No décimo jogo, The Legend of Heroes: Trails into Reverie, temos uma espécie de epílogo para a quadrilogia Cold Steel e todos os seus antecessores. Através da perspectiva de três grupos de grande importância no continente de Zemuria, precisamos lidar com um novo conflito que ameaça botar a perder todo o esforço dos protagonistas nos jogos anteriores.
Três grupos capazes de mudar o mundo
A história de The Legend of Heroes: Trails into Reverie gira em torno de três grupos de personagens. De um lado, temos Lloyd Bannings, o líder da SSS, uma força-tarefa da Polícia de Crossbell que está supervisionando o anúncio de independência da cidade-estado que sempre esteve em uma situação política complicada devido à sua proximidade com Erebonia e Calvard.De outro lado, temos Rean Schwarzer e os membros da nova Classe VII, que acabam recebendo uma missão secreta devido ao desaparecimento de uma figura importante. Por fim, também acompanhamos a perspectiva do mascarado C, um homem misterioso que está usando o codinome do antigo líder da Frente de Liberação Imperial por motivos desconhecidos e viajando com três outros personagens novos para a série.
Para quem já acompanhou a série até aqui, porém, trata-se de um dos pontos altos da narrativa geral. Como uma espécie de despedida para os arcos de Crossbell e Erebonia, Reverie traz uma interessante perspectiva sobre confrontar o passado, transformar a si próprio no presente e consolidar os esforços coletivos em um futuro melhor. O tópico já esteve presente na duologia Crossbell como parte das reviravoltas finais da trama, mas neste jogo ganha a proporção de uma conclusão simbólica para a série até aqui e um pontapé para o que está por vir (o arco de Calvard, já iniciado no Japão).
A mais nova evolução dos combates de turno
A série Trails é composta por RPGs baseados em turnos nos quais o posicionamento de aliados e inimigos no campo de batalha importa. A cada título, novas mecânicas foram sendo adicionadas para aumentar a capacidade estratégica do jogador durante o combate.Cada personagem possui um turno individual e a ordem pode ser vista no canto esquerdo da tela. Para determinar quem será o próximo a agir, fatores como a velocidade de cada pessoa e a ação escolhida no turno anterior influenciam, sendo possível optar por apenas se movimentar pelo campo para que o seu próximo turno chegue mais rapidamente do que um inimigo que usou um ataque, por exemplo.
Já os crafts são poderes totalmente individuais aprendidos quando os personagens chegam a níveis específicos de força. A maioria deles funciona como ataques físicos com efeitos especiais, mas há também aqueles com propriedades curativas, por exemplo. Os crafts também possuem uma categoria especial chamada S-Craft, que são os golpes especiais mais poderosos e consomem toda a energia CP (craft points) acumulada ao atacar e receber dano em batalha.
Por fim, as ordens (Brave Orders) são habilidades de buff (melhoria de atributos e vantagens passivas) que podem ser ativadas somente no turno de um aliado. Os efeitos variam de acordo com o personagem da equipe que for selecionado, mas essa técnica não consome o turno, apenas a pontuação chamada BP (Brave Points). Porém, só uma ordem pode estar ativa por vez, o que impede o jogador de sobrecarregar os benefícios dessa mecânica.
Além desses fatores, há também uma mecânica de Break que deixa os inimigos vulneráveis ao serem atingidos o suficiente para quebrar uma barra especial. Todas essas mecânicas já estavam presentes em Trails of Cold Steel III e IV, mas, em Reverie, também foi adicionada a United Front, um sistema similar ao Burst, mas tendo como diferencial a inclusão dos aliados da reserva. Porém, em vez de consumir BP, essa técnica gasta a energia Charge, que é utilizada para atingir inimigos fora da batalha com prioridade de turnos.
Outro elemento importante de se mencionar é que Reverie inclui uma área especial chamada True Reverie Corridor, que pode ser acessada durante boa parte do jogo. Lá, é possível explorar uma dungeon procedural (que só passa pelo processo de aleatorização do layout quando o jogador quiser), obter vários tesouros e liberar minigames e histórias opcionais (similares às Memory Doors de Trails in the Sky the 3rd). Curiosamente, o jogo representa o processo como um gacha, mas basta avançar na dungeon para pegar as pedras necessárias para obter todos os personagens e histórias adicionais.
O que esperar no Switch?
Honestamente, a maior crítica que tenho ao jogo é referente especificamente à versão de Switch. Durante meu tempo com o jogo, vivenciei uma performance que oscilava muito. Em algumas horas até mesmo na mesma área, uma leve mudança de câmera era a diferença entre uma performance quebrada com um fps muito baixo e um jogo que rodava de forma bem ágil.Como isso também afeta algumas cutscenes, foi impossível passar pelo jogo sem notar quedas brutais de quadros por segundo. O carregamento em algumas horas também era demorado, sendo realizado, às vezes, em vários momentos de uma mesma cutscene ou simplesmente na interação com uma porta específica na reta final da história. Apesar disso, vale destacar que o modo turbo ajuda a agilizar consideravelmente o jogo, embora não resolva o problema, e é bem útil para os momentos de exploração mais lentos do jogo.
Por fim, gostaria ainda de destacar que, como usual da Falcom, The Legend of Heroes: Trails into Reverie tem uma excelente trilha sonora. Em especial, os trechos de rock para o combate são muito envolventes e ajudam a dar adrenalina à experiência.
Olhando para o futuro pelo prisma do passado
Com o sistema de turnos mais completo da série até agora e uma importante catarse simbólica em sua trama, The Legend of Heroes: Trails into Reverie encerra com chave de ouro os arcos de Crossbell e Erebonia. Devido a problemas de performance, a versão de Switch talvez não seja a melhor opção para vivenciar essa saga, mas a obra em si é uma fácil recomendação para os fãs do gênero que já aproveitaram os títulos anteriores.Prós
- Uma boa conclusão para os desafios que os personagens enfrentaram até aqui;
- Batalhas baseadas em turno dinâmicas e com vários elementos estratégicos interessantes;
- Trilha sonora de alta qualidade;
- O modo turbo ajuda a agilizar a exploração consideravelmente.
Contras
- A performance no Switch oscila bastante, com momentos de queda drástica de fps e carregamento demorado;
- Contraindicado para quem não jogou todos os nove títulos anteriores devido à perda de valor de alguns elementos da trama.
The Legend of Heroes: Trails into Reverie — Switch/PC/PS4/PS5 — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America