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Análise: Strayed Lights (Switch) encanta no visual, auditivo e emocional

Guie a chama de duas cores através de uma jornada para descobrir sua existência.

 


Jogos de ação normalmente possuem uma fórmula básica: armas, personagens com habilidades especiais, trilha sonora eletrizante e uma história que favorece o desempenho do protagonista. Agora, e quando o jogo não possui diálogos e o plano de fundo é o descobrimento da própria existência? Pois bem, esse é Strayed Lights.

Desenvolvido pela Embers, Strayed Lights conta a história de uma pequena chama em forma de brasa (que inclusive é como pode ser traduzido o termo Ember), buscando entender seu papel em uma realidade distorcida e lutar contra seus males interiores.

O poder da dualidade

Em Strayed Lights, o sistema de combate chama a atenção do jogador já nos momentos iniciais. A chama protagonista que desperta espontaneamente possui uma coloração típica de fogo, mas logo se torna azulada  quando confronta um de seus demônios interiores, uma vez que acaba absorvendo uma energia mais fria e sombria. A partir desse ponto, podemos trocar entre o laranja e o azul.

Certo, mas o que essas cores implicam em termos de ação? Bom, os inimigos também são divididos pelas mesmas cores e, para podermos vencê-los, temos que bloquear os ataques que são da mesma cor, a fim de carregarmos a barra de energia. Ao completá-la, podemos liberar a energia absorvida e causar muito dano.
 

No entanto, inimigos corrompidos por não conseguirem manter o equilíbrio adquiriram uma coloração roxa. Não é possível bloquear essa energia, ou seja, teremos que desviar dos golpes, do contrário, seremos atingidos e perderemos vida. Para recuperá-la, basta bloquear golpes da mesma cor em uma mecânica de suma importância para sairmos vitoriosos.

Esse cenário é novo para mim e confesso que as primeiras vezes foram muito difíceis. Encontrar o timing certo de cada inimigo, sem saber o que esperar, é completamente dinâmico. Se parasse aqui, estaríamos bem, o “problema” é que os adversários também podem trocar de cor, algo que pode acontecer no meio dos ataques.
 

Há casos em que mais de um inimigo aparece ao mesmo tempo, forçando o jogador a prestar muita atenção em qual cor terá que usar para se defender. O processo de troca em si não é complexo, a dificuldade está em efetuá-lo no tempo certo sem se deixar enganar por uma suposta sequência de cada inimigo.

Ao vencermos os inimigos, pequenos fragmentos podem ser absorvidos para desbloquear novas habilidades, como bloquear qualquer cor sem sofrer dano por um curto período de tempo. O uso dessas habilidades é crucial em certos combates, portanto, atenção na hora de liberá-las.

Alegria ou Tristeza?

Como já constatado, o mundo de Strayed Lights se assemelha ao de uma realidade alternativa, distorcida, quase que sci-fi. Correr por este mundo é ótimo, mas os elementos de plataforma foram pouco trabalhados. Pular parece estranho porque o personagem geralmente atinge o chão com o famoso “Thud” (onomatopéia emitida para representar o som do choque entre o personagem e uma parede) e a recuperação demora.

Ainda, há saltos mais longos que dão a impressão de um personagem pesado, moroso, algo claramente não intencional. Como o foco do jogo é o seu sistema de combate, as partes de plataforma são basicamente portas de entrada para novas batalhas e não aparecem com tanta frequência.
 

Independentemente do momento, o visual exuberante e trilha sonora me envolveram no universo de modo que passei algumas horas jogando e não me dei conta. A cada nova área aberta em Strayed Lights, fui me encantando com o design visual diante de mim, com sóis e as luas que queimam no alto e paisagens pintadas em belos tons de verde, azul, rosa neon e roxo.

Toda essa beleza, contudo, tem um custo: telas de carregamento demoradas e quedas na taxa de quadros por segundo no Nintendo Switch podem comprometer a magnífica experiência que é estar no mundo de Strayed Lights.
 

Em relação à duração, o jogo é relativamente rápido. Como não há diálogos, somos envolvidos pela história do ponto de vista do protagonista e, a cada vitória, temos o sentimento de crescimento e liberação, já que deixamos para trás o que não nos ajuda, como os medos e inseguranças, e ganhamos confiança para os próximos desafios.

Desviando da escuridão

Strayed Lights é curto, doce e, principalmente, se destaca na experiência que oferece aos jogadores. Seu sistema de combate singular de bloqueio/esquiva traz algo novo para a mesa, sendo que gostei de quase todas as instâncias dele, especialmente nas peças maiores de luta contra chefes espalhadas pela jornada.

A exploração do mapa não requer muito esforço, o que é bom, porque sua jogabilidade nesse aspecto não parece funcionar bem nos momentos de plataformas entre as áreas. Embora a demora no carregamento e falta de polimento em algumas partes do jogo possam comprometer, em partes, a experiência no Nintendo Switch, Strayed Lights vale a pena, de verdade.
 

Prós

  • História baseada em emoções e não diálogos;
  • Trilha sonora envolvente e marcante;
  • Gráficos e paleta de cores deslumbrantes;
  • Sistema de combate único e inovador.

Contras

  • Queda na taxa de quadros prejudica a experiência;
  • Telas de carregamento longas impactam no ritmo frenético do jogo;
  • Falta de polimento nas partes de plataforma.
    Strayed Lights — PC/Switch/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 9.0
    Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Embers


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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