Dentre os inúmeros jogos disponíveis para o console da Sega, tem uma franquia em especial que me conquistou: Valis, que, depois de décadas de esquecimento, voltou com tudo, graças ao esforço da Edia em reviver a série. E se a primeira coletânea já tinha me deixado feliz, qual não foi a minha surpresa ao saber que Valis: The Fantasm Soldier Collection II traria de volta a minha felicidade de infância?

O charme do Mega Drive no Switch

Desta vez, quero começar a análise falando dos títulos de Mega Drive, Valis e SYD of Valis; o primeiro é um port da versão de PC Engine para o console da Sega, enquanto o segundo, uma releitura de Valis II, mas mais caricato e fofinho. Como comentei na prévia da Collection II, à época, ter um PC Engine em casa era algo raro, ainda mais no Ocidente, e, desse modo, os consoles mais populares do lado de cá eram o Mega Drive e o Super Nintendo.

E o que isso tudo tem a ver com este texto, você deve estar se perguntando. Pois bem, o ponto alto da Collection II, se podemos chamá-la de uma "sequência" da primeira, é a inclusão dos Valis para Mega Drive — com exceção de Valis III, algo que, como fã da série, achei uma pena.


Para quem aproveitou as aventuras de Yuuko no PC Engine, o port do primeiro jogo para o Mega Drive não traz muitas novidades, a não ser uma reformulação nos estágios e nas cutscenes, já que a capacidade dos cartuchos da Sega era bem menor se comparada à dos CDs do PCE. No entanto, o console de 16-bits ganhou uma aventura exclusiva de Yuuko: SYD of Valis (ou Valis SD), que completou a lacuna deixada pela ausência de Valis II no Mega.

Neste jogo mais cartunizado — que, inclusive, lembra bastante Magical Taluluto, também para Mega Drive — temos personagens desenhados no estilo "chibi" (ou super deformed, daí a sigla SD) e uma história com apelo maior para o humor. O diferencial em sua jogabilidade é incluir diversas roupas e armaduras para Yuuko, sem mencionar os mais variados power-ups, que determinam a performance da protagonista no decorrer da aventura; inclusive, esse é um sistema "importado" do Valis II de MSX e PC-88/98.

O IV que deveria estar na primeira coletânea

Parando para pensar, faria muito mais sentido Valis IV estar acompanhando a trilogia de Yuuko do PC Engine e deixar o slot livre para o Valis III de Mega Drive. De todo modo, a sequência que traz Lena como sucessora da Guerreira Valis é mais do que bem-vinda e fecha com chave de ouro a série no PC Engine.

Mesmo que a história de Valis IV seja basicamente uma releitura dos acontecimentos dos três primeiros jogos, este título traz uma grande melhoria em termos de jogabilidade, não apenas por trazer três personagens, mas também por explorar diferentes habilidades, como o pulo duplo de Amu para atravessar obstáculos altos, essenciais para a progressão na campanha.

O primeirão só para dizer que existe

A inclusão do primeiro Valis, o início de tudo mesmo, originalmente lançado para MSX, é, infelizmente, o pior em termos de jogabilidade. Não posso descartar sua importância para a franquia, é verdade, mas, para os padrões atuais, o estilo de jogo é datado, sobretudo com as hitboxes absurdas e a elevada dificuldade para progredir na campanha.

Curiosamente, sua apresentação audiovisual, se levarmos em consideração a época em que foi produzido o jogo, é muito caprichada. Todos os elementos visuais são distinguíveis, os cenários, coloridos e as músicas, espetaculares — isso sem mencionar as cutscenes que narram a história. Este Valis merece o mérito de ter figurado na lista de jogos mais vendidos de 1987.

Emulação aquém do que se esperava

Assim como sua antecessora, a Collection II nada mais é que um grande emulador com os quatro jogos supracitados. Enquanto as ferramentas de mapeamento de botões e save/load state ajudam a deixar os jogos menos datados, a emulação ainda traz problemas com a ferramenta de rewind, que, mais uma vez, não volta frames suficientes para refazer uma ação mal executada durante a jogatina.

Outra crítica minha que persiste é o fato de que, mesmo mudando alguns botões, o padrão original dos jogos se mantém. Isso ficou muito claro enquanto eu jogava o Valis de MSX, no qual o direcional para cima fazia Yuuko pular (mesmo o comando para isso estando no botão A).


Para completar os pontos negativos deste emulador, as legendas em inglês continuam pouco caprichadas. Isso fica bem evidente na versão de Mega Drive de Valis, que mantém o texto original em japonês, mas com legendas em inglês logo abaixo — isso sem mencionar alguns tropeços na tradução para o inglês; por sorte, as legendas são opcionais e é possível desativá-las antes de começar os jogos.

Mesmo com seus pontos negativos, eu não posso deixar de parabenizar a Edia por incluir, mais uma vez, uma incrível biblioteca audiovisual dos jogos da Collection II, com os manuais originais e uma galeria para ver cutscenes e ouvir ss músicas. Disso não posso reclamar de jeito algum.

Os fãs de Valis pediram e receberam mais um presente

Mesmo sem melhorias técnicas na parte de emulação, em especial as ferramentas de rewind e as legendas em inglês pouco otimizadas, Valis: The Fantasm Soldier Collection II continua sendo um grande presente da Edia para os fãs desta incrível série. Ainda acho que Valis IV deveria ter sido incluído na primeira coletânea e me incomodou um pouco a ausência da versão de Mega Drive de Valis III, mas, de modo geral, como boa apreciadora de jogos retrô, posso dizer com todas as letras que a nostalgia é certeira.

Prós

  • Cutscenes de Valis IV totalmente animadas e dubladas em japonês;
  • As funções presentes no emulador remediam a jogabilidade datada;
  • Jogos com excelente apresentação audiovisual;
  • Possibilidade de remapear botões;
  • Galeria com manuais em inglês dos jogos;
  • Biblioteca audiovisual com acesso às cutscenes e músicas dos jogos;
  • Legendas em inglês opcionais;
  • SYD of Valis nunca foi disponibilizado em outras plataformas a não ser o Mega Drive;
  • Interface totalmente em inglês;
  • Uma ótima pedida para fãs de Valis e de jogos retrô no geral, em especial os saudosistas de Mega Drive.

Contras

  • Ainda há problemas com as legendas em inglês, que continuam pouco caprichadas e com alguns deslizes na tradução;
  • O remapeamento de botões não sobrepõe os padrões originais dos jogos, podendo causar confusões durante a jogatina;
  • Ausência da versão de Mega Drive de Valis III deixa a coletânea "incompleta";
  • A versão de MSX de Valis é praticamente injogável hoje em dia e serve mais como um agrado aos fãs.
Valis: The Fantasm Soldier Collection II — Switch — Nota 8.5
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Edia

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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